Pelo menos 2.146 pessoas foram imunizadas nos 36 municípios do entorno de Juiz de Fora desde 19 de janeiro, quando a primeira carga de vacina contra o coronavírus chegou ao Aeroporto Municipal Francisco Álvares de Assis, o Serrinha. As cidades fazem parte da microrregião e são abrangidas pela Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora (SRS-JF). Em cerca de 15 dias, o órgão distribuiu 5.123 doses às cidades da região, no somatório das duas remessas recebidas da vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac, e da única carga recebida da Covishield (conhecida como vacina de Oxford), do laboratório inglês Astrazeneca. À Tribuna, a SRS afirmou que considera que o ritmo de vacinação está dentro do esperado. O principal empecilho para a maior distribuição de doses, entretanto, é a necessidade de aguardar o repasse de mais imunizantes por parte do Governo federal, responsável pela compra das vacinas.
O levantamento que contém o número de pessoas imunizadas foi obtido pela Tribuna por meio do “vacinômetro” criado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) para divulgar os dados. Contudo, a Tribuna verificou que os números da ferramenta divergem quando comparados aos dados reais de cada município, apontando uma espécie de desatualização. Para se ter uma ideia, Juiz de Fora aparecia na ferramenta da SES com 11.599 pessoas imunizadas até a manhã desta quarta-feira (3), enquanto que, nos números emitidos pelo próprio município na terça-feira (2), já constavam 13.514 vacinados.
No total, a SRS já recebeu mais de 51 mil vacinas, sendo que 33.800 doses foram recebidas na primeira remessa, no dia 19, além das 17.240 vindas na última quinta-feira (28). Deste quantitativo, 30.516 já foram distribuídas para todos os municípios – sendo 18.532 para Juiz de Fora, o maior município da região, e 11.984 para as demais cidades.
Envio depende do Ministério da Saúde
Segundo a referência técnica em imunização da SRS, Louise Cândido, a Superintendência tem realizado um monitoramento constante da vacinação em todos os municípios. Atualmente, o ritmo é considerado dentro do esperado pelo órgão. Entre os trabalhadores da saúde, que fazem parte do grupo prioritário, por exemplo, já foram distribuídas doses para vacinar cerca de 67% do contingente da região. “Os municípios estão aplicando as doses logo que estão recebendo, e indo nos locais de serviço (dos profissionais de saúde) para vacinar. Mas o ritmo está dentro do que a gente estava esperando”, assegura Louise.
De acordo com a responsável, os grupos prioritários de vacinação são os mesmos em todo o estado, o que reflete também nas cidades de abrangência da SRS. Ou seja, assim como em Juiz de Fora, os municípios vizinhos também têm como prioridade os trabalhadores da saúde, sobretudo aqueles mais expostos ao vírus no cotidiano, além de idosos e pessoas com deficiência que estão institucionalizados.
Atualmente, o principal gargalo da vacinação está na obtenção e repasse das doses pelo Governo federal aos estados, segundo Louise, uma vez que o processo de distribuição para os municípios tem sido ágil. “A gente vê, pelas experiências da primeira e segunda remessa, a nossa capacidade de distribuição e a capacidade dos municípios em conservar e administrar as doses. A gente não consegue atender a população pela insuficiência de doses, porque a gente depende do envio por parte do Ministério da Saúde”, explica.
Segunda dose é garantida pela SRS
A Superintendência Regional armazenou cerca de 20 mil doses da Coronavac, com o intuito de resguardar a carga necessária para aplicação da segunda dose do imunizante em toda a região. Na quinta-feira, por exemplo, a SRS recebeu 7.240 imunizantes da Coronavac e, do total, 3.615 doses não foram entregues aos municípios, permanecendo guardadas na Superintendência Regional. Antes, metade das mais de 30 mil doses recebidas na primeira remessa já havia sido armazenada.
A decisão da SRS ocorre em função do menor prazo para a segunda aplicação da vacina produzida pela Sinovac, que é de apenas duas semanas – frente a 12 semanas do imunizante da Astrazeneca. A SRS ainda usa a prerrogativa de armazenar algumas dezenas de doses por “reserva técnica”, medida de precaução que é usada para a reposição de possíveis perdas durante a distribuição e a vacinação.
A superintendência conta ainda com a possibilidade de receber novas cargas de doses da Astrazeneca antes da finalização do prazo de três meses, de modo que optou por não armazenar parte da carga recebida na quinta. “Como a Coronavac tem um intervalo mais curto, para assegurar que as pessoas recebam a segunda dose, a gente deixou guardado. Pelo prazo da Astrazeneca ser maior, nós estamos contando que receberemos um próximo lote durante as próximas 12 semanas, não sendo necessário guardar”, explica Louise Cândido.