O início da rodovia estadual AMG-3085, que liga a BR-040 à MG-353, tem registrado problemas há anos, como a falta de sinalização adequada e o consequente aumento dos riscos de acidentes. Desde fevereiro de 2020 – quando a rodovia já tinha dois anos de existência –, a Tribuna vai ao local anualmente (com exceção de 2023), e segue constatando um desnível no local.
Sem asfaltamento adequado, a poeira é levantada em meio às faixas já confusas – o desnível cria uma espécie de canteiro entre elas, com montes de terra, pedra, e um pedaço mais fundo, onde o mato já começa a crescer.
Além disso, quem vem da 353 para a 040 se depara com sinalizações de curva à esquerda colocadas acompanhando o trajeto à esquerda do desnível, dividindo um curto espaço com os veículos que vêm em sentido contrário. Já o espaço à direita não possui sinalização e se encontra repleto de lixo. Dessa forma, não se sabe qual caminho é o correto.
Comportamento dos motoristas
O resultado flagrado pela Tribuna, que compareceu ao local, é uma cena de pura confusão e de riscos de acidente. Enquanto três veículos seguem à direita, uma caminhonete tenta a ultrapassagem e vai para a divisão à esquerda, forçando a redução brusca de outra caminhonete que vem no sentido oposto. Na mesma sequência, o motorista que reduziu precisa dividir sua faixa com mais um que seguiu o exemplo do anterior.
Em poucos minutos, a situação de dois motoristas, no mesmo sentido, seguindo por caminhos diferentes, aconteceu outras vezes.
Além de perigos como esse, grandes carretas passam pelo local, já que a estrada é via de ligação da 040 com boa parte das cidades da Zona da Mata, e dá acesso ao Aeroporto Presidente Itamar Franco, em Goianá – localizado a 46 quilômetros de Juiz de Fora.
Como esses veículos precisam passar em baixíssima velocidade, o motorista que conduzia um caminhão bitrem utilizava calmamente o celular, enquanto passava pela reportagem. Outro, de uma indústria frigorífica mineira, gritou: “Isso aqui tá uma vergonha, né?”.
Problema antigo na AMG-3085
Em fevereiro de 2020, uma matéria da Tribuna lembrou que a rodovia havia sido inaugurada em 2018 e destacou que “apesar de recapeado, o desnível, localizado logo no primeiro quilômetro da estrada, continua evidente e pode indicar um comprometimento maior do trecho”.
Já em 2021, o jornal verificou que as situações já observadas, como previsto, se agravaram. “É o caso da depressão no primeiro quilômetro da rodovia, logo após o trevo da BR-040. No ano passado, o desnível já era visível, mas se transformou em um problema ainda maior. Atualmente, a rodovia, que deveria estar dividida em duas vias, tem um desvio na faixa onde está localizado o problema, que só é sinalizado assim que o motorista entra na curva. Com a passagem desnivelada e crateras na mesma parte da estrada, o trecho está afunilado, e os condutores vão passando por caminhos diferentes para atravessar a área, o que aumenta ainda mais o risco de colisões”.
No ano seguinte, motoristas tinham dificuldade com os buracos e com “o trânsito confuso causado pelo desvio improvisado que permite o tráfego de veículos mesmo com a grave depressão na pista”. “Assim como observado em publicação da Tribuna há um ano, o trecho no primeiro quilômetro da rodovia segue dividido em duas vias, mas com sinalização precária que dá ares de improviso para a medida”, seguia a repetição.
Por fim, em 2024, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) informou à reportagem que estava “concluindo o projeto de engenharia para posterior definição da execução das obras de recuperação da pista da AMG-3085, entre o Km-0 e o Km-1”. Não havia sido indicada, entretanto, uma previsão para realização das ações de melhoria.
Desta vez, a Tribuna voltou a questionar em que etapa estão as obras de reparo, e qual a previsão para que o trecho esteja em perfeitas condições. O órgão afirmou que “o projeto de engenharia para a recuperação do ponto foi concluído neste ano e a previsão do DER-MG é de que o edital de licitação da obra seja publicado ainda neste semestre”. “O tráfego no local flui por meio de uma passagem lateral à rodovia que recebe, constantemente, manutenção do Departamento”, conclui.