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Fábrica realiza demissões em massa em Leopoldina

foto ilustrativa de empregos: carteira de trabalho ctps

Mais de 6,5 mil empresas foram abertas em Juiz de Fora no ano de 2022; em contrapartida, 3.103 negócios foram fechados no período

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A APA Confecções, uma das mais tradicionais fábricas do ramo de vestuário, realizou demissões em massa na última quinta-feira (9), em Leopoldina, na Zona da Mata. De acordo com os trabalhadores, o total de desligamentos chegaria a 380. À Tribuna, a empresa não informou o número exato e declarou apenas que, após os cortes, mantém 260 postos de trabalho. A decisão foi justificada por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

De acordo com as entidades sindicais, a situação afeta, indiretamente, cerca de 1.200 pessoas. “A empresa é uma das principais empregadoras do município, não entendemos porque ela não adotou as medidas do Governo e optou por demitir. Faltou clareza nas informações”, disse um trabalhador que preferiu não se identificar.

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Segundo ele, os funcionários foram convocados para uma reunião no dia 9 de abril, quando foram divididos em dois grupos. “Um deles foi demitido, e o outro segue trabalhando. Não recebemos explicações sobre os critérios adotados pela empresa, apenas informaram que, por conta da crise, precisariam cortar 60% dos colaboradores. As demissões atingiram desde funcionários contratados mais recentemente até pessoas com muito tempo de casa.”

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Desamparo

A situação trouxe insegurança para muitas famílias. “O sentimento que temos é de desamparo. Espero receber as verbas rescisórias em dia, mas estamos preocupados”, afirma um dos ex-funcionários.

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O presidente do Sindicato dos Oficiais Alfaiates e Costureiras de Leopoldina e Região, Washington Luís da Silva, afirmou que estava em constante diálogo com a empresa para tentar evitar as demissões. “Sugerimos a adoção de medidas criadas pelo Governo, mas a informação que recebemos é que, como o faturamento de empresa foi maior do que R$ 4,8 milhões em 2019, ela precisaria arcar com 30% dos salários para realizar a suspensão de contratos, o que não seria possível.” Ele diz que há preocupação, inclusive, com quem continua trabalhando. “Estamos preocupados se a empresa terá condições de arcar com os salários.”

Empresa alega dificuldades financeiras

Na segunda-feira (13), a empresa emitiu um comunicado explicando os motivos que levaram às demissões. “Sem essa iniciativa não seria possível cumprir com as obrigações mínimas para funcionar, uma vez que todo varejo no país está fechado (lojas de vestuário), em razão da pandemia.” A APA Confecções está há 50 anos no mercado e é referência na confecção de ternos.

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O texto diz, ainda, que “a brutal inadimplência dos nossos clientes, além do cancelamento de inúmeros pedidos e da imprevisão do cenário econômico quanto ao retorno das atividades de comércio nos fizeram tomar essa decisão”.

A empresa afirma que as medidas de flexibilização das relações de trabalho e incentivo à manutenção dos empregos criadas pelo Governo federal não seriam suficientes para garantir os postos de trabalho. “Após analisar durante semanas todas as alternativas possíveis, concluímos que seria irresponsável manter todo o quadro de empregados e, no curto prazo, deixar de pagar o salário dos trabalhadores por inexistência de recursos financeiros.”

Por fim, a APA Confecções diz que acredita “numa mudança de cenário econômico para retomar a normalidade em breve e, se possível for, reabrir postos de trabalho para recontratar aqueles que tenham sido demitidos e desejem retornar”.

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Entidades sindicais propõem alternativas ao negócio

Um grupo de trabalhadores demitidos buscou auxílio de parlamentares e entidades sindicais, como o Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) Regional, para tentar outra solução junto a empresa. O Ministério Público do Trabalho também foi informado sobre as demissões em massa.

O assessor do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora, Chico Oliveira, acredita que é possível buscar alternativas que não sejam o corte de funcionários. “O momento é muito difícil, mas exige esforços de todas as partes. A empresa poderia buscar se enquadrar em uma das medidas propostas pelo Governo, ou ainda, mudar o produto comercializado. Em vez da fabricação de ternos, produzir equipamentos de segurança, como aventais e máscaras.”

Ele afirma que as entidades e os parlamentares querem dialogar com a empresa para buscar formas de preservar os empregos. “Nós precisamos encontrar caminhos para evitar a crise. São muitas famílias que dependem desses empregos.”

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