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Polícia Civil investiga comentário preconceituoso contra crianças com deficiência

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Um comentário ofensivo no Instagram gerou revolta em pais e responsáveis de crianças com deficiência em Santos Dumont, município distante cerca de 49 km de Juiz de Fora. A postagem na rede social anunciava um espetáculo de circo inclusivo que aconteceria na sexta-feira, 29 de maio, voltado para crianças com deficiência e idosos do Lar São Miguel, que fica na cidade. Na publicação, uma mulher perguntou se iriam “misturar” as crianças de uma escola estadual com “esse público”.

Nos comentários seguintes, diversas pessoas criticaram o que chamaram de “preconceito explícito” por parte da mulher. A indignação motivou a abertura de um boletim de ocorrência na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) de Santos Dumont. Conforme registrado pela PM, duas mães de filhos com autismo prestaram queixa contra o comportamento da mulher. A suspeita teria apagado o comentário e tentado se retratar, “mas a justificativa não condizia com a fala maldosa e preconceituosa que havia sido feita”, consta no documento policial. A Polícia Civil afirmou que instaurou procedimento para apurar o ocorrido e, nos próximos dias, vai ouvir os envolvidos no caso. A investigação tramita na Delegacia de Polícia Civil do município.

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Suspeita teria escrito o comentário em uma publicação que anunciava um espetáculo de circo inclusivo em Santo Dumont; um grupo de 290 pais registrou boletim de ocorrência (Foto: Arquivo pessoal)

Uma das mulheres responsáveis por abrir o boletim de ocorrência é Alyne Mendes, mãe de um menino com autismo de 6 anos. Ela também é fundadora de um grupo de apoio à causa em Santos Dumont, o Gafaut. Em contato com a reportagem, ela afirma que o documento foi feito de forma coletiva por mais de 290 pais e responsáveis de crianças com autismo e deficiências visíveis e invisíveis que se sentiram ofendidos pelo comentário.

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O espetáculo, que aconteceu em parceria com a Prefeitura de Santos Dumont, foi adaptado para crianças com deficiência, pessoas usuárias de cadeiras de rodas, idosos, e também convidou alunos de escolas públicas da cidade. “A apresentação teria iluminação mais baixa, som mais baixo, para atender as crianças que precisam disso para aproveitar o circo”, conta. Alyne afirma que o comentário feito pela mulher revoltou ainda mais os pais das crianças por se tratar de uma professora.

“Ela é professora regente de uma escola municipal de Juiz de Fora. Todo mundo está indignado aqui, muitas mães se sentiram mal pela ofensa ter atingido seus filhos. A preocupação dela era de misturar os alunos da escola da filha com as crianças com deficiência.” A Tribuna entrou em contato com a Secretaria de Educação de Juiz de Fora que não confirmou se a mulher, de fato, integra a rede de ensino público da cidade.

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Já a Prefeitura de Santos Dumont, em nota, afirmou que a autora da mensagem não possui vínculo profissional com a rede municipal de educação da cidade. “A Prefeitura de Santos Dumont não compactua com nenhum tipo de preconceito ou discriminação, seja ele de qualquer natureza. Nos solidarizamos com mães, pais, responsáveis e amigos de crianças que se sentiram atingidos pelo episódio e sua repercussão e reafirmamos nosso empenho em promover ações inclusivas que corroborem para a construção de uma sociedade sandumonense unificada, sem distinções e livre de qualquer tipo de preconceito.”

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