Além da recente denúncia de corrupção passiva proposta pela Procuradoria-geral da República, o presidente Michel Temer (PMDB) pode enfrentar outro fator de desgaste político esta semana. Liderados por centrais sindicais, atos contra as propostas de reforma trabalhista e previdenciária defendidas pelo Governo do peemedebista estão sendo convocados em todo o país para esta sexta-feira (1º). Em Juiz de Fora, a mobilização já conta com a adesão de diversas categorias trabalhistas. Professores das redes estadual, municipal e particular, servidores públicos municipais, bancários, policiais civis, docentes e técnico-administrativos da UFJF prometem cruzar os braços em movimento que também pede a revogação da Lei da Terceirização, sancionada em março deste ano.
Enquanto em Juiz de Fora a mobilização vem sendo chamada de greve geral e é encabeçada por centrais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil Fórum Popular e Sindical e reúne representações de diversas categorias do funcionalismo público, movimento estudantil e movimentos sociais. No âmbito nacional e em algumas outras cidades, centrais encabeçadas pela Força Sindical têm evitado chamar a convocação de “greve geral”, mas atos similares e com mesmos objetivos – contra pontos da reforma trabalhista, por exemplo – estão sendo chamados por tais entidades.
A não adesão de algumas categorias deve marcar o movimento, porém. Após participarem do protesto no último dia 28, contribuindo para um efeito cascata que reforçou as paralisações propostas pelo movimento, os profissionais do sistema de transporte coletivo urbano devem manter suas atividades amanhã, conforme informações do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo (Sinttro). A adesão à última “greve geral” na cidade fez com que os trabalhadores tivessem o dia de trabalho descontado em folha de pagamento pelas empresas do Consórcio Integrados de Transporte Urbano (Cinturb).
Nesta quarta-feira (28), o Sinttro informou aos trabalhadores, que as partes estariam entrando em acordo para o reembolso do ponto cortado. Não foi informado à Tribuna se a negociação seria o motivo da não adesão ao movimento. Comerciários e trabalhadores terceirizados da saúde confirmaram apoio ao movimento, mas também irão manter as atividades.
Professores públicos e servidores municipais param
O movimento terá início às 9h, na Praça da Estação, com a concentração dos manifestantes que, em seguida, irão sair em passeata. A expectativa do Sindicato dos Professores (Sinpro) é atingir os mesmos índices de adesão do ato realizado no dia 28 de abril. “Tivemos a participação de 98% dos professores da rede municipal e 80% da rede particular”, afirma a coordenadora Aparecida de Oliveira Pinto. Ambas as categorias somam mais de seis mil profissionais na cidade. A presença dos docentes da rede estadual também é certa. Na quarta-feira (28), a coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUte), Victória Mello, esteve nas escolas para divulgar o movimento. “Estamos unidos em luta. A nossa subsede possui cinco mil trabalhadores em 20 cidades e, pelo menos, 80% irão aderir à greve geral.”
Creches, curumins e outros serviços prestados pela Amac não irão funcionar, conforme informações do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinserpu). A entidade representa, ainda, trabalhadores lotados no Demlurb, na Empav e na sede da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). “Convocamos todos os servidores. Entendemos que as reformas trazem prejuízo a toda sociedade, e que não é possível continuarmos com Michel Temer no poder após as denúncias de corrupção”, afirmou o presidente do Sinserpu, Amarildo Romanazzi.
A assessoria da UFJF comunicou que as atividades na instituição também serão paralisadas. Em reunião do Conselho Superior, realizada na última terça-feira (27), a Associação de Docentes de Ensino Superior (Apes), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) apresentaram manifesto em favor da greve geral. O documento foi lido pelo reitor Marcus David e aprovado por unanimidade.
Comércio e serviços funcionam normalmente
O presidente do Sindicato dos Bancários da Zona da Mata e Sul de Minas, Watoíra Antônio de Oliveira, informou que a classe irá aderir à greve geral mantendo um quantitativo de profissionais de 30% para os atendimentos emergenciais. “O momento é de luta, e precisamos estar unidos. Não podemos aceitar reformas que agridem os direitos trabalhistas, mas entendemos que a população não pode ser prejudicada. Por isso, parte da categoria estará disponível para os atendimentos mais urgentes.” Na cidade, há cerca de 900 bancários que atuam em bancos públicos e privados.
Já a maior classe trabalhadora da cidade, os empregados do comércio, estará de fora do movimento. Lojas, supermercados e demais estabelecimentos irão funcionar normalmente na sexta. “Nós somos totalmente a favor da greve, e a nossa diretoria vai participar do ato. No entanto, não é possível promover a paralisação do comércio”, explicou o vice-presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio, Wagner França.
Segurança
A Polícia Civil irá participar do ato garantindo a manutenção do serviço de plantão na Delegacia em Santa Terezinha. “Nós convocamos os trabalhadores que não estarão no plantão para estarem presentes na sexta-feira. A greve geral é a forma de dar voz ao povo, que já decidiu que não quer as reformas trabalhistas e previdenciárias. Não podemos aceitar um presidente ilegítimo, acusado de corrupção, ir contra o povo”, declarou o diretor regional do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindipol) da Zona da Mata, Marcelo Armstrong.
Hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) também não terão o funcionamento afetado pela greve geral. Apesar do apoio do Sindicato dos Empregados e Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Serv-Saúde) à causa, os trabalhadores terceirizados destas unidades irão trabalhar normalmente. A informação repassada à Tribuna é que funcionários e diretores do sindicato irão participar do movimento.