O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) vai investigar o rompimento de uma tubulação de mineroduto em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata, a cerca de 260 quilômetros de Juiz de Fora. Nesta segunda-feira (12), a polpa, mistura de minério de ferro e água, atingiu o leito do Ribeirão Santo Antônio, e a captação de água no manancial que abastece o município foi suspensa.
Segundo texto publicado no site do MPMG, uma equipe do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim) se deslocou ao local para apurar as causas e a extensão dos danos, além de avaliar as medidas emergenciais cabíveis. O MPMG informou ainda que, após a devida apuração dos fatos, adotará todas as providências necessárias para a reparação total dos danos ocasionados ao meio ambiente e à população e para a responsabilização dos causadores do incidente.
Na noite desta segunda, ocorreu uma reunião entre a Prefeitura, Câmara Municipal, representantes da empresa responsável pelo mineroduto – a Anglo American -, da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) Ipiranga e de órgãos ambientais, com o objetivo de discutir a extensão e a causa do acidente, uma vez que o Ribeirão Santo Antônio deságua no Rio Casca, que é afluente do Rio Ipiranga e Rio Doce.
Em entrevista à Tribuna na manhã desta terça-feira, o presidente do CBH Ipiranga, Carlos Eduardo Silva, disse que a reunião serviu para avaliar possíveis soluções para o acidente. No encontro, ele sugeriu a construção de uma adutora em um córrego próximo à estação de tratamento, o que poderia possibilitar uma captação alternativa de água. “Seria uma medida compensatória para o município. Se isso acontecer novamente, o município tem uma opção para fazer a captação de água”, disse. Segundo o presidente, o projeto teria sido bem recebido por integrantes da empresa, que teriam se comprometido realizar uma análise para a construção da adutora.
Com a suspensão do fornecimento de água, o município de Santo Antônio do Grama tem sido abastecido por meio de caminhão pipa da Anglo American e da Copasa. Em pronunciamento divulgado nas redes sociais da empresa, o presidente da Anglo American Brasil, Ruben Fernandes, pediu desculpas pelo incidente. “Assim que soubemos do incidente, mobilizamos todos os recursos necessários para controlar a situação, caminhões-pipa, maquinários, uma equipe exclusiva. Nos dedicamos também a prestar os esclarecimentos para a população e autoridades responsáveis”, afirma. O executivo disse ainda que “a empresa não mediará esforços para remediar e controlar a situação.”
Procurada na manhã desta terça, a assessoria da mineradora informou que irá se manifestar por meio de nota a ser publicada durante o dia. Em posicionamento publicado às 20h25 de segunda, a empresa afirmou que irá drenar cerca de 1.600 toneladas de polpa que ainda estão na tubulação. Para não atingir nenhum curso d’água local na retirada desse material, a empresa se comprometeu a construir uma bacia de contenção.
Ações nesta terça
Técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) sobrevoaram a região, na manhã desta terça-feira, para avaliar os danos causados pelo rompimento do mineroduto. A ação, segundo a Semad, tem o intuito de coletar informações sobre o acidente e suas consequências, incluindo a extensão dos danos. A pasta informou que acompanha a situação ambiental do local desde segunda-feira e que irá divulgar o resultado desta ação ainda nesta terça.
No mesmo dia, em Belo Horizonte, acontece uma reunião do Conselho Estadual de Recursos Hídricos para discutir assuntos relacionados ao acidente na Zona da Mata. Segundo o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) Ipiranga, Carlos Eduardo Silva, o encontro já havia sido marcado antes do vazamento para discutir outras demandas. No entanto, diante do problema, foi pedida a inclusão da temática nas discussões.