Ela perguntou por quanto tempo Júlio morou em Belo Horizonte. Ao responder que por cerca de quatro anos, tendo inclusive transferido o título de eleitor para a capital em 2019, afirma que se tratou de uma jogada político-partidária para “recuperar” o PSB, partido de que fazia parte: “Foi uma missão partidária, que eu espero ter cumprido voltando para a minha cidade, e eu não disputaria a eleição em outra”.
Estrutura do Regional não será hospital
Apesar de ter apresentado ao TRE-MG um plano de governo com a proposta de transferir o HPS para um “Centro de Atenção à Saúde”, Júlio explica que há uma errata no plano: o HPS continuará no mesmo lugar, pois a transferência “demandaria a conclusão daquela obra, algo em torno de 4 a 5 anos”.
“Nós temos que ir no Estado e falar que queremos esse espaço para fazer um Centro de Especialidades, onde a pessoa pode tratar de várias atenções, como um centro de atenção à criança com espectro autista”, exemplifica, assim como a intenção de reunir no mesmo lugar o atendimento, os exames e o tratamento de cardiologia e fisioterapia oncológica.
“Em uma parte da estrutura, que não está ainda dependendo do laudo, não está comprometida, você pode fazer 5, 6, 8 salas, só que lá tem espaço para 400 leitos. Nós não vamos colocar 400 leitos, não vai ter uma UTI para 40 leitos. Lá não vai ser um hospital”, explica. Das mais de 40 salas existentes, afirma, apenas a parte de baixo do espaço seria utilizada, tanto pelo Centro, quanto pela Secretaria Municipal de Saúde, na intenção de liberar espaços utilizados atualmente pela cidade, para abrigarem outros projetos.
Táxis na faixa dos ônibus
Comparando proposta para o transporte juiz-forano com a “tendência de todos os grandes centros do Brasil”, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, Júlio considera que as faixas destinadas aos ônibus podem ser utilizadas pelos táxis, porque ambos os serviços são concessionados.
“Vai dar mobilidade para os táxis, facilitar para o passageiro e facilitar a liberação do trânsito das faixas laterais para os carros de passeio, que não têm que ficar confundindo com táxis”, propõe, para “resolver o problema mais imediato”.
Além disso, o candidato também propõe o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) com três segmentos, levando 450 pessoas, em média. Ele seria vinculado à empresa de concessão de ônibus, para fazer funcionar o sistema troncalizado – proposta que foi implementada na cidade em 2005 e extinta no ano seguinte. “Não dá é para botar trem de carga funcionando com trem de passageiro. Voltar o Xangai é impossível.”
Sobre o VLT, Júlio aponta um acordo do Governo federal com o Estado de Minas como fonte de recurso para a atualização de um projeto que já existiria, custando em torno de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões, segundo as próprias estimativas. “Fernando Pessoa diz o seguinte: ‘Eu sonho. Quando Deus quer, o homem sonha, e a obra nasce'”, cita, pensando na retirada da linha férrea. Ele afirma que esse projeto, sim, “vai demorar”, mas seria iniciado com o VLT, “pensando na Juiz de Fora daqui 5 ou 10 anos”.
Reforma administrativa
Pensando em evitar que associações comunitárias de bairros tenham que ir ao prédio da Prefeitura, no Centro da cidade, fazer suas reivindicações, Júlio afirma que irá implementar subprefeituras, se eleito. “Deveriam ser, por exemplo, seis, mais uma administração regional rural para atender os nossos distritos”.
Com o sistema sendo apontado por pesquisadores como “barganha política” em São Paulo e no Rio de Janeiro, ele se explica: “O administrador regional tem que ser um técnico sem vinculação político-partidária. Vai fazer parte do estatuto da composição, se tiver vinculação tem que entregar o cargo”. As estruturas comandadas por indicados pela Prefeitura abrigariam órgão do Demlurb, da Secretaria de Saúde, de Mobilidade e de Educação, explana.
Além disso, a reforma administrativa que prepara também passa pela redução dos cargos de confiança. Segundo Júlio, isso possibilitaria realizar concurso para a saúde, para a educação e para a Guarda Municipal.
Segurança inspirada em Recife
A Guarda Municipal não será armada se Júlio for eleito: “A gente não pode pensar que vai aumentar a segurança armando as pessoas além das atribuições que já são dadas a quem pode – Polícia Militar, Civil, Federal – essas têm as responsabilidades de segurança pública do ponto de vista da ostensividade, de repressão”.
Ele nomeia a proposta para a segurança de “JF Pacificada”: “É um projeto adaptado. Quando você copia o que é feio, é feio, mas quando copia o que é bonito… é uma idealização que tiramos de Recife”.
“Aumentar efetivo, veículos, condições, fazer a vigilância da ronda de um bairro inibe a criminalidade. Eles podem fazer uma interligação que não existe hoje muito clara com as outras forças policiais, comunicando uma ocorrência e pedindo apoio para a abordagem que pode e precisa ser feita”, explica.
Escolas integrais até 6º ano
Júlio afirma que sairá da alfabetização de 44% de alunos do 2º ano (Indicador Criança Alfabetizada de 2023) para 100% das crianças de até seis anos por meio da implantação de escolas integrais, até a primeira fase do Ensino Fundamental.
“Isso só se faz com mais recurso, mas você recebe no PNE (Plano Nacional da Educação) um valor maior também. O Ministério da Educação estimula que você tenha escola integral e paga mais por ela, inclusive na merenda”, afirma, prometendo ainda o pagamento do piso salarial aos professores, sem proporcionalidade de horas/aula.