Nesta segunda-feira (30), a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) respondeu à controvérsia em relação à nomeação de Rosa Cabinda para receber a comenda pelo Mérito Comendador Henrique Guilherme Fernando Halfeld. Em nota, a Administração recomenda que a outorga seja adiada até novembro, para que “o assunto seja suficientemente debatido”. Além disso, é proposto que seja constituído um Fórum de Debates Rosa Cabinda para que a cidade tenha a oportunidade de “aprofundar o conhecimento de seu passado, de suas dívidas históricas e seus compromissos com o futuro”.
A polêmica gira em torno do fato de se conceder à Rosa Cabinda uma comenda que leva o nome de seu algoz e seu escravizador, o que, para os críticos, significa submeter sua memória a uma nova violência. A decisão repercutiu entre diferentes entidades de Juiz de Fora, fazendo com que uma carta fosse destinada à PJF com mais de 150 assinaturas, incluindo entidades como o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora, Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora, Coletivo Maria Maria, Diálogo e Ação Petista, Juventude Revolução do PT, PSOL/JF, Afonte! Coletivo de Juventude, Resistência Feminista, Centro Acadêmico de Ciências Sociais Darcy Ribeiro, Movimento de Mulheres Olga Benário, Unidade Popular-UP, Movimento Correnteza, União da Juventude Rebelião-UJR e Confraria dos poetas.
Logo que a lista foi divulgada, o Município revelou, em nota, que a iniciativa buscava homenagear Rosa Cabinda como “parte das várias ações que precisam ser empreendidas em nome de ressignificar a história de Juiz de Fora. Não se trata de reparação. Tal homenagem serve para visibilizar a verdadeira história da cidade, ainda hoje pouco conhecida por sua população, e também de viabilizar outras narrativas sobre o nascimento e o desenvolvimento do município”. Na carta, os autores afirmam que por mais “bem-intencionada” que tal indicação tenha pretendido ser, foi equivocada em sua realização.
Rosa Cabinda é considerada símbolo da luta negra na cidade
Rosa Cabinda é um dos principais nomes da luta pela causa negra em Juiz de Fora. Ela foi conhecida como a primeira negra que utilizou a Justiça para obter sua liberdade no município, em uma ação contra Henrique Guilherme Fernando Halfeld. Ela foi libertada em 2 de julho de 1873.
Por sua trajetória, ela inclusive conta com medalha de condecoração própria, a Medalha Rosa Cabinda, que visa homenagear mulheres de luta.
A comenda
A lista dos indicados a receberem a comenda, em 2022, conta com novos critérios de seleção. Dos 25 indicados, houve atenção à paridade de gênero e raça. Dos 25, 13 são mulheres e 12, homens; dentre eles, dez são negros e negras. O evento está previsto para acontecer nesta terça-feira (31), no Cine-Theatro Central, às 19h. A solenidade permanece sem alterações para os demais homenageados.