Após a revisão do protocolo do Minas Consciente, a Macrorregião Sudeste poderá avançar na flexibilização de segmentos do setor produtivo a partir deste sábado (8), migrando para a onda amarela, que reúne, agora, os serviços considerados não essenciais. O mesmo vale para todos os municípios do estado que tenham população inferior a 30 mil habitantes, bem como a quantidade de casos nos últimos 14 dias é limitada por 50 a cada cem mil habitantes. As novas diretrizes atendem principalmente ao apelo de prefeitos por maior autonomia em municípios de menor porte, como Coronel Pacheco, Guarani e São João Nepomuceno, uma vez que eram antes vinculados às cidades-polo das macrorregiões. Após a revisão do programa, o número de ondas diminuiu de quatro para três. Uma nova deliberação do Comitê Extraordinário Covid-19 com as orientações será publicada no Diário Oficial Eletrônico de Minas Gerais nesta quinta-feira (6).
A transição dos municípios entre as faixas de restrição do Minas Consciente considerará também os indicadores das 62 microrregiões do Estado de Minas, não apenas aqueles das macrorregiões. “De uma forma geral, separamos o Estado em dois grupos: municípios menores de 30 mil habitantes e municípios maiores de 30 mil habitantes. Quando o município tem menos de 30 mil habitantes, ele entra em uma forma de avaliação diferente, porque ele, habitualmente, não tem transporte coletivo, o que, para nós, é muito importante, porque o transporte coletivo é um dos vetores do aumento de casos nas cidades. Além disso, os municípios com menos de 30 mil habitantes têm densidades populacionais menores, menos prédios altos, o grupo de pessoas que ficam juntas é menor, além de hábitos de vida próprios, como mais andar mais de bicicleta ou até mesmo a pé”, argumentou o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, em transmissão ao vivo, nesta quarta, ao lado do governador Romeu Zema e do secretário-adjunto de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio.
O critério de avaliação de indicadores microrregionais fora a principal reivindicação de São João Nepomuceno à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) em várias conversas, como explicou procurador-geral do Município, Michel Alves de Souza. “Entendíamos que, no começo da pandemia, realmente o âmbito macrorregional estava mais adequado para blindar determinada região. Mas, a partir do momento que a gente tem uma transição comunitária instalada e que cada município faz o enfrentamento de maneira diversa e tem uma realidade diferente em volume de comércio, de serviços e até de pessoas que vão e vêm desses municípios, insistimos bastante que fossem considerados indicadores microrregionais e até locais na análise do avanço. (…) A nossa população e o nosso comércio foram prejudicados por conta do avanço da doença em outras cidades, como Juiz de Fora mesmo, que pressiona a macrorregião porque é maior e o controle é muito mais difícil, é muito mais complexo, e até Mar de Espanha. (…) Estamos nos preparando já para o ingresso na fase amarela, adaptando os protocolos.”
Com 26.361 habitantes de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São João Nepomuceno acumula 42 casos confirmados de Covid-19, 11 em acompanhamento, sendo um óbito, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG).
O município de Guarani, cuja população estimada pelo IBGE, em 2019, é de 8.911 habitantes, já delineou as medidas de flexibilização que entrarão em vigor, uma vez que, de acordo com o prefeito Paulo César Santos Neves (PV), não há registros de casos de Covid-19 na cidade desde 18 de julho. “Restaurantes, lanchonetes e bares serão reabertos com todos os pré-requisitos de higiene como álcool em gel, tapete com cloro, distanciamento de dois metros entre as pessoas, e com a venda de bebidas somente até as 22h em copos descartáveis. Já o comércio em geral vai funcionar com três pessoas adentrando os estabelecimentos. Os cultos, as missas e as reuniões em geral serão realizadas com, no máximo, 30 pessoas, também com todos as orientações de higienização. Porém, clubes e entidades recreativas não poderão ainda ter esportes coletivos. O Governo estadual está trabalhando agora com mais especificidade, ou seja, olhando a realidade de uma cidade com menos de 30 mil habitantes de maneira diferente daquela com 600 mil habitantes”, detalhou o prefeito. De acordo com a SES/MG, Guarani registra, até o momento, 15 casos de coronavírus, sendo todos os 15 já recuperados. Não houve nenhuma morte.
Em Coronel Pacheco, por sua vez, a Prefeitura aguardará a publicação da deliberação do Comitê Extraordinário Covid-19 para definir as orientações de flexibilização ao setor produtivo local. “Somente amanhã (quinta-feira) que vamos sentar e ver como faremos, como o município de Coronel Pacheco vai agir em relação a isso. Tivemos 30 casos positivos na cidade, sendo um óbito e 29 curados. Amanhã vamos nos inteirar dos novos critérios do Minas Consciente, para alinhar o que vai abrir ou não e dentro de qual especificação”, disse a secretária de Saúde, Ana Carla Alvim Valle Dornelas. As decisões no Município de 3.068 habitantes são centralizadas em um comitê formado ainda por outros servidores da Prefeitura, dois enfermeiros e quatro vereadores.
Anteriormente, os municípios da Macrorregião Sudeste estavam classificados na onda branca. Contudo, o novo protocolo do Minas Consciente permitirá às cidades agora enquadradas na onda amarela a flexibilização de diferentes atividades econômicas. Se não era permitida na antiga onda branca, passará a ser autorizada, por exemplo, a abertura de bares; de salões de beleza e atividades de estética; de comércio de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo; de papelaria, lojas de livros, discos e revistas; de lojas de roupas, bijuterias, joias, calçados e artigos de viagem; de comércio de itens de cama, mesa e banho; lojas de móveis e lustres; lojas de departamento; lojas de brinquedos e imobiliárias.