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Número de mortes nas estradas da região tem queda em 2023

BR 040 Leonardo Costa
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BR-040 é uma das rodovias que cortam Juiz de Fora que registraram diminuição no número de mortes (Foto: Leonardo Costa)
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O número de mortes nas estradas federais da região no último ano teve um decréscimo próximo a 12% em relação a 2022, enquanto o número total de acidentes quase se manteve o mesmo, com uma elevação de 1,77%, conforme balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgado nessa segunda-feira (8). Na perspectiva do órgão, isso simboliza que os acidentes que ocorreram na BR-040 e BR-267 em 2023 foram menos graves, resultando em 61 mortes; em 2022, foram 69. Já nas estradas fiscalizadas pela Polícia Militar Rodoviária na Zona da Mata, a queda foi ainda mais acentuada, uma redução de 25% nos óbitos.

A queda de 3% na gravidade dos casos reforça o cenário atenuante dos acidentes severos nas estradas federais da região, ainda que, em contrapartida, as taxas de pessoas feridas tenha crescido 6% no mesmo período. Os trechos entre o km 591 ao 831, da BR-040, e do km 60 ao 212, da BR- 267, são os considerados pelo levantamento da PRF, que identificou também as principais condições que levaram aos óbitos nessas vias.

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O tráfego acima da velocidade permitida lidera as causas dos acidentes fatais nas duas principais rodovias federais que cortam Juiz de Fora. Cenário similar ao encontrado no próprio município, de acordo com reportagem da Tribuna publicada em maio de 2023. No texto, especialistas discorrem sobre como os índices de acidentes estão ligados à velocidade e ao comportamento do motorista no trânsito dentro da cidade.

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Estrada x rua

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O responsável pela comunicação social da PRF em Juiz de Fora, Junie Penna, destacou, no entanto, que diferente do trânsito urbano, as rodovias possuem seus próprios riscos e peculiaridades. “As velocidades são mais altas, e o tempo de reação precisa ser mais acurado”, ele destacou, ao observar que o município funciona como uma cidade-polo que movimenta a economia da região e acaba, por consequência, tendo um volume significativo de pessoas se deslocando pelas estradas.

Entre os motivos dos acidentes fatais nas estradas também estão elencados casos em que os pedestres caminhavam pela pista – para além de uma responsabilização apenas dos motoristas. Em seguida, aparece como causa a reação tardia ou ineficiente do condutor, assim como ausência de reação. Outras dinâmicas de trânsito que resultaram em óbitos foram o tráfego na contramão, acesso a via sem observar a presença de outros veículos, manobra de mudança de faixa, pedestre cruzando a pista fora da faixa e avarias e/ou desgaste excessivo de pneu.

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São citados ainda ocorrências em que o motorista dormiu ao volante, realizou conversão proibida, entrada inopinada do pedestre, ingestão de álcool ou de substâncias psicoativas pelo pedestre, acúmulo de areia ou detritos sobre o pavimento, animais na pista, chuva, curva acentuada, demais falhas mecânicas ou elétricas, pista escorregadia, restrição de visibilidade em curvas horizontais e retorno proibido. Vale observar, porém, que um acidente fatal pode ter registrado mais de uma infração de maneira concomitante.

Articulação entre polícia e comunidade

Apesar dos óbitos registrados ao longo das rodovias, a diminuição dessa taxa representa, para a PRF, uma articulação multifatorial que reflete na segurança da população. “A gente precisa analisar a segurança sobre diversos aspectos além da própria estrada. Eles vão desde fatores da segurança subjetiva, como as pessoas estarem se sentindo seguras enquanto viajam, como também a segurança objetiva.” Nesse último caso, Junie Penna menciona que ela seria caracterizada por ações em conformidade com as leis de trânsito.

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No que toca a ação da polícia, o agente conta que cabe a eles diariamente fazer uma coleta e análise de dados, para que a partir dessas informações sejam elaboradas novas ações pelo órgão. Nesse sentido, o trabalho não segue um fluxo linear na identificação de crimes ou infrações de trânsito, uma vez que ela é composta por diferentes frentes.

A fiscalização durante abordagem nas estradas, denúncias que chegam até a delegacia da PRF ou operações programadas pelo serviço de inteligência de órgãos de segurança pública são meios usados durante a atuação nas estradas. “É muito importante a gente lembrar a comunidade que conte com a PRF, para que a gente possa, diante das informações repassadas, fazer com que essas informações deixem de ser somente informações e passem a ser um dado, um conhecimento específico que vai gerar, por efeito, mais segurança.”

Topografia

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A segurança, na visão de Junie Penna, também depende do conhecimento das demandas ao longo das rodovias compartilhadas por quem convive nela, conforme acrescenta o agente da PRF. “A gente precisa contar com a sociedade local, com as pessoas que transitam pelas rodovias, que têm algum vínculo ou trafegam. Enfim, todas as pessoas que se sintam afetadas de alguma forma pelas rodovias federais”, esclarece o policial, ressaltando ainda a importância de se estar atento a questões geográficas e climatológicas. “A gente está aqui na Zona da Mata, Campo das Vertentes, são regiões com um relevo muito acidentado, com muitos incidentes topográficos. Serra, descidas, subidas, enfim, curvas em função disso”, alerta o agente federal.

Queda das mortes nas estradas estaduais

A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) também identificou uma queda nos índices de acidentes com vítimas fatais nas estradas de administração estadual durante o ano de 2023. O balanço divulgado pelo órgão considerou todas as vias estaduais da Zona da Mata e alguns trechos de rodovias federais delegadas aos militares. Ao todo, são 52 rodovias que, entre 2022 e 2023, apresentaram uma redução de um quarto do número de pessoas que morreram devido a sinistros nas estradas. Enquanto no último ano foram 63, em 2022 houve 84 registros de óbitos, uma queda de 25%.

Diferente da realidade federal, entretanto, a PMRv observou que o número total de acidentes com vítimas também apresentou uma queda significativa, de aproximadamente 13%. Para o comandante da 4ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária, capitão Vinícius Araújo, essa redução se dá devido ao aumento da ostensividade de fiscalizações nas rodovias.
“Elas são baseadas em análise estatística de acidentes e mapeamento de locais de risco, aliado às ações educativas e de fiscalização em feriados prolongados, quando o trânsito rodoviário tende a aumentar”, constata o policial. Ele atribui a essa iniciativa o resultado contemplado no levantamento.

Embriaguez

“A intensificação dessas ações e operações, devidamente estudadas e planejadas, reflete o expressivo aumento da produtividade em relação ao ano de 2022, com 29% a mais de prisões por embriaguez ao volante”, informa Araújo. O balançou reiterou o panorama de diminuição das ocorrências graves pela região, mas evidenciou também um aumento de 76% dos casos de embriaguez administrativa em 2023, comparado com as taxas de 2022.

Em números, isso significa que durante todo o ano de 2022 haviam sido registrados 643 casos de embriaguez, contra os mais de 1.100 encontrados somente em 2023. As prisões pelo mesmo motivo cresceram, mas de forma mais tímida, passando de 286 casos para 371 pessoas detidas por esse motivo.

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