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Prefeitos da região se reúnem para discutir pandemia

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Prefeitos que integram a Associação dos Municípios Microrregião Vale Paraibuna se reuniram na manhã desta terça-feira (9), na sede da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) para discutir a situação da pandemia na região, após Juiz de Fora ter indicado um crescimento dos indicadores que avaliam a curva de contágio do novo coronavírus na cidade, o que resultou na adoção da faixa roxa do programa Juiz de Fora pela Vida, com regras mais restritivas para o funcionamento de atividades diversas no município. Realizado de forma emergencial, o encontro foi proposto pela prefeita de Juiz de Fora e pelo presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale Paraibuna (Ampar/Cimpar), José Maria Novato (PPS), também prefeito de Ewbank da Câmara, com o objetivo de articular ações conjuntas de combate ao agravamento da pandemia da Covid-19.

Durante a reunião, foram firmados entendimentos entre as autoridades regionais para a construção de um documento com reivindicações, dentre as quais o apoio para a ampliação do número de leitos de UTI e da campanha de vacinação na região. As demandas serão encaminhadas para o Governo de Minas Gerais e para o Governo federal. “Precisamos nos unir, articulando recursos políticos para a Zona da Mata”, afirmou a prefeita Margarida Salomão.

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Segundo a PJF, além de Margarida, o encontro contou com a participação de 27 autoridades municipais, entre prefeitas, prefeitos e secretários, que compõem a Ampar. “Nenhum prefeito aqui presente gostaria de estar vivendo essa situação, e por isso ressalto: precisamos agir de forma articulada”, afirmou a chefe do Executivo juiz-forano.

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O pedido de unidade regional também foi defendido pela secretária de Saúde da PJF, Ana Pimentel. “Este momento é o mais diferenciado e delicado que já vivemos e a doença não é mais tão previsível. O aumento do número de casos é acompanhado de uma maior permanência dos adoecidos em leitos”.

Prefeitos da região se reúnem com Margarida para discutir pandemia (Foto: Assessoria CMJF)

‘Dependemos de Juiz de Fora’

Presidente da Ampar e prefeito de Ewbank da Câmara, José Maria Novato afirmou que houve entendimento de todos sobre o reforço das ações de conscientização da população, inclusive, sobre as dificuldades vividas pelo sistema de saúde de Juiz de Fora. “Isso foi o mais falado e mais conversado entre os prefeitos. Vamos manter essa orientação junto à população. Há uma preocupação de não deixar que o número de casos cresça em nossas cidades, pois dependemos de Juiz de Fora.”

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Novato, contudo, destacou que cada município tem sua peculiaridade. “Os comércios são muito pequenos. Alguns estão tomando medidas de fechamento, outros mantendo as atividades abertas. Na minha cidade, por exemplo, estou mantendo o comércio aberto com restrições, com fechamento a partir das 19h. É um comércio muito pequeno e que circula poucas pessoas diariamente. Se eu fechar o comércio, trago a preocupação de que parte da população possa buscar lazer, cachoeiras e, até mesmo vir para Juiz de Fora.”

Segundo o prefeito de Ewbank da Câmara, o município está no programa Minas Consciente, que, até aqui, classifica a Macrorregião de Saúde Sudeste na faixa amarela dos protocolos estaduais. “Há um mês, tínhamos um número de casos preocupantes, mas com medidas de segurança e a conscientização das pessoas, temos hoje cinco casos monitorados e nenhum confirmado”, detalhou.

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Comitê especial em Pequeri

Após o encontro, o prefeito de Pequeri, Glauco Braga Fávero (DEM), afirmou que irá montar um comitê especial para discutir a situação da pandemia em seu município. “Na nossa cidade, a situação está tranquila. Só temos um caso que está finalizando o acompanhamento para sair do boletim. As pessoas vêm respeitando as regras. Por mim, nossa cidade não pararia neste momento”, diz, apontando as possíveis consequências econômicas de um fechamento. Contudo, Glauco afirmou compreender a preocupação da prefeita de Juiz de Fora e os possíveis efeitos em toda a região de um colapso no sistema de saúde.

