O vereador Juraci Scheffer (PT) desponta como candidato único à presidência da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Juiz de Fora durante o biênio 2021/2022. Ainda que as articulações do vereador petista tenham se iniciado logo após a reeleição para a legislatura 2021/2024, a candidatura de Juraci está posta nos bastidores do Palácio Barbosa Lima como um consenso. Apesar de o atual presidente da Mesa Diretora, vereador Luiz Otávio Fernandes Coelho (Pardal, PSL), ter ensaiado nova disputa, o cenário atual aponta um caminho pavimentado para Juraci, pois o nome do petista, conforme apurado pela Tribuna, é encarado como uma via conciliatória dentro do plenário.
À Tribuna, Juraci apenas confirmou a condição de postulante à presidência da Mesa. “Vamos viver um novo momento em 2021. Temos a primeira prefeita eleita da cidade em mais de 170 anos. Não vamos romper com nada em termos de pessoal com as gestões anteriores da Câmara. Vamos apenas mudar um pouco o perfil da atuação parlamentar e da relação institucional entre Câmara e Executivo. (…) Se ganharmos a eleição, vamos apresentar um projeto que vai ser construído conjuntamente por vereadores, servidores efetivos e cargos de confiança. Vamos ouvir sugestões para que a gente possa construir uma Câmara a partir do que a sociedade espera.”
A eleição para a presidência da Mesa ocorrerá em 1º de janeiro, depois da posse dos vereadores eleitos e reeleitos. O registro das chapas é realizado apenas no mesmo dia do pleito. A poucos dias da contenda, Juraci está em posição razoavelmente confortável para ser apreciado pela Casa, uma vez que aglutina em torno da própria candidatura a maioria absoluta do plenário, de acordo com o apurado pela Tribuna. Mesmo em um cenário com duas candidaturas, por exemplo, a condição já garantiria a eleição do petista em primeiro escrutínio.
Se o plenário de fato chancelar o nome do petista, o PT acumulará tanto a chefia do Executivo quanto a do Legislativo a partir de 2021. O protagonismo seria inédito para a sigla em Juiz de Fora, já que tanto Margarida é a primeira prefeita do partido eleita para a Prefeitura quanto Juraci seria o primeiro parlamentar eleito para a presidência da Mesa Diretora. Aliás, o PT já tem a maior bancada da Câmara, que, além de Juraci, é composta por Aparecida de Oliveira (Cida) e Laiz Perrut.
‘Pacificar o Legislativo’
O consenso em torno da candidatura do petista pode também ser explicado pela última eleição para a presidência da Câmara, em que a Casa ficara dividida. À época, Pardal e o vereador Kennedy Ribeiro (PV) – na ocasião, ainda filiado ao MDB – disputaram a Mesa Diretora. Pardal foi então eleito com o apoio de 11 dos 19 parlamentares, enquanto Kennedy, agora vice-prefeito eleito, recebeu oito votos. Diante do racha na Casa, há um ponto pacífico, sobretudo entre vereadores reeleitos, de que se faz necessária a conciliação do plenário em torno de um nome para “pacificar” o Legislativo, ou seja, torná-lo coeso.
E Juraci trabalha para ser o próximo presidente da Câmara justamente em busca de ser um “nome de conciliação”. A tendência é de que a Mesa Diretora a ser formada tenha apenas o próprio vereador dentre os petistas eleitos para o próximo quadriênio. Além do presidente, a Mesa é composta por um primeiro vice-presidente e um primeiro secretário, bem como por um segundo vice-presidente e um segundo secretário. Há ainda a possibilidade de que os cinco componentes da Mesa Diretora sejam de partidos diferentes entre si.
Pardal perde forças
Se Pardal assim como Juraci foi reeleito para mais um mandato no Legislativo, o atual presidente da Casa perdeu força, sobretudo diante da perda de aliados como os vereadores André Mariano (PSL) e Júlio Obama Jr. (Podemos). Ao passo que o primeiro foi malsucedido ao tentar o terceiro mandato na Câmara, o segundo optou por ser candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pela deputada estadual Sheila Oliveira (PSL) em vez de buscar a reeleição. A derrota de Sheila, somada à reeleição de apenas Pardal para o Palácio Barbosa Lima dentre os candidatos lançados PSL, diminuiu o cacife político do vereador.
Além disso, dos cinco integrantes da Mesa Diretora presidida por Pardal, quatro não seguirão na Câmara Municipal para a próxima legislatura. A primeira vice-presidente, Ana Rossignoli (Patriota), renunciou a mais um mandato para eleger o filho, Júlio César Rossignoli (Julinho, Patriota). Já o primeiro secretário, Wanderson Castelar (PT), não conseguiu renovar o mandato. Por outro lado, como já ressaltado pela reportagem, o segundo vice-presidente, Júlio Obama Jr., e o segundo secretário, André Mariano, também deixarão o plenário. A Tribuna procurou Pardal para confirmar se, de fato, é postulante à reeleição, mas não conseguiu contato.
De acordo com interlocutores, Pardal até ensaiou articulações em busca de permanecer na presidência do Legislativo, mas sem sucesso até o momento, diante das condições políticas adversas que não possibilitariam ao atual presidente a maioria necessária para a reeleição. Houve de rumores de que, além de Pardal, outras candidaturas tentaram costurar acordos para viabilizar as próprias candidaturas. No entanto, na reta final das articulações, Juraci parece ter o caminho aberto para assumir a Mesa Diretora pela primeira vez.