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Hora do voto: primeiro turno no Brasil e em Minas tem características de decisão

Lula e Bolsonaro Leo Costa e Fernando Priamo
Bolsonaro lançou campanha em JF e tenta a reeleição; Lula busca sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto (Fotos: Fernando Priamo e Leonardo Costa)
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Chegou o dia da decisão em que os eleitores de todo o país vão escrever o futuro próximo ao escolher, como seus representantes pelos próximos quatro anos, o presidente da República, governadores e deputados, além de um senador em cada estado para um mandato de oito anos. Em todo o Brasil, o primeiro turno das eleições, que acontece neste domingo (2), entre 8h e 17h, vai movimentar mais de 156 milhões de eleitoras e eleitores, quase 1,8 milhão de mesárias e mesários e mais de 29,2 mil candidatas e candidatos. Em Juiz de Fora, são 418.213 votantes em condições de manifestar as suas opiniões em um pleito que vai contar com o apoio de 4.848 mesários.

Os números são grandiosos. As responsabilidades, também. Isso porque as eleições acontecem em um ambiente de bastante tensão, que marca, principalmente, a disputa pela Presidência da República. Trata-se de uma disputa atípica. Pela primeira vez desde a redemocratização, o presidente em exercício busca a reeleição e enfrenta, na disputa, um ex-presidente da República. Isto confere um amplo conhecimento às duas candidaturas, o que faz com que Jair Bolsonaro (PL), que tenta renovar seu mandato por mais quatro anos, protagonize as discussões eleitorais com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto.

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Até aqui, as principais pesquisas de intenções de voto mostram um cenário de certa imprevisibilidade. Lula lidera e deixa em aberto as chances de vencer já no primeiro turno, o que seria inédito para o petista. Desde a redemocratização, apenas um candidato venceu as eleições presidenciais do Brasil já no primeiro turno. Foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC, PSDB), vitorioso já nas etapas iniciais dos pleitos de 1994 e 1998. Da mesma forma, as pesquisas também mantêm em aberto a possibilidade de Bolsonaro avançar para o segundo turno e, ao menos em um primeiro momento, evitar ser marcado na história como o primeiro presidente incumbente, candidato à reeleição, rejeitado pelo eleitorado.

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Apesar das pesquisas apontarem larga vantagem para Lula, na dianteira, e Bolsonaro, logo atrás, a disputa não conta apenas com os dois nomes. O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), e a senadora Simone Tebet (MDB) surgem como terceira força e podem fazer um duelo particular pela terceira colocação, o que pode ser um gás extra caso um deles ou os dois optem por voltar à disputa em 2026. Um dos desafios acenados para Ciro e Simone é evitar uma desidratação de seus potenciais de voto nas urnas na reta final de campanha, ante a forte campanha pelo voto útil, capitaneada, principalmente, por apoiadores de Lula que almejam equacionar a disputa já no primeiro turno.

Além de Lula, Bolsonaro, Ciro e Simone, a disputa conta com outros sete nomes, tendo ainda como candidatos a senadora Soraya Thronicke (União Brasil); o cientista político Felipe d’Avila (Novo); a cientista social Vera Lúcia (PSTU); o técnico em eletrônica e mecânico de manutenção de máquinas Léo Péricles (UP); o padre Kelmon (PTB); a economista Sofia Manzano (PCB); e o ex-deputado Eymael (DC).

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Zema espera que resultado seja definido já neste domingo; Kalil aposta que definição ficará para o segundo turno (Fotos: Leonardo Costa)

No estado, quatro das últimas cinco eleições se definiram em apenas uma votação

Se as pesquisas sobre a disputa presidencial deixam em aberto a possibilidade de definição já no primeiro turno, a corrida pelo Governo de Minas aponta um cenário similar. Os números, porém, mostram a possibilidade de decisão já na etapa inicial como algo mais palpável. No estado, ao contrário do cenário nacional, a vantagem é do candidato incumbente, com o governador Romeu Zema (Novo) surgindo como favorito na disputa, após permanecer neutro nas discussões que marcam as tensões da corrida presidencial, protagonizada por Lula e Bolsonaro.
Caso vença já no primeiro turno, Zema pode repetir algo que, de certa forma, já vem se tornando uma tradição nas contendas pelo Governo de Minas Gerais. Nos últimos 20 anos, os ex-governadores Aécio Neves (PSDB), em 2002 e 2006; Antonio Anastasia (à época no PSDB), em 2010; e Fernando Pimentel (PT), em 2014, saíram vitoriosos das urnas já em primeiro turno. A exceção foi 2018, quando Zema bateu Anastasia no segundo turno.

Segundo as pesquisas, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) surge como segunda força na disputa e ainda busca um crescimento na reta final para avançar ao segundo turno, tendo como principal trunfo o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ainda estão na disputa, como candidatos ao Governo de Minas, o senador Carlos Viana (PL); as professoras Vanessa Portugal (PSTU) e Lorene Figueiredo (PSOL); o ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB); a fotógrafa e doula Renata Regina (PCB); a ativista dos direitos humanos Indira Xavier (UP); o policial militar Cabo Tristão (PMB); e a professora aposentada Lourdes Francisco (PCO).

