Tendo um deputado estadual – Noraldino Júnior (PSC) – e dois vereadores – André Mariano (PSC) e Vagner de Oliveira (PSC) – eleitos com domicílio eleitoral na cidade, o Partido Social Cristão (PSC) chega para sua terceira eleição consecutiva como a maior base partidária de Juiz de Fora. Ao todo, a legenda possui 4.672 filiados, conforme números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apurados pela reportagem em fevereiro deste ano.
O total de correligionários da sigla, no entanto, parece estagnado nos últimos dois anos. Em março de 2016, a agremiação tinha 4.614 eleitores em situação regular. Ou seja: entre março de 2016 e hoje, o PSC apresentou um crescimento percentual no número de filiados de apenas 1,2% – 58 novos filiados, mesmo após ter lançado um candidato à Prefeitura pela primeira vez em 2016. À época, Noraldino obteve 47.110 votos, ficando na terceira posição e fora do segundo turno disputado pelo prefeito Bruno Siqueira (MDB), que conseguiu a reeleição, e a deputada federal Margarida Salomão (PT).
Assim como o PSC reaparece consolidado na primeira posição, o PP permanece com o segundo maior número de correligionários. A sigla tinha 4.440 eleitores em situação regular em março de 2016. Hoje, tem 4.442 – apenas dois registros a mais. Partido pelo qual o ex-prefeito Alberto Bejani se elegeu em 2004, o PTB é a terceira maior base partidária da cidade em termos de filiados regulares e, hoje, soma um total de 4.385 eleitores inscritos – nove a mais que os 4.376 computados em 2016. Cabe lembrar que, atualmente, Bejani mantém vínculo partidário com o PSL.
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Historicamente, desde 2002, ano a partir do qual tais dados estão acessíveis no sistema do TSE, as legendas consideradas menores sempre lideraram o ranking de registros em Juiz de Fora. Naquele ano, o PTB, que dois anos depois daria suporte à segunda eleição Bejani à Prefeitura, estava no topo da relação. A legenda voltou a ocupar o posto em dezembro de 2009. Entre 2004 e 2008 (não há dados de 2003) e 2010 e 2012, a primeira posição foi ocupada pelo PP, que perdeu o posto para o PSC a partir de 2013. Na quarta posição, está o PDT, que perdeu 13 filiados nesse período, passando de 3.865 para 3.852 membros.
Desempenho do MDB, PSDB e PT
O MDB foi de 3.194 eleitores em situação regular de março de 2016 para 3.221 em fevereiro deste ano e, este ano, soma 27 registros a mais do que o observado em 2017. No mesmo período, o PSDB saltou de 2.987 para 3.002 – 15 filiados a mais no período. Já o PT foi o único que perdeu, passando de 2.980 para 2.965 filiados nos primeiros meses de 2018, um corte de 15 filiados no hiato de dois anos.
Partido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), o Democratas foi a legenda que mais cresceu em números absolutos na cidade, de 2016 para cá. Ao todo, foram 302 novos filiados, o que faz a sigla saltar de 2.162 inscritos para 2.464. Assim, o DEM engrossou sua base partidária em Juiz de Fora em 14%.
Entre os pequenos
Já em termos percentuais, o maior crescimento foi verificado no PSD, que lançou o deputado estadual Lafayette Andrada (PSD) à Prefeitura nas eleições municipais passada. Ainda insipiente no município há dois anos, o partido cresceu mais de 15 vezes e passou de seis filiados para 91 em fevereiro, segundo dados do TSE de fevereiro. Cabe lembrar que a saída de Lafayette do partido é bastante especulada, e o parlamentar pode oficializar seu registro junto ao PRB nos próximos dias. Sob outro recorte, o PSB foi a partido que mais filiou em 2017, com a regularização de 41 novas fichas.
Crise de representatividade afeta protagonistas
Para o especialista, a atual crise política, institucional e de representatividade pela qual o país atravessa atinge mais os partidos maiores que se mantiveram no centro da discussão política nos últimos anos e apresentaram crescimento muito baixo ou até mesmo queda no registro de filiados em Juiz de Fora entre 2016 e 2018. “Isto acaba batendo mais forte nos grandes partidos como o MDB, PT e PSDB”, analisa, lembrando suspeitas de corrupção que pairam sobre importantes caciques das três legendas, como o presidente Michel Temer (MDB), o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Perlatto considera ainda que o crescimento e a redução do número de filiados em determinado partido se espelham no desempenho das próprias legendas nas urnas. Para isto, cita o caso do PSC, que elegeu dois vereadores em 2016 – André Mariano e Vagner de Oliveira – e teve o deputado mais votado da cidade em 2014 – Noraldino Júnior. “Neste sentido, me surpreende um pouco os números do MDB, pois o partido tem a máquina do Executivo e elegeu uma quantidade relevante de vereadores, porém não registrou um crescimento.” Além do prefeito Bruno Siqueira (MDB), os emedebistas ocupam quatro cadeiras na Câmara, com Ana Rosssignoli, Antônio Aguiar, Kennedy Ribeiro e Marlon Siqueira. Na cidade, outro detentor de mandato pela sigla na cidade é o deputado estadual Isauro Calais.
MDB tem a maior base do estado
Por outro lado, o cientista político da UFJF, Fernando Perlatto, não se surpreende com o fato de o MDB aparecer em primeiro lugar no ranking de partidos com o maior número de filiados em todo o estado, com 221.654 eleitores registrados, de acordo com os dados do TSE consolidados em fevereiro. A capilaridade emedebista é conhecida, uma vez que a sigla, criada em 1966 e considerada oposição tolerada durante a ditadura militar, abriga múltiplas correntes ideológicas em suas hostes. A agremiação se consolidou como partido ainda em 1980, após o fim do bipartidarismo e com os primeiros passos para a redemocratização.
“O MDB sempre foi a porta, mas sempre teve uma vocação mais estadual e municipal. Nunca foi um partido com grandes aspirações nacionais. Tanto que, nas vezes em que chegou à Presidência, foi sempre por caminhos tortos. É uma sigla que costuma ser mal votada quando se aventura em disputas presidenciais, não apenas por mau desempenho, mas porque não é um partido com grandes vocações para o Governo federal. Isto fez com que a legenda focasse sua atenção em estados e municípios, para manter uma maioria no legislativo. Tanto é que sempre foi o fiel da balança. Após a redemocratização, sempre que um governo perdeu o apoio do MDB, ele caiu”, afirmou, fazendo alusão aos impeachments dos ex-presidentes Fernando Collor de Mello (PTC) e Dilma Rousseff (PT).
Desde a retomada das eleições diretas, o MDB lançou candidatos à Presidência em duas oportunidades. Em nenhuma delas sequer conseguiu avançar ao segundo turno. Em 1989, Ulysses Guimarães foi o sétimo mais votado e recebeu a confiança de 3.204.932 eleitores. Em 1994, Orestes Quércia ficou com a quarta colocação e computou 2.772.121 votos. Nas eleições de 1998 e 2002, o MDB apoiou os candidatos do PSDB Fernando Henrique Cardoso e José Serra, respectivamente. Em 2006, o partido não integrou formalmente nenhuma chapa e seus diretórios se dividiram entre o apoio à reeleição do ex-presidente Lula e a candidatura derrotada de Geraldo Alckmin, do PSDB. Em 2010 e 2014, a sigla indicou Michel Temer como candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pela ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu impeachment com seu apoio.