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Parque da Serra do Brigadeiro inaugura cadeira adaptada testada em Ibitipoca

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As trilhas íngremes e a mata fechada do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, localizado na Zona da Mata, a cerca de 220 quilômetros de Juiz de Fora, conduzem os turistas pela Serra da Mantiqueira, entre as cidades de Araponga, Divino, Ervália, Fervedouro, Miradouro, Muriaé, Pedra Bonita e Sericita. O local é destino certo de quem preza pelo contato com a natureza, no entanto, pessoas com dificuldade de locomoção não conseguiam ter essa experiência completa, já que muitos lugares no roteiro não eram acessíveis. Para mudar isso, o parque passou a disponibilizar, gratuitamente, uma cadeira de rodas adaptada, testada primeiramente no Parque Estadual do Ibitipoca, que permite o acesso a trilhas e montanhas.

O parque foi criado em 1996, mas foi em 2019 que a administração passou a intensificar alterações na estrutura do local para permitir que pessoas com deficiência pudessem ter acesso às instalações. Algumas trilhas começaram a ser alargadas, e pontes foram ampliadas para facilitar a passagem de cadeiras de rodas. Corrimões também foram instalados em algumas passagens mais íngremes.

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A utilização da cadeira adaptada julietti, entretanto, teve início nesta semana, no dia 1º de setembro. O equipamento foi doado pela Associação Regional de Proteção Ambiental (Arpa) de Ubá, com o objetivo de para melhorar o trabalho de acessibilidade que já estava sendo feito no parque. Com o uso dela, é possível visitar a antiga casa Fazenda Neblina, a Ermida Antônio Martins e partes das trilhas Muriqui, Encontro e Moinho do Zeca.

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A cadeira fica à disposição dos visitantes, mas é preciso fazer agendamento prévio e estar acompanhado de outras quatro pessoas no mesmo grupo, já que o equipamento é carregado por quatro pessoas no total, e é preciso fazer revezamento com os funcionários do parque.

Agendamentos

O visitante com deficiência que tiver interesse em visitar o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro deve fazer a solicitação do uso do equipamento com antecedência de cinco dias úteis pelo e-mail pebrigadeirooficial@gmail.com, informando a data de interesse, o horário, nome completo, CPF, endereço e telefone. Segundo a administração do parque, inicialmente, serão realizados dois passeios por dia, um de manhã e outro de tarde.

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Para utilizar o equipamento, é necessário ter quatro acompanhantes, que se revezarão no trajeto com dois funcionários do parque. A orientação é de que as pessoas que vão realizar a condução tenham um bom condicionamento físico, por se tratar de uma atividade cansativa.

Ibitipoca

No Parque da Serra do Brigadeiro, a cadeira foi testada pela primeira vez no dia 20 de agosto, mas o equipamento já está sendo utilizado no Parque de Ibitipoca desde 21 de janeiro de 2020. No local, estão disponíveis duas cadeiras adaptadas, que garantem que o visitante possa passar pelo Circuito das Águas, pelo Lago dos Espelhos e pelo Lago das Miragens. Locais como a Ponte de Pedra e a Cachoeira dos Macacos também podem ser acessados, mas são necessárias seis pessoas para conduzir a cadeira.

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Para usar as cadeiras no Parque de Ibitipoca, os interessados podem enviar um e-mail fazendo a solicitação do uso do equipamento para o e-mail peibitipoca@meioambiente.mg.gov.br. Ao fazer uso do equipamento também é necessário preencher um termo de responsabilidade, concordando com as regras de uso das cadeiras, como responsabilização por reparo em possíveis danos causados ao equipamento e submeter-se às instruções de uso, passadas pelos funcionários do parque.

Visitante que participou de teste diz que viveu ‘momento especial’

Na Serra do Brigadeiro, a cadeira julietti foi testada pela visitante Vanessa Cornélio, no mês passado. Ela perdeu a mobilidade das pernas depois de um acidente, há 27 anos, e precisa fazer uso constante da cadeira de rodas. Apaixonada pela natureza desde criança, Vanessa diz que ama explorar lugares novos, mas costuma encontrar dificuldades no acesso.

Com a cadeira julietti, entretanto, foi diferente. No dia do teste, três funcionários do parque a conduziram pelas trilhas, proporcionando um momento de contemplação. “Ainda estou digerindo tudo, porque foi tão especial… Em outras viagens que eu fiz, exigiu muito esforço, então eu não pude apreciar os detalhes como a vegetação, os insetos, sentir aquele prazer de estar na natureza, respirando aquele oxigênio. E mais do que isso, nesse passeio, senti uma atmosfera amorosa vinda de quem estava comigo, em especial as pessoas que conduziram a cadeira. Senti como se eles tivessem se tornado um só comigo”, contou, em entrevista à Tribuna.

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Vanessa Cornélio, que usa cadeira de rodas há 27 anos, foi a primeira visitante a testar cadeira julietti no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro Foto: Mona Luizon (Divulgação)

Um dos momentos marcantes do passeio, segundo ela, envolveu um dos principais moradores da Serra do Brigadeiro, o macaco muriqui. Considerado um dos maiores primatas das Américas, os muriquis são restauradores da Mata Atlântica por dispersarem grande quantidade de sementes de diversas espécies de plantas. O macaco está entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo devido à degradação de seu habitat e à caça. Em uma das trilhas pelas quais passou, Vanessa pôde ver a travessia dos muriquis pela floresta.

“Acho que até o fim da minha vida eu vou estar revisitando esses momentos (…). Tenho certeza de que outras pessoas vão vivenciar esses momentos como eu vivenciei e vão sentir essa mesma euforia e êxtase que eu senti. Isso me traz uma alegria em dobro”, disse.

Na ocasião, ela aproveitou para visitar a praça de Carangola Foto: Fernando Macaco (Divulgação)

‘Confiança’

Uma das pessoas responsáveis por esse momento é a gerente do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Rosimeire Belcavelo. Para ela, todo o trabalho de acessibilidade feito no parque diminui a distância entre o turista e a unidade de conservação. “Foi uma experiência de muita satisfação pessoal, porque para você conduzir uma pessoa, ela tem que confiar em manter a segurança dela em você. Então foi muito engrandecedor, a gente também aprendeu muito com ela e conseguimos quebrar várias barreiras e tabus.”

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