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Câmara analisa inclusão de animais em programa de retorno de pessoas em situação de rua para cidade de origem

Câmara analisa inclusão de animais em programa de retorno de pessoas em situação de rua para cidade de origem
Câmara analisa inclusão de animais em programa de retorno de pessoas em situação de rua para cidade de origem
Segundo o projeto, os animais de estimação, reconhecidos como importante vínculo afetivo para muitas pessoas em situação de rua, também deverão ter garantidos cuidados e acolhimento. A Prefeitura informou que, embora de forma limitada, já oferece esse tipo de assistência. (Foto: Arquivo Tribuna)
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A vereadora Kátia Franco (PSB) apresentou um projeto de lei complementar com a proposta de ampliar o programa “De Volta para Minha Terra”, aprovado pela Câmara Municipal em agosto. A iniciativa, que prevê o retorno voluntário de pessoas em situação de rua às suas cidades de origem, passaria a incluir também a garantia de transporte e cuidados para os animais de estimação que acompanham essa população.

De acordo com o Projeto de Lei 370/2025, proposto pela parlamentar, a iniciativa busca assegurar proteção e bem-estar aos animais, prevenindo maus-tratos e promovendo dignidade tanto para os tutores quanto para os pets. Para Kátia, os animais são muitas vezes a principal fonte de afeto dessas pessoas, mas enfrentam dificuldades relacionadas à falta de alimentação adequada, ausência de atendimento veterinário e riscos de abandono ou violência.

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O texto prevê que o Poder Executivo ofereça atendimento veterinário gratuito incluindo vacinação, vermifugação, castração e serviços de emergência, além de fornecimento de alimentação e água em pontos estratégicos da cidade. Também está prevista a criação de abrigos temporários com caminhas e cobertores em locais de acolhimento.

O projeto autoriza ainda a celebração de convênios com universidades, clínicas veterinárias, ONGs e profissionais da área, ampliando o alcance das ações sem gerar custos excessivos aos cofres públicos.

Estrutura atual e desafios

A Tribuna solicitou à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) um panorama sobre o cenário atual de acolhimento. Em nota, o Executivo informou que já existem serviços institucionais que permitem a permanência dos pets junto aos tutores, como a Casa da Cidadania (Adra), o Vivendas do Presente Adulto (Amac) e as Casas de Passagem Mista (Amac). A Prefeitura, no entanto, reconhece que a ampliação desse modelo enfrenta desafios estruturais e sanitários.

Apesar disso, o município já conta com unidades adaptadas, como o Centro Pop e o Nupop, que oferecem espaços específicos para acolher os animais.

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Em relação ao orçamento, o Executivo informou que pretende manter os investimentos atuais, sem detalhar novos recursos para a área. A Prefeitura também foi questionada sobre o número de pessoas em situação de rua na cidade, mas disse não dispor de dados atualizados.

Responsabilidades e articulação

Segundo a Prefeitura, a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais e as normas do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) definem que a assistência social tem como foco a proteção das pessoas em situação de vulnerabilidade, não sendo atribuição da política de assistência cuidar de animais. Essa responsabilidade cabe à saúde pública e ao bem-estar animal, conforme a Lei Orgânica da Saúde.

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Apesar disso, a Secretaria de Assistência Social (SAS) afirmou reconhecer a importância do vínculo entre pessoas em situação de rua e seus animais, atuando em parceria com a Secretaria de Bem-Estar Animal e serviços de saúde para oferecer vacinação, castração e atendimento em zoonoses.

“As ações das equipes sempre priorizam o acolhimento do indivíduo, considerando suas necessidades, demandas e vínculos. As equipes estão preparadas para atuar de forma humanizada e respeitosa nessas situações, reconhecendo a relevância dos animais de estimação dentro dos limites da política pública de assistência social. Quando necessário, há articulação com outras redes de apoio e políticas públicas para ampliar o cuidado”, destacou a SAS em nota.

Já a Secretaria de Bem-Estar Animal informou que realiza vacinação antirrábica, microchipagem e castração de animais de tutores em situação de rua, sempre com autorização prévia.

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*Estagiária sob a supervisão da editora Carolina Leonel

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