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Três nomes estão na briga pela presidência da Câmara

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Perto completar dois anos de mandato da atual legislatura, a Câmara Municipal decide nesta segunda-feira os nomes que serão responsáveis por conduzir a Casa no biênio 2015-2016. Com a gestão do atual presidente do Legislativo, o vereador Julio Gasparette (PMDB), chegando ao fim em dezembro, três nomes cogitam encabeçar chapas – que serão inscritas antes da votação – para se candidatarem a presidente nas eleições marcadas para a primeira reunião do período legislativo de dezembro: Ana Rossignoli (PDT) e Roberto Cupolillo (Betão, PT) e Rodrigo Mattos (PSDB).

Integrante do esvaziado grupo oposicionista ao prefeito Bruno Siqueira (PMDB), Betão foi responsável por colocar tempero no pleito ao revelar seu anseio de entrar na disputa durante a reunião extraordinária da última sexta-feira. A movimentação mexe em um cenário que parecia praticamente consolidado e apontava para uma disputa polarizada entre os governistas Ana e Rodrigo. A disposição do petista em entrar na corrida jogou luz para as articulações que vinham sendo construídas silenciosamente pelos outros dois candidatos nos bastidores do Palácio Barbosa Lima.

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Todavia, Betão entra em um jogo que está em seus momentos finais, com quase todas as cartas já marcadas. Vice-presidente da atual Mesa Diretora, Rodrigo tem o apoio do grupo – ou de grande parte dele – que conduziu Gasparette à Presidência da Casa, em eleição realizada em 1º de janeiro de 2013. À época, o peemedebista recebeu o voto de 11 dos 19 vereadores que integram a atual legislatura. Assim, o tucano é apontado como favorito nos bastidores, que, nas últimas semanas, sempre creditaram nove votos ao vereador.
Na outra ponta da agora ameaçada polarização, Ana tenta ser a primeira mulher a se eleger presidente da Casa. Há dois anos, ela chegou a ocupar a cadeira de forma interina durante a sessão em que elegeu Gasparette. Na ocasião, um grupo de sete parlamentares se abstiveram da votação. Não manifestaram voto no peemedebista os vereadores Chico Evangelista (PP), José Fiorilo (PDT), José Márcio (PV), Jucelio Maria (PPS), Luiz Otávio Coelho (Pardal, PTC) e Wanderson Castelar (PT). Agora candidato, Betão foi o único voto contrário. Para atingir seu intuito, Ana já afiançou o apoio de parte deste grupo e tenta ampliar seu “eleitorado”.

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Para se eleger, a pedetista aposta suas fichas em uma prerrogativa prevista pelo regimento da Casa. Em caso de empate na disputa pela presidência da Câmara, a normatização interna daria vitória ao candidato mais velho e, neste caso, beneficiaria a vereadora. Uma reviravolta poderia ser capitaneada pelo PT. Na última quinta-feira, o partido se reuniu e deliberou pela orientação ao voto em Ana. O motivo: não colaborar para a vitória de um tucano. Entretanto, entre a sugestão e a votação dois dois vereadores da sigla – Betão e Castelar – há um hiato imprevisível. Até sexta, a expectativa era de que os dois se abstivessem do voto. Entretanto, a disposição de Betão em disputar o pleito deixa a disputa em aberto.

Candidatura avulsa

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Resta saber se Betão conseguirá angariar apoio para formar uma chapa, que, segundo o regimento interno da Casa, é formada por cinco nomes. O petista chegou a falar em candidatura avulsa, o que não está previsto nas normatizações do Legislativo local. Outro anseio já proposto pelo vereador, na última sexta, foi o de postergar o pleito para o dia 12. Na ocasião, o pedido foi negado durante a sessão presidida interinamente por João do Joaninho (DEM). Ainda insatisfeito com a negativa, o parlamentar deve voltar a carga nesta segunda, quando solicitará um novo adiamento.

Entrevista: Ana Rossignoli, vereadora pelo PDT

A vereadora Ana Rossignoli (PDT) chega para a disputa com uma experiência acumulada de um mandato e meio. Décima mulher a obter mandato na Câmara, a pedetista apresentou um crescimento significativo em sua votação entre as eleições de 2008 e 2012, quando saltou de 1.792 para 3.080 votos. Com experiências como professora, diretora e vice-diretora, a parlamentar tem uma atuação voltada para a área da educação e foi responsável pela instituição da “Semana do livro” no calendário oficial de Juiz de Fora e de uma política de incentivo à saúde vocal na rede de ensino, projeto voltado para os docentes municipais. A vereadora tem 65 anos e é mãe de dois filhos.