“Entendo o lado da Margarida. É preciso dar um suporte para evitar a ocupação de leitos de Juiz de Fora. É um trabalho conjunto. Vamos trabalhar para manter a população informada sobre todos os protocolos, parte higiênica, uso de máscara e evitar aglomerações.
Realmente Juiz de Fora é a referência e recebe muitos casos da região. O mais importante é a população se conscientizar. Não adianta tomar providências drásticas sem essa conscientização. Temos que aprender a conviver com o vírus enquanto não vacinamos a todos”, considerou Glauco.

O prefeito de Pequeri disse ainda que pretende discutir qualquer decisão com os segmentos que formam a sociedade de seu município, como “a população, empresários, os comerciantes e a Polícia Militar”. Atualmente, o município se encontra da faixa amarela do Minas Consciente. Glauco diz que a cidade tenta controlar o contágio por meio de realização de testagem e monitoramento. “Todos os casos que aparecem, fazemos exames. Se confirmado, isolamos a família. Dessa forma conseguimos controlar o número de casos”, disse à reportagem.

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Lima Duarte publica decreto com regras mais rígidas

Em Lima Duarte, a prefeitura local publicou, nesta segunda-feira, um novo decreto que define protocolos sanitários específicos para o funcionamento das atividades no município e estabelece medidas restritivas. “A decisão da Prefeitura é acertada e diz mais sobre um gesto de solidariedade com a nossa região do que qualquer coisa. Zelamos pela vida e entendemos que a nossa região precisa de atenção e cuidado no momento”, avaliou o secretário municipal de Saúde, Luciano Toledo, que fez alusão à situação de Juiz de Fora, que vive um cenário de grande ocupação dos leitos de terapia intensiva.

Segundo o decreto, o comércio essencial e não essencial passa a funcionar de 7h da manhã até às 20h apenas para delivery ou retirada na porta. “Portanto, fica proibido a entrada de consumidores no espaço interno de lojas, lanchonetes, bares e similares, com exceção dos supermercados”, diz o Município.

“As atividades em academias, salões de festas e eventos, quadras e clubes poliesportivos, campos de futebol públicos e privados e esportes realizados em autódromos e similares ficam proibidas pelo período de 7 dias, devido ao alto risco de aglomeração e, consequentemente, infecção presente nestes espaços. Além disso, o Lago Municipal, espaço bastante utilizado para a prática esportiva na cidade, ficará interditado durante o período”, informou a Prefeitura da cidade por meio de nota encaminhada à Tribuna.

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A Secretaria Municipal de Saúde iniciou nesta semana a realização das barreiras educativas para a conscientização da população e a orientação sobre o uso de máscara e o novo decreto em vigor no município. “É hora de evitar aglomerações, festas em casa, saídas desnecessárias. A orientação é para que os cidadãos fiquem em casa se puderem e saiam somente em caso de extrema necessidade. A nossa intenção com o novo decreto é evitar que o cenário epidemiológico em Lima Duarte piore como em outros cantos do Brasil e da nossa região. É hora de termos empatia com as vidas que estão sendo perdidas”, resumiu o secretário municipal de Saúde de Lima Duarte.

Restrições em Santa Rita de Jacutinga

Já a Prefeitura de Santa Rita de Jacutinga editou um decreto nesta segunda-feira que também determina regras mais rígidas do funcionamento de atividades econômicas, assistenciais, culturais e religiosas até o dia 15 de março. Assim, no município, ficam proibidas a circulação de pessoas e veículos nas vias públicas entre 20h e 5h; além do funcionamento de escritórios de contabilidade, advocacia e similares; clubes recreativos e de serviços; casas de festas e eventos; academias de práticas esportivas, atividades físicas e centros de práticas esportivas, bem como estúdios de pilates e fisioterapia; shows artísticos e musicais; e de cultos e demais manifestações religiosas com a presença de público.

Durante o período previsto no decreto, também ficam vedadas a prática de esportes coletivos; a realização de comemorações em residências particulares, tais como festas e reuniões de qualquer espécie; utilização das academias ao ar livre e áreas de lazer das praças públicas; o funcionamento de hotéis e das pousadas; aglomerações em locais turísticos, como praças, balneários, cachoeiras e similares; uso de equipamentos de amplificação sonora ou instrumentos musicais que possam incentivar aglomerações; a entrada na cidade de grupos de ônibus ou micro-ônibus para atividades turísticas; e o funcionamento de correspondentes bancários, como lotéricas, bancos postais e similares.

