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Prefeitura de S. João Nepomuceno investiga óbito por Covid-19

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A Prefeitura de São João Nepomuceno, município distante cerca de 65 quilômetros de Juiz de Fora, está investigando o óbito por Covid-19 de uma moradora do distrito de Roça Grande, de 62 anos, ocorrido na última quarta-feira (6). A paciente teria sido internada no dia 13 de abril no Hospital São João, e foi transferida na mesma data para o Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), em Juiz de Fora, para realizar uma cirurgia. Entretanto, conforme informações da administração municipal de São João Nepomuceno, ela não teria apresentado sintomas de coronavírus antes de ser deslocada. No entanto, em boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) no sábado (9) consta que a vítima morreu em decorrência da Covid-19. Por conta disso, a Prefeitura quer ter acesso a documentações do hospital e da Superintendência Regional de Saúde para apurar o caso.

Um dia após o óbito, o prefeito de São João Nepomuceno, Ernandes José da Silva (PSB), se posicionou nas redes sociais e página oficiais da administração municipal afirmando que as informações iniciais davam conta de que a paciente não apresentava sintomas da doença ao ser transferida para Juiz de Fora. Na ocasião, o chefe do Executivo explicou que a Prefeitura entraria em contato com a administração do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus para verificar a veracidade das informações.

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Prefeito de São João Nepomuceno, Ernandes José da Silva (PSB), publicou vídeo falando sobre o caso

O secretário de Saúde de São João Nepomuceno, Plínio Furtado, também cobra esclarecimentos sobre a morte da paciente. “Nós queremos uma posição, estamos pedindo que isso ocorra para nós ou então para os familiares, que têm todo o direito de ter acesso ao prontuário dela. Eles estão dispostos a isso, porque estão sofrendo as consequências no distrito onde moram.” Ainda conforme relato do secretário à Tribuna, os familiares da paciente estão em isolamento e seriam testados, como parte das medidas adotadas pela administração de São João Nepomuceno. “Tomamos as devidas providências no local onde ela esteve, e, até o momento, não teve ninguém que tivesse algum sintoma, nem os próprios familiares.”

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A Prefeitura também demandou providências à Superintendência Regional de Saúde (SRS). No boletim epidemiológico de São João Nepomuceno publicado na segunda (11), a Secretaria Municipal de Saúde informou que aguardava as documentações sobre o óbito. “O Estado também tem que dar uma explicação sobre o porquê isso ocorreu, o que está acontecendo lá dentro do hospital, até como um alerta. Não posso afirmar, nós não tivemos acesso a nenhuma documentação ou a nenhum exame, mas ela saiu daqui sem sintomas nenhum, foi só para fazer uma cirurgia”, disse Furtado. De acordo com o secretário, a informação de que a paciente não apresentava sintomas foi repassada pelos familiares e por médicos de São João Nepomuceno que atenderam-na antes de ser transferida para Juiz de Fora.

Em nota encaminhada à Tribuna, a SRS de Juiz de Fora informou, nesta segunda, que a “ficha de notificação de Síndrome Respiratória Aguda Grave, a declaração de óbito e o laudo do exame (PCR) foram encaminhados para a Secretaria de Saúde do município de São João Nepomuceno”. O texto pontuou que tanto o município de ocorrência como de residência deverão investigar o óbito em conjunto, com o apoio da SRS.

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Hospital diz que idosa apresentou quadro de insuficiência respiratória

Também em nota encaminhada à Tribuna, o HMTJ pontuou que “toda afirmação de paciente infectado por coronavírus em instituição hospitalar é especulativa até confirmação ao contrário”. De acordo com o que diz o texto, a paciente, originária de São João Nepomuceno, foi testada porque teve um quadro de insuficiência respiratória que gerou dúvida. Segundo o hospital, esse procedimento tem sido adotado com outros pacientes já internados no HMTJ, em razão da insuficiência respiratória ser um dos sintomas da Covid-19. “Uma vez notificada a coleta à Vigilância Epidemiológica, o atestado de óbito deve considerar a Covid-19 como causa da morte. A recomendação do Ministério da Saúde é testar os quadros agravados e sintomáticos, o HMTJ tomou a postura correta”.

Conforme o hospital, ainda que a paciente tivesse vindo de outra instituição com teste anterior negativo, não há como afirmar que ela foi admitida na unidade sem a doença, “tendo em vista a sensibilidade do teste e a forma de coleta se foi adequada”.
A nota diz ainda que “no período em que esta (ou outro) paciente fica internado sem sintomas, não há inicialmente a recomendação de isolamento. As enfermarias do HMTJ, como na maioria dos hospitais, são coletivas, e mantidas dentro de padrões preestabelecidos, porém, tendo em vista o poder de disseminação da doença, qualquer contato com outro paciente assintomático e mesmo quando com seu próprio acompanhante assintomático também, que tenha, inadvertidamente, se contaminado, existe chance de doença. Por mais que se faça recomendações, as pessoas negligenciam os cuidados, sendo muito difícil este controle”.

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O hospital informou que recebe pacientes de pronto atendimento apenas em urgências obstétricas, além de pacientes regulados pelo Samu, em casos de trauma, ou regulados pelo SUS, para diversos procedimentos, originários de outras instituições. “Não há situação em que se garanta que pacientes, assintomáticos, não sejam admitidos com o vírus. Não há testagem em larga escala em qualquer cidade da base da macrorregião sudeste, à qual o hospital atende. O HMTJ garante que todas as medidas de precaução estão sendo tomadas, sejam quanto a seus próprios funcionários, quanto ao pacientes sintomáticos”.

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