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Senador e deputados

No pleito deste ano, a disputa pelo Senado tem uma cadeira em aberto por Minas Gerais. A vaga é disputada por nove candidaturas. O senador Alexandre Silveira (PSD) busca a reeleição e concorre com nomes como o deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC); o deputado federal Marcelo Aro (PP); o vereador de Belo Horizonte, Bruno Miranda (PDT); a professora aposentada Dirlene Marques (PSTU); o sindicalista Irani Gomes (PRTB); o professor Naomi de Almeida (PCO); o pastor Altamiro Alves (PTB); e a professora Sara Azevedo (PSOL).
Cerca de 1,1 mil nomes disputam as 53 cadeiras por Minas Gerais na Câmara dos Deputados; e aproximadamente 1,4 mil candidaturas foram apresentadas na corrida pelas 77 cadeiras na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

JF tem 74 candidatos a deputado federal e estadual

A partir das eleições deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a não informar qual o domicílio eleitoral dos candidatos, por conta de restrições impostas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Assim, não há uma confirmação oficial sobre o número de candidatos a deputado por Juiz de Fora. Estimativas feitas por cruzamentos de dados diversos disponibilizados pelo TSE, como relação de filiados e estatísticas e registros de candidaturas, apontam que este número pode ser de 74 nomes, sendo 39 candidatos a deputado estadual e 35 a deputado federal.

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Entre eles, estão alguns nomes já testados nas urnas locais. Dos sete deputados eleitos por Juiz de Fora nas eleições de 2018, cinco vão tentar a reeleição. Exercendo mandatos na ALMG, Betão (PT), Delegada Sheila (PL) e Noraldino (PSC) têm domicílio eleitoral na cidade e estão entre os 66 dos 77 deputados estaduais que buscam renovar os seus mandatos nas urnas.
Entre os deputados federais juiz-foranos Charlles Evangelista (PP) e Júlio Delgado (PL) também são candidatos à reeleição. Há quatro anos, outros dois nomes se elegeram para a Câmara dos Deputados tendo domicílio eleitoral em Juiz de Fora. No caso do deputado federal Lafayette Andrada (Republicanos), ele transferiu o título para Belo Horizonte; enquanto Margarida Salomão, deputada mais votada na cidade há quatro anos, elegeu-se prefeita em 2020 e está fora da disputa.

Vereadores
Dos 19 vereadores que integram a atual configuração da Câmara, onze nomes são candidatos a deputado. Oito buscam uma cadeira na ALMG: Antônio Aguiar (União), Bejani Júnior (PODE), Cido Reis (REDE), Julinho Rossignoli (PP), Marlon Siqueira (PP), Nilton Militão (PSD), Tallia Sobral (PSOL) e Vagner de Oliveira (PSB). Outros três são candidatos a deputado federal: Juraci Scheffer (PT), Kátia Franco Protetora (Rede) e Sargento Mello Casal (PTB).

A lista com mais de 70 candidaturas tem nomes mais e menos conhecidos do eleitor. Entre estreantes e veteranos, a relação ainda conta com a presença de ex-deputados, ex-vereadores, ex-secretários municipais e parentes de políticos da cidade. Entre os postulantes a uma cadeira na ALMG, por exemplo, está o ex-deputado estadual Isauro Calais (PSC).

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Já entre aqueles que concorrem a uma cadeira na Câmara dos Deputados, estão o ex-deputado federal Wadson Ribeiro (PCdoB); o ex-vereador Cidão dos Esportes (Podemos); o ex-secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Amaral (Novo); a ex-secretária municipal de Saúde, Ana Pimentel (PT); a delegada Ione Barbosa (Avante), terceira colocada na disputa pela Prefeitura nas eleições de 2020; e a irmã do deputado estadual Noraldino Júnior, Kátia Dias (PSC).

Cidade teve protagonismo eleitoral desde a pré-campanha

Pode-se dizer que Juiz de Fora teve certo protagonismo nas discussões que marcaram o atual processo eleitoral desde a pré-campanha. Ao longo do ano, os dois principais candidatos à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, cumpriram agendas pré-eleitorais na cidade.
Lula se encontrou com lideranças e reuniu apoiadores locais em atos realizados no 11 de maio. Já no dia 15 de julho, Bolsonaro retornou a Juiz de Fora pela primeira vez desde setembro de 2018, quando foi vítima de um atentado, durante ato da campanha presidencial passada, quando foi atingido por uma facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira. Entre as atividades do presidente, então pré-candidato à reeleição, na ocasião, houve a participação em uma motociata, encontro com lideranças religiosas e uma visita à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, local onde foi socorrido após a facada há quatro anos.

Também durante a pré-campanha, não foram raras as vezes em que os principais candidatos ao Governo de Minas, como o governador Romeu Zema, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil e o senador Carlos Viana cumpriram agendas na cidade. Os três e quase todos os demais candidatos ao Palácio da Liberdade também estiveram na cidade ao longo da atual campanha que começou no último dia 16 de agosto. Vale lembrar ainda que dos dez candidatos ao Governo, três têm domicílio eleitoral em Juiz de Fora: Cabo Tristão, Lorene Figueiredo e Marcus Pestana.

Entretanto, apesar dos diversos compromissos de vários candidatos, talvez o ponto alto do atual processo em Juiz de Fora tenha acontecido exatamente no dia 16 de agosto. Na ocasião, boa parte do país voltou os olhos para a cidade, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro resolveu dar o pontapé a sua candidatura à reeleição com uma agenda política na cidade, e repetiu o roteiro da motociata e do encontro com lideranças religiosas. O grande ato, porém, foi a realização de um comício na esquina das ruas Halfeld e Batista de Oliveira, exatamente no local em que sofreu a facada em setembro de 2018. Ao longo da campanha, a cidade ainda recebeu a visita de outros presidenciáveis como Leonardo Péricles e o Pastor Kelmon.

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