O vereador Carlos Alberto Mello (Casal, PTB) apresentou moção de repúdio ao governador Fernando Pimentel (PT). O dispositivo foi protocolado nesta segunda-feira (27), quando foi lido em plenário durante a reunião extraordinária do dia. A votação da proposição, no entanto, só não ocorreu por pedido de avulso de Roberto Cupolillo (Betão, PT). Com isto, o texto deve ser debatido em destaque na reunião que acontece nesta terça-feira. Apesar de a votação ter sido postergada por 24 horas, as primeiras discussões motivadas pelo repúdio acirraram os ânimos de parlamentares e do público presente na audiência do Palácio Barbosa Lima.
Em sua fala, Mello fez críticas à gestão de Pimentel, em especial ao escalonamento e os constantes atrasos no pagamento dos salários do funcionalismo público estadual. Por algumas vezes, o vereador parecia discutir diretamente com alguns dos presentes, que estavam no plenário para protestar contra um projeto de lei do vereador José Fiorilo (PTC), visto pelos manifestantes como ofensivo aos professores municipais. “É vergonhosa a forma como o Estado é representado. Há funcionários e pensionistas com salários atrasados em todas as áreas”, afirmou Mello.
Em várias ocasiões, Mello pareceu receber apoio de parte dos presentes, que davam conotações nacionais à discussão que, ao menos inicialmente, indicava que se concentraria no âmbito estadual. Tal apoio se deu com gritos de “Bolsonaro” e “Lula na cadeia”. Em mais de uma ocasião, Betão alegou à Mesa Diretora que observasse o fato de tais manifestações estarem partindo de assessores de Mello, que não refutou a alegação.
Betão também saiu em defesa do governador Fernando Pimentel e valeu-se do cenário nacional para minimizar os questionamentos feitos por Mello a quem rotulou de “desinformado”. “Não vejo o senhor indignado quando o Temer gasta R$ 3 milhões para fazer um jantar para atacar a previdência e os direitos dos trabalhadores.”
Tanto Betão como Mello tiveram suas falas interrompidas pelos presentes em mais de uma ocasião. Tanto que o presidente da Câmara, o vereador Rodrigo Mattos (PSDB), teve trabalho para garantir a palavra dos parlamentares e, por pouco, não se viu obrigado a suspender a sessão. Ainda foi possível perceber os microfones do plenário capitando orientações do tucano direcionadas a Mello no sentido de que o parlamentar evitasse discutir com os presentes enquanto ocupava a tribuna.
Moção
No texto da moção apresentado por Mello, o repúdio é justificado “pelo parcelamento dos salários dos militares e do funcionalismo público estadual, incluindo de pensionistas e aposentados, durante todo o ano de 2017, e por não ter cumprido o pagamento dos salários nas datas estabelecidas pelo parcelamento, causando prejuízos aos trabalhadores”.
O vereador ainda argumenta que o Governo não fez o repasse dos valores da classe patronal devidos pelo Estado e não repassou o valor descontado em folha de pagamento dos militares ao Instituto de Previdência Social Militar-IPSM. “Além disso, o repúdio é estendido à prática adotada pelo Estado de não repassar aos bancos os valores referentes a empréstimos consignados, valores estes descontados em folha de pagamento”, afirma o texto.