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Pai de escrivã morta cria Instituto Rafaela Drumond

rafaela drumond, vítima de suicídio

RAFAELA DRUMOND, escrivã da Polícia Civil morta em junho, em foto de 2018, entre os pais, Zuraide e Aldair (Foto: Arquivo pessoal)

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“A palavra mais importante no mundo é Deus e, depois, é ajuda. E nós estamos precisando ajudar uns aos outros, isso está faltando muito na humanidade”, declara o marinheiro mecânico aposentado Aldair Drumond, ao comentar a criação do Instituto Rafaela Drumond, em homenagem à sua filha, “com a missão de apoiar pessoas e de valorizar a vida”. A escrivã da Polícia Civil foi morta aos 31 anos, vítima do próprio tiro, disparado no dia 9 de junho do ano passado, na casa da família, no município de Antônio Carlos, no Campo das Vertentes, a cerca de 100 quilômetros de Juiz de Fora. Certo de que “o assédio moral mata” e de que Rafaela não está sozinha nas estatísticas de autoextermínio na instituição de segurança pública mineira, Aldair agora pretende evitar que mais gente passe pelo que ele e sua esposa vivenciaram com a perda abrupta da filha.

“Se eu conseguir fazer com que um pai ou uma mãe não sofra o que eu estou sofrendo e passando, já será uma conquista muito grande. Esse é o intuito.” A assembleia de fundação do instituto está marcada para o dia 4 de fevereiro (domingo), às 14h, no Salão Alegria, localizado na Rua José Edwards Ribeiro, 503, no Bairro Boa Vista, em Barbacena. “A expectativa é que eu consiga ajudar as pessoas. A princípio, vou tocando sozinho, até conseguir apoio. Não tenho condição de contratar psicólogo, assistente social e advogado. Depois que o instituto estiver caminhando, pode ser que apareçam voluntários”, acredita.

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Aldair acrescenta que o objetivo é abranger todas as pessoas que sofrem qualquer tipo de discriminação, seja de gênero, raça, sexo ou religião; no ambiente familiar, no trabalho ou na escola. “Quero dar apoio e orientação às pessoas trans, idosos e crianças, a quem estiver no momento precisando de ajuda. Esse é o principal fundamento. Já há pessoas entrando em contato comigo com essa finalidade. Às vezes, ligando para mim, pode ser que já chegue uma luz. Já me relataram isso”, revela, enquanto disponibiliza seu celular para quem quiser fazer contato ou confirmar a presença na inauguração do instituto, pelo WhatsApp: (32) 998471055.

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“Na oportunidade, além da homenagem que faremos à nossa filha, irmã e amiga Rafaela Drumond, é nossa intenção aprovarmos a minuta do estatuto, elegermos a diretoria e aprovarmos a ata de fundação do Instituto Rafaela Drumond, dando início às atividades”, detalha o convite.

Oito suicídios na PCMG em 2023

Matéria publicada pela Tribuna em 3 de dezembro mostrou que, além de Rafaela, cinco investigadores, um delegado e um médico legista da Polícia Civil de Minas também tiraram a própria vida, apenas em 2023, segundo dados do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol/MG). O caso da escrivã ainda teve desfecho inesperado no fim de novembro, quando o delegado investigado por condescendência criminosa – por ter se omitido de supostos assédios e crime de injúria praticado por investigador da equipe – aceitou acordo do Ministério Público, que consistia em pagar R$ 2 mil para ter o processo arquivado.

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