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Tribuna – O que a levou à candidatura da presidência da Câmara?

Ana Rossignoli – Entendemos que qualquer vereador está capaz e tem competência de exercer um papel na presidência da Mesa Diretora. O que nos levou a essa decisão foi exatamente o objetivo de atender aos anseios e às necessidades que percebemos que existem dentro da Câmara, como a de um trabalho democrático, isonômico e ideológico. É necessário que se faça uma gestão aberta, contínua e constante.

– Sua proposta é pela continuidade ou pela apresentação de um novo modelo?

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– Pretendemos dar continuidade a tudo aquilo que considerarmos positivo. O que for bom será mantido. Entretanto, temos outras propostas, que serão citadas no momento oportuno.

– O que a senhora pretende apresentar de novidade à frente da Câmara?

– Defendo a realização de concurso público que substitua pelo menos 30% dos cargos comissionados. Da mesma maneira, não pretendemos aumentar o número de vereadores, assim como temos o objetivo de manter a Câmara no prédio atual. O objetivo é manter um diálogo aberto com o Executivo. Os dois poderes precisam manter um elo de ligação e andar juntos.

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– Uma bandeira muito defendida pelo atual presidente da Câmara foi a construção de uma nova sede para o Legislativo. Qual seu pensamento com relação à empreitada?

– Eu entendo que este é um prédio histórico, tombado e que deve ser preservado. É o cartão de visita da cidade. Não entendo que haja necessidade de mudança. Podemos mudar alguns setores, transferindo-os para outro local. Os vereadores devem permanecer neste prédio. Isso também seria economia de recurso. Os parlamentares têm direito a alugar escritórios fora da Câmara com verba de gabinete. Se temos esse direito, não vejo necessidade de uma nova sede. Aqui não é tão pequeno assim. Aliás, o lugar do vereador é na rua, atendendo às demandas da população, fiscalizando e elaborando as leis.

– Caso eleita, como pretende conduzir o relacionamento entre Legislativo e Executivo?

– Será excelente. Não temos qualquer tipo de problema. Ninguém consegue administrar como oposição. Mas temos que ser independentes. É preciso haver respeito mútuo, e, no que depender de mim, esse relacionamento vai ser excelente. Vamos estar dialogando, discutindo e procurando entender as dificuldades do Executivo. Inclusive, sendo parceiros nas devoluções de verbas para a saúde e educação. Entendemos que o Legislativo tem que caminhar ao lado do Executivo, cada um com sua independência, caso contrário, quem perde é a população.

Entrevista: Rodrigo Mattos, vereador pelo PSDB

Apesar de ser mais jovem que sua adversária – aliás, é o vereador mais jovem das três últimas legislaturas -, Rodrigo Mattos (PSDB) leva para sua candidatura uma maior experiência legislativa, após cumprir dois mandatos e meio de forma consecutiva. Filho do ex-prefeito de Juiz de Fora, Custódio Mattos, o tucano obteve sua melhor votação como candidato ao Legislativo local em 2008, quando somou 3.659 votos. São de sua autoria legislações como a que condiciona o licenciamento de projetos de edificações à instalação de hidrômetro individual, com objetivo de tornar mais justa a aferição do consumo de água residencial, e a que determina a reserva de espaço para cadeira de rodas e assentos especiais para deficientes em cinemas e teatros. Aos 36 anos, é pai de dois filhos.

Tribuna – O que o levou à candidatura da presidência da Câmara?

Rodrigo Mattos – Ninguém é presidente da Câmara porque quer. Vou completar dez anos de Legislativo. Isso é uma construção feita ao longo do tempo, baseada na relação de amizade e confiança que os vereadores vão construindo entre si. Nosso grupo apoiou o Júlio (Gasparette) para sua eleição para presidência. Agora, esse mesmo grupo considerou que eu estava em melhor condição de disputa, muito pela relação que tenho com outros vereadores e com o prefeito. Para ser presidente, é preciso contar com um grupo e união de forças.

– Sua proposta é pela continuidade ou pela apresentação de um novo modelo?

– É o mesmo grupo, com algumas exceções. Por isso, queremos dar continuidade a várias conquistas que ocorreu neste mandato, como uma maior valorização dos servidores do Legislativo e um processo de transparência que culminou na inauguração da TV Câmara.

-O que o senhor pretende apresentar de novidade à frente da Câmara?

