Um esquema sofisticado de produção de notas falsas foi desmantelado pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (18). O endereço onde cerca de R$ 426 mil foram localizados e onde as cédulas eram fabricadas está localizado na região central do município de São João Nepomuceno. No mesmo local também funcionava uma rádio pirata. A descoberta foi feita durante cumprimento de mandado de busca e apreensão expedido pela 2ª Vara Federal de Juiz de Fora. Um homem, 30 anos, acabou preso. Conforme informações da polícia, ele vai passar por exame de corpo delito e, em seguida, será encaminhado ao Ceresp de Juiz de Fora. O suspeito negou ser dono do material. Apesar disso, parte do material que envolveria a fabricação das cédulas foi apreendida na casa dele.
Foram dois trabalhos policiais distintos: um para combater a exploração clandestina de telecomunicação e outro para verificar a fabricação de moeda falsa. A PF chegou ao endereço, no Bairro Três Marias, após a Anatel autuar a rádio, que funcionava havia três anos. A investigação sobre a irregularidade teria começado há aproximadamente um ano. Há cerca de 90 dias, as apurações envolvendo as cédulas falsas teriam sido iniciadas de forma paralela após denúncia, sem que a polícia soubesse que os crimes ocorriam no mesmo imóvel. Nesta terça, as investigações culminaram na prisão do suspeito. Além de proprietário da rádio, ele é apontado como o responsável pelo esquema criminoso de fabricação das notas.
“Nós consideramos que no local funcionava uma fábrica pois eles percorriam todas as etapas de fabricação da moeda. Eles não se limitavam a fazer uma das fases, era desde o estágio inicial de impressão da marca d’água até o selo holográfico. Todas as etapas eram feitas no mesmo lugar. Inclusive, no mesmo endereço eram feitas as remessas das notas para compradores de várias partes do país”, afirmou a delegada Fabiana Martins Machado, acrescentando que havia endereços envolvidos no estado do Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, dentre outros.
A PF vai instaurar inquérito para apurar se o homem preso atuava sozinho ou se tinha auxílio de outras pessoas no esquema criminoso. A investigação também deve esclarecer quem financiaria essa atividade e quais pessoas já teriam adquirido as quantias já enviadas, entre outros desdobramentos. No total, foram apreendidos o equivalente a R$ 426 mil em notas de R$ 100, R$ 50 e R$ 20, além de impressoras e tubos de tinta.
Cruzamento de dados
Em Juiz de Fora, a Polícia Federal investiga a possível atuação de uma quadrilha que estaria aplicando golpes em várias cidades do país, fazendo o repasse de cédulas falsificadas, como a Tribuna mostrou em outubro deste ano. Com a ação desta terça-feira, a PF irá fazer cruzamento de dados para saber se as autuações relativas a notas falsificadas já realizadas são referentes à fabricação descoberta em e São João Nepomuceno e se o preso seria o responsável pelo fornecimento das cédulas.
Fabricação de alta qualidade
Conforme a PF, as notas eram fabricações de alta qualidade, o que exige expertise no processo, dificultando a diferenciação com relação às moedas verdadeiras. Nos envelopes, o suspeito utilizava uma fita prateada a fim de dificultar a identificação do material pelos scanners dos Correios, no momento que eram despachadas. “Nós ainda estamos apurando há quanto tempo o esquema estava em funcionamento, se há outros comparsas e também pessoas que adquiriram as notas”, pontuou a delegada, ressaltando que aqueles que adquirirem dinheiro falso também podem responder a crime de moeda falsa, com pena prevista de três a 12 anos de reclusão, ainda que a indivíduo não faça uso da quantia. “Muita gente alega que compra por curiosidade, mas no entendimento da Justiça essa prática também é crime. Nós iremos apurar, pois nos envelopes estavam os nomes e endereços dos destinatários”, disse.
No momento da chegada da polícia, nesta terça, mais notas estavam sendo impressas. O que chamou a atenção dos agentes federais foi a preocupação de se fabricar as cédulas com todos os itens de segurança das notas verdadeiras. “Era um dinheiro que estava sendo despejado no mercado. Encontramos dezenas de comprovantes de material que já havia sido enviado, o que significa que mais dinheiro desta natureza estava incorporado ao mercado. É importante coibir essa prática, pois muitas pessoas são enganadas e causa prejuízo a toda sociedade”, destacou a delegada.