A Rádio Transamérica entrevistou, nesta terça-feira (26), Dr. Marcelo Condé (Avante), na série com os vereadores eleitos em Juiz de Fora. Ele vai para o primeiro mandato, após receber 2.346 votos.
Transamérica: Em quem você pretende votar para a Mesa Diretora da Câmara?
Dr. Marcelo Condé: Nós ainda estamos em conversação. Como é sabido, é a primeira vez que eu sou vereador aqui em Juiz de Fora. Então, depende de conversa. Eu acredito que tudo é uma conversa. A gente entra em acordo e vamos tentar achar um caminho comum que agrade a todos.
Transamérica: O que levou um médico a entrar no mundo da política?
Dr. Marcelo Condé: O que me impactou mais em entrar nessa área política foi que eu não tinha condição de resolver aqueles problemas sendo só médico. Então, eu preciso estar em lugares onde eu não tenho penetração como médico. A parte política, a questão de liberação de exames, a burocracia de laqueadura tubária e a própria gestão das UPAs, das UBSs, as dificuldades que elas vêm tendo. Eu já tenho 35 anos de profissão aqui, então a gente sabe onde atuar e onde a gente pode melhorar a saúde, principalmente no que diz respeito à saúde da mulher.
Transamérica: Atuando na rede pública de saúde, quais você vê como os piores defeitos atualmente?
Dr. Marcelo Condé: As maiores reclamações estão em consultas. É onde a medicina tem que atuar mais. É ali que você consegue fazer triagem para poder diferenciar o grave do normal, e aquilo que precisa de um tipo de atenção, mas não suficiente para levar a pessoa ao internamento.
Transamérica: Você tem um diagnóstico completo da situação, as áreas mais críticas, ou é um contexto geral?
Dr. Marcelo Condé: É um contexto geral mesmo porque, é o que eu estava dizendo anteriormente, eu não tenho penetração nesses lugares sendo só médico. Eu tenho que ver onde que está agarrada alguma coisa que a gente possa melhorar o tipo de atendimento, liberação de exame, porque você sabe muito bem que as pessoas esperam meses em questão de cirurgia, em questão de exames. Então, eu acho que é aí onde nós temos uma Câmara que está hoje muito bem representada e nós vamos, se Deus quiser, ter um bom relacionamento com o Executivo para que a gente possa realizar as nossas empreitadas que estamos aqui agora dizendo para vocês.
Transamérica: Qual vai ser o seu posicionamento com relação ao Executivo, sendo do partido de Ione Barbosa e tendo feito campanha, comparecendo a evento com Zema e a ex-candidata à Prefeitura?
Dr. Marcelo Condé: O que eu entendo de política, desde quando a gente nasce, a gente já é político, certo? Então, nós vamos continuar atuando dessa maneira, é conversando que a gente chega a um denominador comum, independente de partido, eu acho que a gente tem que procurar melhorar a saúde de Juiz de Fora. Nós viemos para somar, não é para dividir nada.
Transamérica: Quando você decidiu ser candidato?
Dr. Marcelo Condé: Eu já vinha com essa ideia. Eu tenho um irmão que tentou já algumas vezes para vereador, e é uma pessoa extremamente competente no que diz respeito à área de saúde, mas não conseguiu ser contemplado. E eu achei que era a hora de eu tomar um caminho inspirado nele mesmo, para a gente poder botar em prática nossas ideias para melhorar a saúde das pessoas. Eu acho que simples não é, porque não tem nada simples na vida. Dá trabalho? Dá. Tem como ter resultado? Com certeza.
Transamérica: Quais vão ser os seus primeiros projetos apresentados na Câmara?
Dr. Marcelo Condé: A maioria dos projetos que eu vou apresentar, inicialmente, são com relação à mulher, atendimento da gestante, melhor qualidade do atendimento da gestante, liberação de exames. As propostas realmente que eu fiz na minha campanha.
Transamérica: Como profissional da saúde, qual é a sua posição em relação ao Hospital Regional?
Dr. Marcelo Condé: Eu acho que isso aí é uma coisa realmente política, porque eu acho que aquele hospital, a localização dele é muito boa e vai atender muito o pessoal da região norte da cidade, que é uma área enorme, praticamente uma cidade dentro de Juiz de Fora. Então, é uma questão de gerenciar isso. Imagina um HPS lá. Eu acho que tudo está faltando uma gestão. E eu acho que tudo começa lá da base, é da medicina preventiva, é do início. É para poder desafogar as UPAs, desafogar os hospitais, trazer algum tipo de atendimento especializado para as UBSs. Então, nós temos condição de sentar e discutir, ver onde estão coisas que estão agarradas e que a gente possa fazer liberação. Alguma coisa tem que ser feita ali. O que não pode é ficar aquilo abandonado, uma estrutura daquele tamanho. Não sei a realidade do que foi gasto ali, mas nós temos condição de levar aquilo à frente. Por que não? É uma questão de conversar, é uma questão de entendimento, e ver o que é melhor. Uma Câmara foi feita porque foi votado para poder representar alguém nisso tudo. Os outros também foram votados para poder representar aquelas pessoas que votaram. Então, é sentar cada um dentro daquilo que tem o maior conhecimento, eu na área médica, o outro na área de construção, conseguir levar isso à frente e poder ir resolvendo os problemas da cidade.
Transamérica: Passando de quatro para cinco mulheres na Câmara, número recorde, por que você se considera o vereador da mulher?
Dr. Marcelo Condé: Porque eu já vim atuando nessa área há muitos anos, e eu sei as dificuldades que ela tem, tanto no âmbito da saúde mental, como das dificuldades que ela tem. Porque a mulher, eu já digo desde o início, desde que eu me conheço como médico, a mulher é melhor para tudo. A mulher resolve os problemas todos, mas as coisas cansam. Então, está na hora de elas serem ajudadas. A mulher é melhor para tudo. A gente é só um complemento.