A atual prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), saiu na frente na pesquisa de intenção de voto realizada pela MDA, a pedido da TV Integração. De acordo com o levantamento, 45,8% dos entrevistados pretendem votar para a reeleição da petista. Os candidatos de oposição, Ione Barboa (Avante) e Charlles Evangelista (PL), estão tecnicamente empatados, respectivamente com 15,8% e 11,1% das intenções de voto.
A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para mais ou para menos. A margem de confiança é de 95%, isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral.
Os demais candidatos apresentam as seguintes porcentagens: Júlio Delgado (MDB), 8,4%, Isauro Calais (Republicanos), 2,5%, e Victoria Mello (PSTU), 0,3%. Os que pretendem votar branco, nulo, ou em nenhum dos candidatos, representam 8%. Já os que não souberam responder são 8,3%.
A pesquisa foi realizada presencialmente com 800 pessoas de 16 anos ou mais em Juiz de Fora, entre os dias 2 e 4 de setembro, e foi registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo MG-09949/2024.
Disputa pelo segundo turno
O cientista político da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Perlatto, ressalta que pesquisas eleitorais são retratos do momento e existem diversas variáveis que podem mudar o cenário eleitoral até o dia da eleição, em 6 de outubro. “Esses números indicam uma tendência, mas ainda temos algumas semanas de processo eleitoral em que muita coisa pode mudar.”
Para ele, conforme os dados, uma vitória de Margarida é possível no primeiro turno e pode significar uma avaliação positiva do eleitorado em relação ao último mandato. “Quando temos um candidato disputando a reeleição, a avaliação do eleitorado, em grande medida, não é apenas do futuro, mas também diz respeito ao passado.”
A partir desse cenário, as estratégias de campanha podem mudar. De acordo com Perlatto, no que diz respeito à oposição, tudo indica que haverá uma disputa de votos entre Ione e Charlles Evangelista para chegar ao segundo turno. “É um grupo que, de algum modo ou de outro, se mistura e se identifica muito fortemente. Agora teremos uma disputa para ver quem vai angariar mais essa fatia do eleitorado. Um eleitorado mais crítico à gestão da Margarida e ao PT, como um todo.”
Assim como ocorrerá disputa pelo eleitor de oposição, a campanha da atual prefeita tende, nas próximas semanas, a buscar o voto daquelas pessoas que pretendem eleger Júlio Delgado (MDB). “É uma possibilidade que ainda está em aberto, mas acredito que a estratégia agora seja crescer em cima de um eleitorado que vê o Júlio (Delgado) como uma possibilidade. Mesmo que seja em poucos pontos percentuais, mas será uma busca da campanha tendo em vista a reeleição em primeiro turno.”
Oposição Lula x Bolsonaro
A pesquisa também mostrou os índices de rejeição de cada candidato. Liderando a disputa, Margarida Salomão (PT) e Charlles Evangelista (PL) possuem, igualmente, um índice de 26,5%. A terceira posição ficou com Ione (Avante), que tem 18,4% de rejeição.
Para Perlato, os números referentes à rejeição deixam claro que os candidatos do PT e do PL estão fortemente associados a partidos que vivem uma disputa nacional mais ampla, o atual presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Isso mostra que, tanto Margarida, quanto Charlles, herdam essa rejeição da disputa nacional”, afirma. Outro fator, apontado pelo cientista político, é a trajetória da política. “Ambos são candidatos que já têm uma história longeva no ramo da política. Muitas vezes um candidato desconhecido tende a ter uma rejeição menor.”
Voto útil
O cientista político da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Diogo Tourino explica que, em eleições com dois turnos, a tendência pelo “voto útil” é reduzida. Ou seja, o eleitor possui maior margem de escolha para votar no candidato de preferência visto que, no segundo turno, ainda terá possibilidade de decisão entre os dois postulantes ao cargo de administrador municipal. “É claro que, se a eleição estiver muito acirrada, eles podem gerar o voto útil, mas, em geral, a literatura diz que a possibilidade do voto útil seja controlada nesses casos.”
Sobre o poder das pesquisas em mudar o voto, Tourino acredita que elas possuem certa influência, no entanto, uma influência relativa. “As pesquisas são confiáveis, é preciso superar essa ideia, essa desconfiança que se abateu devido a diversos fatores. Erros podem acontecer, mas muito mais a ver com a incapacidade de mensurar a volatilidade do voto, sobretudo nesta era da internet e das redes sociais.”
Também da UFJF, a cientista política Marta Mendes acredita que, devido aos acontecimentos recentes, em que a confiabilidade nas próprias instituições ligadas ao processo eleitoral foi reduzida, candidatos que estão pior ranqueados podem levantar dúvidas a respeito das pesquisas eleitorais. “Mas eu acredito que isso fica em uma esfera de especulação de certos grupos radicalizados, que estão apoiando um candidato que está indo muito mal na intenção de voto.”
8% de votos nulos e brancos
O percentual de 8%, para Diogo Tourino, não representa um alto índice de votos brancos e nulos. “As eleições mostram que é normal, em um cenário inicial, ter um percentual considerável de votos indecisos, brancos e nulos. No transcorrer da campanha, e o acirrar a disputa, tende a produzir menos indecisos, brancos e nulos. Ou seja, a democracia tem esse papel de convidar as pessoas a participar de uma decisão. Elas podem até começar meio mornas, não querendo se comprometer, mas o transcurso do processo as intima a assumir uma posição.”
Marta Mendes ainda aponta que, nas eleições de 2020, o percentual de votos brancos e nulos foi de 9,5% e, em 2016, mais de 14%. “Considerando essas duas eleições, não é um número alto.As eleições municipais geralmente são eleições de comparecimento alto. O comparecimento médio nas eleições municipais é maior do que nas eleições gerais e é o que a gente projeta para este próximo processo.”
Confira os números
Intenção de voto
Margarida Salomão (PT): 45,8%
Ione (Avante): 15,8%
Charlles Evangelista (PL): 11,1%
Júlio Delgado (MDB): 8,4%
Isauro Calais (Republicanos): 2,5%
Victoria Mello (PSTU): 0,3%
Em branco/nulo/nenhum: 8%
Não sabem: 8,3%
Índice de rejeição
Margarida Salomão (PT): 26,5%
Charlles Evangelista (PL): 26,5%
Ione (Avante): 18,4%
Isauro Calais (Republicanos): 14,6%
Júlio Delgado (MDB): 14%
Victoria Mello (PSTU): 12,3%
Rejeita todos: 4,1%
Rejeita nenhum: 21,4%
Não sabem avaliar: 3%