A maior operação de combate ao desmatamento da Mata Atlântica, chamada operação Mata Atlântica em Pé, ganha nova edição nesta segunda-feira (16). As ações são válidas em todos os 17 estados do país e passam pela coordenação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), que fazem uso de tecnologia de ponta para identificação dos casos. Apenas em Minas, em 2023, foram aplicados mais de R$9 milhões em autuações por crimes ambientais. As vistorias serão feitas até 27 de setembro, quando está previsto para contabilizar as áreas desmatadas e as infrações identificadas.
As equipes de fiscalização responsáveis visitam as áreas que podem ter degradação ou verificam de forma remota a situação. As localizações são mapeadas através da utilização do MapBiomas, que obtém imagens de satélite para constatar o desmatamento em certos locais. A tecnologia funciona desde 2019 em alta resolução, e permite que, quando detectados os crimes, os responsáveis sejam autuados e precisem responder judicialmente. Além disso, os indivíduos podem estar sujeitos às sanções administrativas relacionadas aos registros das propriedades rurais
Essa é uma ação que é capaz de coibir e punir o desmatamento desse bioma, como destaca o promotor de justiça e coordenador do Meio Ambiente do MPMG Carlos Eduardo Ferreira Pinto. “Anualmente, a operação ganha novos reforços e alcançamos uma maior proteção desse ecossistema tão importante”, afirma. Apenas em 2023, foram identificados 17.931 hectares de supressão ilegal de vegetação nativa do bioma Mata Atlântica – em 2022 foram 11,9 mil. Também foram alvo da ação 1.399 polígonos, gerando cerca de R$ 82 milhões em sanções.
Essa é a sétima edição da Operação Mata Atlântica em Pé, que conta com ação conjunta entre os Ministérios Públicos dos estados e demais órgãos ambientais envolvidos. Em Minas Gerais, a operação é realizada em conjunto com a unidade regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Polícia Militar Ambiental e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). O infográfico com o passo a passo da operação pode ser conferido no site do MPMG.
Desmatamento é uma das causas de mudanças climáticas
O desmatamento é apontado pelos especialistas como uma das principais causas de mudanças climáticas. A recuperação dessas áreas florestais é muito importante para manutenção do bioma e para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.Os estados do Piauí, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul concentram 90% do desmatamento, e lideram índices.
De acordo com dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que teve última atualização em maio deste ano, houve uma perda de 14.697 hectares (que equivale a cerca de 14 mil campos de futebol) de florestas nativas no período entre 2022 e 2023. O número representa uma redução de 27% em relação ao período anterior e confirma uma tendência de queda na taxa de desmatamento no bioma nos últimos anos. Apesar da redução em relação ao período de 2021 e 2022, que atingiu os 20.075 hectares, o desflorestamento ainda é grave. Em locais que são cercados por outros biomas, como o Cerrado e Caatinga, o problema é ainda maior.