No dia 25 de abril, trilheiros saíram do Horto Florestal, na capital de São Paulo, rumo ao Parque Estadual de Ibitipoca, em Lima Duarte, para realizar a primeira caminhada de longo curso da Trilha Transmantiqueira. Com 950 quilômetros de extensão, o trajeto passa por 38 municípios, conectando os estados de São Paulo e Minas Gerais. A expectativa é de que os voluntários cheguem na Serra do Ibitipoca no dia 9 de julho, concluindo 75 dias de trilha.
A etapa inicial do projeto tem como objetivo mapear o traçado e avaliar suas condições atuais. Isso inclui identificar trechos com estradas e definir estratégias para retirá-las da trilha; localizar áreas de propriedade privada e estabelecer contato com os proprietários; e desenvolver uma logística de apoio ao percurso, com a identificação de pontos para acampamento ou hospedagem, locais de abastecimento, alimentação e manutenção, além de possíveis pontos de envio de suprimentos — o que permite ao trilheiro carregar uma mochila mais leve. Também será avaliada a necessidade de sinalização e medidas de segurança, além da criação de uma rede de voluntários e parcerias com esferas municipais, estaduais e federais
“Estamos fazendo a caminhada e no final vamos produzir um relatório sobre o traçado e a logística, que ainda não existe, com os lugares que estamos parando, acampando, em toda a serra. Nós ficamos em alojamento de romeiro, em camping selvagem – que é longe da cidade, pousada, albergue, pensão, onde você pode abastecer a mochila, etc”, comenta Luiz Aragão, voluntário que atua como coordenador da empreitada.
A princípio, a expedição tem o objetivo de fazer um mapeamento logístico que dará suporte a trilha, a sinalização será realizada posteriormente. Quem tiver interesse em participar de algum trecho do percurso, pode entrar no grupo do Whatsapp e solicitar o setor em que deseja atuar. As áreas de interesse do voluntariado variam entre: traçado, logística do caminhante, sinalização, etc.
Trilha Transmantiqueira
A Trilha Transmantiqueira (TMTQ) é uma Trilha de Longo Curso, que faz parte da Rede Trilhas, que atravessa a Serra da Mantiqueira no sentido oeste-leste, com um percurso que ultrapassa 1.100 quilômetros de extensão, cruzando mais de 40 municípios dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, passando inclusive por Ibitipoca, e promovendo a integração de mais de trinta unidades de conservação ao longo do seu percurso.
O projeto é dividido em 19 setores. O Setor 18, Serras do Ibitipoca, é o maior setor da Transmantiqueira, percorrendo aproximadamente 154 quilômetros, divididos em seis trechos, atravessando as cidades de Bom Jardim de Minas, Santa Rita de Jacutinga, Rio Preto, Olaria, Lima Duarte e Santa Rita de Ibitipoca. O setor perpassa importantes unidades de conservação, sendo elas a APA Boqueirão da Mira, o Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira e o Parque Estadual do Ibitipoca.
Um dos pilares do projeto é a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. As trilhas proporcionam para a população oportunidades para atividades de lazer ao ar livre, como caminhadas, ciclismo e observação da natureza, atraindo turistas interessados em experiências autênticas e em contato direto com a natureza.
Veja fotos
Trilha de longo curso
Exigindo dias de caminhada devido à sua extensão, as trilhas de longo curso vão além do desafio físico. Elas impulsionam o turismo de natureza, protegem rotas de valor natural, cultural e histórico e são cruciais para a conservação da biodiversidade, ao permitirem a formação de corredores ecológicos entre unidades de conservação. Atualmente, a Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso cataloga cerca de 40 dessas rotas em todo o Brasil.
Aragão espera que as trilhas de longo curso sejam vistas no país de forma profissional e possam funcionar de maneira semelhante ao que existe nos Estados Unidos, com as trilhas da Tríplice Coroa, que incluem a Appalachian (3.520 quilômetros), a Pacific Crest (4.260 quilômetros) e a Continental Divide National Scenic (5.150 quilômetros).