“Ficam excetuadas da suspensão de funcionamento as farmácias, supermercados, padarias, açougues, hortifrútis, restaurantes, lanchonetes, Correios, postos de combustíveis, materiais de construção e outros comércios de natureza essencial”, diz o decreto. O texto ainda traz detalhamentos sobre o funcionamento de algumas atividades.

Santos Dumont reduz horário de funcionamento de bares e restaurantes

Outra Prefeitura da região a adotar medidas ainda mais restritivas esta semana foi a de Santos Dumont, que editou um novo decreto. O texto prevê redução no horário de funcionamento de bares e restaurantes, agora de 11h às 15h e de 18h às 20h, de segunda-feira a domingo. Para além destes horários, estes estabelecimentos podem seguir trabalhando no sistema delivery.

“Outra decisão tomada é a limitação da circulação de pessoas no calçadão da Rua Antônio Ladeira, de segunda-feira a domingo, no horário de 20h às 5h, que passará a contar com gradeamento temporário. O acesso a farmácias e outros serviços essenciais, bem como às residências da rua, será permitido normalmente. A ação visa conter aglomerações que têm sido identificadas no local, sobretudo no período noturno dos finais de semana”, diz a Prefeitura de Santos Dumont por meio de nota.

O Município destacou ainda que cidades da região vêm sofrendo com a alta ocupação dos leitos de terapia intensiva. “Em Santos Dumont, não foi diferente. No último final de semana, a taxa de ocupação dos leitos instalados no Hospital Misericórdia de Santos Dumont atingiu sua lotação máxima. É importante ressaltar, que o Hospital de Santos Dumont é referência no atendimento a pacientes com Covid-19 em Minas Gerais e também atende pacientes da micro e macrorregião de saúde.”

Segundo dados da Vigilância em Saúde de Santos Dumont, a Covid-19 também tem avançado entre a população mais jovem. “Este é um público que tem circulado pela cidade em locais e horários específicos”, aponta o Município.

Câmara de JF deve propor discussões entre legislativos

Também participaram o presidente da Câmara, Juraci Scheffer (PT) e o presidente da Comissão de Saúde e Bem-Estar, Marlon Siqueira (Progressistas). Segundo Scheffer, o parlamento juiz-forano deve capitanear uma articulação similar com os poderes legislativos da região.

“O objetivo principal agora é frear a transmissão desenfreada e o agravamento de casos e neste contexto nenhuma cidade é um oásis. Por isso, o apoio dos vereadores tanto para as medidas sanitárias necessárias tomadas pelos prefeitos quanto na articulação regional são ações importantes”, afirmou o presidente da Câmara de Juiz de Fora. Um encontro com os mandatários de câmaras da região deve ser marcado ainda nesta semana.

Discussões começaram na segunda-feira

Nesta segunda-feira (8), prefeitos da Microrregião de Saúde Sudeste, que é polarizada por Juiz de Fora, já haviam se reunido com representantes do Ministério Público de Minas Gerais e com o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, para discutir a situação regional da crise sanitária. Segundo o prefeito de São João Nepomuceno, Ernandes José Silva (PSB), a possibilidade de o Estado classificar a cidade na onda roxa do programa Minas Consciente chegou a ser aventada.

Em retorno à reportagem, a Superintendência Regional de Saúde informou, por meio de nota, que “só poderá se pronunciar sobre a migração das microrregiões para a onda roxa após reunião que acontecerá na data de hoje, 9 de março, com o secretário de Estado de Saúde Carlos Eduardo Amaral, superintendente da Regional de Saúde Gilson Soares e os prefeitos dos municípios envolvidos.”

A onda roxa foi criada pelo Governo de Minas na última quarta-feira, com a previsão da adoção de uma faixa com regras mais rígidas para a circulação de pessoas e o funcionamento de atividades econômicas em situação de agravamento dos indicadores da pandemia. A onda roxa não é opcional, mas compulsória para todos os municípios da região classificada nesta segmentação.

Assim, caso a Macrorregião Sudeste seja inserida na onda roxa, suas prerrogativas também valerão para Juiz de Fora, que está fora do Minas Consciente desde a última semana de janeiro. A cidade, no entanto, já vive regras rígidas de fechamento e está na faixa roxa do programa Juiz de Fora pela Vida, que permite apenas o funcionamento de atividades essenciais e, inicialmente, tem validade até o fim da semana.

 

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