– Acho que o Júlio trabalhou muito, melhorando os processos internos, as condições de trabalho dos servidores e a infraestrutura da Casa. Agora, o nosso desafio é trabalhar visando o público externo. Temos que trabalhar para trazer as pessoas para dentro do Legislativo, para que possam conhecer ainda mais os trabalhos dos vereadores, além de ampliar serviços que oferecemos, como a emissão de carteiras de trabalho e de identidade e o Sedecon.

– Uma bandeira muito defendida pelo atual presidente da Câmara foi a construção de uma nova sede para o Legislativo. Qual seu pensamento com relação à empreitada?

– Só vamos fazer o novo prédio se conseguirmos 100% de recursos privados para isso. Se a gente atingir esse objetivo através de parcerias, seja utilizando o atual prédio ou parte da futura sede como aluguel, podemos fazer. Entretanto, a princípio, isso não será uma prioridade. Temos uma grande necessidade de espaço, mas, caso não consigamos recursos privados, vamos buscar outras alternativas.

– Caso eleito, como pretende conduzir o relacionamento entre Legislativo e Executivo?

– Com muito diálogo. Isso é importante para o Legislativo: manter diálogo tanto com a população como com a Prefeitura. Isso não ocorrerá por meio de imposições de nenhuma das duas partes, mas também não podem haver intransigências. Quem me conhece sabe que sou de diálogo e bom trânsito, mas pretendemos manter a independência. O Júlio conseguiu isso mesmo sendo do partido do prefeito.

Entrevista: Roberto Cupolillo (Betão), vereador pelo PT

Integrante do grupo oposicionista, Roberto Cupolillo (Betão, PT) foi o último a manifestar anseio em disputar a Presidência da Câmara. Militante da causa sindical na cidade, mantendo fortes ligações com o Sindicato dos Professores, Betão está em seu segundo mandato e teve seu melhor desempenho eleitoral em 2012, quando recebeu 3.905 votos. Em sua atuação parlamentar, destaca-se a preocupação com as causas relacionadas às classes trabalhadoras e aos mais jovens. É de sua autoria leis como a que obriga a utilização de tecnologias ambientalmente sustentáveis nos prédios residenciais e comerciais e a exposição, em uma mesma gôndola dos supermercados, de todos os alimentos light e diet, tendo como objetivo facilitar as compras de diabéticos. O petista tem 50 anos e um filho.

Tribuna – O que o levou à candidatura da presidência da Câmara?

Betão – Essa possibilidade surgiu quando identificamos que as duas chapas colocadas são da base do Governo. Assim, não conseguimos visualizar um cenário de mudança na condução da Câmara. Contraditoriamente, com duas chapas concorrendo, a Casa não fez sequer um debate em plenário, na tribuna ou de qualquer bancada dos vereadores. Então, colocamos o nosso nome para iniciar este debate.

– Então sua proposta é pela apresentação de um novo modelo?

– Nossa proposta é de completa ruptura. Nossa ideia é apresentar um projeto de alteração do regimento interno, para que a Mesa Diretora seja formada com base na proporção dos votos recebidos por cada chapa e que haja previsão de candidatura avulsa, como já existe na Câmara Federal e em assembleias legislativas. Projeto diferente feito pela atual gestão foi a criação da TV Câmara. Com relação a isso, entendo que a TV precisa ser aberta a toda sociedade civil organizada, sob o risco de termos mais uma emissora com um viés de parcialidade.

-O que o senhor pretende apresentar de novidade à frente da Câmara?

– Nós temos que ter concurso para todos os níveis. Hoje, a maior parte dos funcionários da Câmara estão nos cargos por indicações da maioria dos vereadores. De dois em dois anos, esses profissionais se veem em uma situação de insegurança. A grande maioria é de bons trabalhadores, mas não há mais condições de se manter esse modelo. Com relação à questão política, como presidente, dificultaria a tramitação de mensagens do Executivo que dizem respeito a servidores que não tenham passado por acordo com o sindicato, para evitar o que aconteceu recentemente com os professores.

– Uma bandeira muito defendida pelo atual presidente da Câmara foi a construção de uma nova sede para o Legislativo. Qual seu pensamento com relação à empreitada?

– Sou contrário. Inclusive, com a reforma feita para instalar a TV Câmara, não há razão para isso. Se quiser ampliar, pode-se buscar discussão com a Prefeitura para a utilização do prédio em que estão instalados setores da Funalfa ou conversas para utilização do prédio do Fórum.

– Caso eleito, como pretende conduzir o relacionamento entre Legislativo e Executivo?

– Para tentar manter total independência em relação ao Executivo seria importante a eleição de um nome da oposição. Por isso, inclusive, houve movimentação de governistas para tentar desqualificar nossa candidatura. A relação será de respeito, mas com independência.

 

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