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Mães reclamam de fechamento de escola em distrito de Lima Duarte

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A Escola Municipal José Dôndice, localizada em São José do Lopes, distrito que fica a cerca de 16 quilômetros de Lima Duarte, teve as atividades paralisadas pela Administração do município. De acordo com moradoras do local e mães de alunos que frequentavam a unidade de ensino, a decisão, tomada pela Prefeitura de Lima Duarte, foi comunicada de forma súbita e sem discussão com a comunidade.

Conforme Rosângela Ribeiro, moradora do distrito, a escola está fechada desde o dia 14 de fevereiro. Ela conta que, na data, representantes da Secretaria de Educação da Lima Duarte chegaram no fim da tarde no local e convocaram algumas mães para uma reunião marcada para às 18h, no grupo escolar, com o prefeito de Lima Duarte, Geraldo Gomes de Souza (PMN). “Como foi tudo de última hora, poucas mães puderam comparecer. Algumas não estavam em casa, estavam trabalhando, com isso não foram nem convocadas. Na reunião, o prefeito fez o comunicado às poucas mães presentes. Ele alegou que, por falta de verba, a escola deveria ser fechada e que os alunos seriam transferidos para outra escola em Lima Duarte”, relatou.

Mirene da Silva Reis, cujo filho de 8 anos era aluno da instituição, foi uma das mães que conseguiu participar da reunião. Ela afirma que sete responsáveis estavam presentes durante o comunicado da Prefeitura. “Nos deram um documento para assinar, mas não explicaram direito do que se tratava, ficamos muito confusas e acabamos assinando, concordando com o fechamento. Mas depois, caímos na real, na hora, não deu tempo de pensar, me senti meio pressionada.” Mirene alega que, embora o filho esteja se adaptando à nova rotina de aulas em Lima Duarte, a sua revolta é em relação à forma como tudo foi desempenhado, sem diálogo com a maioria das mães e da comunidade.

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Moradores do Distrito de São José do Lopes fizeram abaixo-assinado contra o fechamento da unidade escolar e apresentaram suas reivindicações à Câmara Municipal de Lima Duarte

“A escola (Municipal José Dôndice) é ótima, não queríamos que nossos filhos saíssem de lá. Eu não fiquei sabendo da reunião, só fui avisada depois que a decisão já tinha sido tomada. É um descaso com a gente”, afirmou Ruty Aparecida da Silva, uma das mães que não esteve presente na reunião e é contra a suspensão de aulas da unidade de ensino. Além de crianças do distrito, a escola atendia alunos dos povoados de Laranjeiras e Andorinhas.

Profissional da escola há 16 anos, a coordenadora e professora Arlete Maria de Fátima Oliveira corrobora com as queixas das mães e afirma que, além dela, nenhuma professora foi chamada para a reunião. O Conselho Municipal também não foi comunicado. “Frequentavam a escola 33 alunos, e apenas sete mães estiveram na reunião. E, mesmo as que participaram, se arrependeram de assinar a ata”, disse. Segundo ela, a justificativa dada pela Prefeitura foi a ausência de caixa para manter uma unidade de ensino com baixa demanda de alunos. Entretanto, ela questiona o quanto a Administração irá economizar com a interdição. “A merenda escolar e o material didático eram fornecidos pela Prefeitura, mas todos os professores da escola eram efetivos, apenas um funcionário era contratado. Então, qual a economia que (a interdição) está gerando para o município? Será que é significativa?”.

A educadora, que já foi transferida para uma escola em Lima Duarte, afirma que, mesmo que não retorne para a unidade, é a favor da reabertura da instituição. “A escola faz diferença para os 33 alunos que estudam lá e são da Zona Rural. É muito complicado para algumas crianças terem que acordar 5h30 para estarem na aula às 7h, em Lima Duarte, sendo que a José Dôndice, local, sempre teve qualidade de ensino, formando alunos de primeira classe e que são elogiados por professores de outras escolas.”

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Pais reclamam de falta de segurança em transporte

Como alternativa, a Prefeitura transferiu os alunos para a Escolas Municipal Bias Fortes, em Lima Duarte, e disponibilizou ônibus para o traslado das crianças. De acordo com os pais, foi garantido pelo Executivo que os veículos teriam cadeirinhas infantis para garantir a segurança dos filhos, além da presença constante de um monitor, durante as viagens.

Contudo, eles dizem que o aparato de segurança não foi devidamente instalado, e a presença do monitor, além do motorista, só foi constante na primeira semana após a transferência dos alunos. Com isso, muitos pais estão inseguros em deixar seus filhos pequenos fazerem, sozinhos, o percurso até a cidade. Eles afirmam que a situação tem feito com que a frequência escolar dos alunos seja afetada e, com isso, a questão pedagógica, comprometida.

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Os moradores do distrito assinaram um abaixo-assinado contra o fechamento da unidade escolar e apresentaram suas reivindicações à Câmara Municipal de Lima Duarte. Uma audiência pública para discutir as pautas foi marcada para o dia 8 de abril. A assessoria da Prefeitura do município afirmou que as aulas estão suspensas temporariamente, mas que o processo está em andamento e aguarda a audiência para se posicionar sobre as questões.

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