O ex-governador Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB, criticou nesta quinta-feira (27), a declaração do general Hamilton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), que chamou o 13º salário e o pagamento de adicional de férias de “jabuticabas”. O próprio Bolsonaro criticou a fala de seu potencial suplente, dizendo que Mourão mostra “desconhecer a Constituição.”
Após participar da abertura da 14ª Expocristã, no Centro de Exposições Anhembi, na capital paulista, Geraldo Alckmin foi enfático: “Não posso ser a favor, como disse hoje o general Mourão, de que o 13° é jabuticaba brasileira. Não é possível achar que o trabalhador que sua a camisa, e muitas vezes é explorado, não tenha direito nem ao 13°”.
Em palestra na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, o general Mourão disse ainda que o Brasil é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. “São coisas nossas, a legislação que está aí. A visão dita social com o chapéu dos outros e não do governo”, afirmou. O programa eleitoral de Alckmin desta quinta vai explorar a declaração de Mourão sobre o 13°. Em seu Twitter, aproveitou o episódio para atacar Bolsonaro e seu filho, Carlos, que compartilhou polêmica imagem que sugere um homem torturado.
A campanha de Bolsonaro é lamentável. O filho, vereador pelo RJ, passa o dia me atacando com mentiras. Ontem, imitando o pai, fez apologia à tortura. O vice, depois de ofender indígenas, negros e mulheres, ataca agora o 13º e as férias dos trabalhadores. E querem a volta da CPMF.
— Geraldo Alckmin (@geraldoalckmin) 27 de setembro de 2018
Fogo amigo
Jair Bolsonaro se irritou com as declarações de seu vice. Logo que foi informado da fala de Mourão, o capitão usou o Twitter para se posicionar contra o general e orientar aliados a defender as garantias trabalhistas. Na mensagem, Bolsonaro sugeriu que Mourão não conhece as regras constitucionais.
“O 13º salário do trabalhador está previsto no art. 7º da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (Não passível de ser suprimido sequer por Proposta de Emenda à Constituição)”, escreveu. “Criticá-lo, além de ser ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”, acrescentou.
O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa à quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição.
— Jair Bolsonaro 1️⃣7️⃣ (@jairbolsonaro) 27 de setembro de 2018
Nas primeiras conversas com pessoas próximas sobre esse episódio, Bolsonaro voltou a defender que Mourão evite participações em eventos públicos. Na semana passada, o candidato a vice já tinha sido orientado a suspender sua agenda após dar outras declarações polêmicas.