A comunidade de Conceição de Ibitipoca, distrito de Lima Duarte, tem debatido sobre a retomada das atividades turísticas no local. Desde a publicação do Decreto 67 pela prefeitura do município, em 28 de abril, estabelecimentos como pousadas, hotéis e outros serviços relacionados ao turismo estão proibidos de funcionar, como medida de enfrentamento à pandemia do coronavírus. Pouco mais de dois meses depois, ao passo que um grupo de empresários defende a elaboração de protocolos para retomada gradual das atividades, demais moradores de Ibitipoca se mobilizam para criar capacitações entre população, além de defenderem que o retorno ocorra quando houver queda na curva de contaminação pelo vírus.
A fim de definir parâmetros para flexibilização do turismo em Ibitipoca, um grupo de mais de 20 empresários locais se reuniu para apresentar propostas para a Prefeitura de Lima Duarte, de maneira a se preparem para quando houver a reabertura dos espaços turísticos no distrito. De acordo com Guilherme Ribeiro, proprietário da Pousada do Fred e um dos integrantes do grupo, na última semana, um representante dos empresários esteve com a Administração municipal para se inteirar da situação do Executivo e compreender suas dificuldades.
“A nossa ideia é sugerir à Prefeitura um protocolo que possamos adotar e se familiarizar para, quando existir a abertura, já estarmos prontos. Em um primeiro momento, nossa ideia não é fazer a reabertura, mas se preparar para ela”, explica. “Assim que estivermos preparados e mais cientes da situação, vamos conseguir uma reabertura, mas que ela seja segura e gradual, respeitando a comunidade mas também a necessidade do empresariado local, porque temos sofrido bastante com todo esse recesso.”
Ainda conforme Guilherme, o grupo tem estudado o plano Minas Consciente – cujo a Prefeitura de Lima Duarte não aderiu -, bem como outros protocolos adotados por cidades que dependem do turismo, além de estar buscando dialogar com a comunidade para trabalhar na criação da proposta de retomada. A partir de comissões, o objetivo é criar diretrizes para cada setor específico, como por exemplo, de restaurantes e pousadas. “Existem algumas pessoas que estão realmente com muito medo ainda, e que não querem pensar em uma volta. Mas, ao mesmo tempo, estamos vendo que essa posição é insustentável”, diz. “Já estamos há muito tempo parados, as reservas de capitais de todo mundo estão se cessando, e temos acompanhado alguns resultados internacionais de medidas seguras de convivência. Tem jeito de criarmos algumas oportunidades”, argumenta.
A Tribuna entrou em contato com a Prefeitura de Lima Duarte, mas não obteve retorno.
Capacitações para população
Paralelamente ao grupo de empresários, cerca de 30 moradoras de Ibitipoca se reuniram para criar o movimento “Mulheres Pró Ibiti“, com o objetivo de elaborar um plano de reabertura segura do turismo após a pandemia do coronavírus. De acordo com uma das idealizadoras, Andrea Creston, o objetivo é elaborar capacitações para a população de Ibitipoca para que a mesma esteja apta a trabalhar nos segmentos de turismo e comércio, atuando sob a premissa de que a retomada gradual vai ocorrer quando houver queda da curva de contaminação pelo coronavírus. “A população tem que estar preparada, capacitada e treinada para que haja esse modo de atender e receber o turista, seja no atendimento das pousadas, do restaurante, do comércio”, explica.
A preocupação com uma possível retomada imediata das atividades ocorre, em especial, por conta da “fragilidade” do sistema de saúde local, conforme Andrea. “Quando a reabertura for feita, que seja feita da forma mais consciente, mais efetiva, e que não coloque em risco a vida de toda uma população que não tem um atendimento de saúde qualificado”. Desta forma, o grupo investe também em uma campanha para o uso de máscaras e da devida higienização.
Ainda conforme a representante do grupo, o distrito já começa a registrar a presença de turistas, mesmo que Parque Estadual do Ibitipoca esteja fechado desde março. Muitos deles, inclusive, não estariam tomando os cuidados necessários de proteção individual, o que reforça a necessidade de conscientização não só entre a comunidade, bem como entre os próprios visitantes. “Como as pousadas vão abrir? Como vai ser esse atendimento – presencial ou on-line?”, questiona. “Ele não pode ser como era antes. Então vamos apresentar vídeos e cartilhas explicando como tem que ser feita a limpeza e a higienização dos quartos e que tipo de proteção as pessoas têm que usar”, exemplifica. O projeto também deve ser levado para aprovação da Prefeitura de Lima Duarte.
Decreto criou regras para o comércio
O Decreto Municipal 67, da Prefeitura de Lima Duarte, estabeleceu, em 28 de abril, medidas temporárias de prevenção e enfrentamento ao coronavírus. A publicação destacou diretrizes para atividades consideradas essenciais, como farmácias, supermercados, laboratórios, clínicas, transporte coletivo e por táxi, entre outras. Por outro lado, o documento proibiu o funcionamento de determinados estabelecimentos, como hotéis, pousadas, casas de veraneio e aluguel para temporadas, bem como empresas de turismo.
O comércio em geral conta com regras para evitar aglomerações, como controle de fluxo de pessoas, obrigatoriedade de máscaras e disponibilização de produtos para assepsias. Os restaurantes, bares e lanchonetes podem funcionar somente por delivery ou retirada no local, ficando impedida a entrada nos estabelecimentos. Já os restaurantes às margens da rodovia BR-267 podem permitir entrada de clientes, mas devem limitar o tempo de permanência dos mesmos por 40 minutos, além de cumprir com outras diretrizes, como proibição do self-service, com prevalência do serviço de prato feito e delivery.