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Abstenção em JF diminui no segundo turno e fica em torno de 19%

Calcadao vespera eleicao Felipe Couri site

Fotos: Felipe Couri

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A eleição mais disputada desde a redemocratização brasileira, na década de 1980, também se torna histórica por quebrar outro paradigma ao reverter uma tendência vista nos últimos pleitos eleitorais. Com a extrema polarização vista entre os candidatos e demonstrada no próprio resultado, o percentual de eleitores que compareceram às seções eleitorais em relação ao primeiro turno aumentou em todo país.

Em Juiz de Fora, as abstenções totalizaram 20,54% no primeiro turno e 19,34% no segundo turno. Em levantamento feito pela Tribuna, foi possível observar que, na cidade, cerca de cinco mil eleitores a mais compareceram às urnas em relação à primeira etapa do pleito, com uma redução de 1,2 ponto percentual entre um turno e outro. Para calcular o número da abstenção no segundo turno na cidade, a Tribuna considerou o universo de votantes do município por meio de dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), incluindo aqueles que solicitaram o voto em trânsito no município.

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Dentre as principais hipóteses que podem explicar o aumento do comparecimento no segundo turno, o cientista político e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jorge Chaloub, aponta que a transformação da abstenção em um fato político em ambas as campanhas pode ter contribuído diretamente para a mudança do movimento. “Acima das questões estruturais que envolvem a abstenção em todo o país, esta foi uma eleição em que os dois principais candidatos já vieram a ocupar o cargo de Presidente da República. Somado ao fato de que isso os torna bastante conhecidos entre a população, os eleitores também tinham uma noção clara de que existia um acirramento grande na disputa entre Bolsonaro e Lula, tendo em vista que a própria temática da abstenção se tornou um fato político na reta final de ambas as campanhas”, avalia.

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Por outro lado, Chaloub também ressalta que o movimento inédito de disponibilização do transporte público gratuito em algumas cidades no Brasil pode ter contribuído diretamente para a mudança do movimento. “Além da abstenção motivada por um desinteresse político de parte da população, existe também uma abstenção causada pelo gasto financeiro envolvendo o voto. Em muitos casos, é mais barato ao eleitor pagar o valor da multa por não votar do que pagar o custo do deslocamento até a sua seção eleitoral”, assegura. Neste ano, Juiz de Fora foi uma das 378 cidades no Brasil que contaram com o passe livre nos transportes coletivos no dia dos pleitos eleitorais.

Disposição maior do eleitor para ir às urnas

Já o cientista político Fernando Perlatto indica que existem outros mecanismos que também podem ter estimulado a ida dos eleitores às urnas neste segundo turno. “Hoje em dia é muito mais fácil para os eleitores solicitarem o voto em trânsito, de maneira a evitar uma justificativa do voto e, justamente, uma ausência na participação das eleições. Desta forma, o TSE criou mecanismos institucionais que facilitam esse processo atualmente”, afirma o professor da UFJF.

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Outro ponto levantado por Perlatto é que o próprio pleito eleitoral atual envolveu um engajamento muito grande por parte dos eleitores. “Isso é algo que pode vir a criar uma disponibilidade e disposição maior do eleitor para comparecer efetivamente às urnas, porque ele sabe que o seu voto vai fazer, de fato, diferença”, ressalta.

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