Com a presença de parte da rede de protetores de animais independentes de Juiz de Fora, a também protetora animal e vereadora Kátia Franco (PSC) fez uma lista de questionamentos à Prefeitura durante a sexta audiência do 8º período legislativo, realizada nesta quinta-feira (26). Ela elencou uma série de queixas comuns a toda a rede, relacionadas às estruturas físicas, aos atendimentos e também aos serviços que são prestados pelo Município. Ao final da sessão, ela afirmou que vai encaminhar, por ofício, a relação de reivindicações para o Executivo.
A vereadora cobrou que o Plano de Governo apresentado pela gestão da prefeita Margarida Salomão (PT), no eixo que trata da proteção animal, seja implementado e cumprido, conforme o compromisso assumido pela equipe durante a campanha eleitoral. “Depois de escutar os protetores, espero que nos deem alguma perspectiva de melhora e datas para que os programas necessários sejam retomados. Falo com toda a segurança que o canil precisa de uma atenção melhor, de estrutura, mais veterinários, locomoção adequada. Mas, acima de tudo, precisa ter a presença dos protetores”, disse a proponente da audiência.
A secretária de Saúde, Ana Pimentel, explicou que há um processo de transição em andamento, entre o Departamento de Controle Animal (Decan) da gestão anterior, que funcionava dentro do Demlurb, e o Departamento de Saúde Animal, no âmbito da Subsecretaria e Vigilância em Saúde.
A titular da pasta destacou a necessidade de o Município ouvir os protetores e reconheceu o tamanho do desafio, pedindo que seja aberto diálogo, já que o objetivo é comum a todos. Desse modo, ela propôs a criação de um comitê, com os protetores, para que todos possam trabalhar nas pautas coletivamente. Também convidou os protetores para irem juntos até o canil, para que possam acompanhar o trabalho das equipes, já que uma das principais cobranças apresentadas reiteradamente durante as falas foi de maior transparência da Administração em relação a dados e procedimentos relacionados aos animais.
Ana Pimentel também explicou que alguns detalhes do processo de transição precisam ser concluídos, para que as atividades, como agendamento de castração e campanhas de vacinação, possam ser retomadas da maneira adequada. O vereador Carlos Alberto Mello (Casal, PTB) questionou o porquê de o cadastro para castração não ser público. A secretária concordou. Disse que os preparativos estão sendo feitos para que as cirurgias possam voltar a ser oferecidas. Ela ainda destacou as ações que tornaram Juiz de Fora uma cidade referência na proteção animal, por mérito dos protetores independentes.
Estrutura do canil
Sobre a estrutura do canil, a assessora da Diretoria Operacional do Demlurb, Carolina Fonseca, explicou como é feita a limpeza das baias e como o processo tem sido aperfeiçoado junto aos profissionais que lá trabalham. Ela também adiantou que há um projeto para a construção de 30 baias para cães e de um segundo parcão. Também foi pensada a ampliação de quatro gatis e de um bolsão de areia para atender às necessidades desses animais.
A secretária de Governo, Cidinha Louzada, ressaltou que a Prefeitura também trabalha no projeto de lares temporários para os animais resgatados, até que a adoção seja concretizada. Esse trabalho deve ser formalizado por meio de um decreto, para regulamentar o projeto autorizativo, permitindo que a população possa contribuir com o processo. Ela garantiu que as perguntas feitas por Kátia e pelos outros protetores serão respondidas.
Apoio a protetores e SJPA
Os protetores independentes expuseram os percalços pelos quais passam diariamente e os avanços que conseguiram conquistar ao longo dos anos, com a luta pelos direitos dos animais. A presidente da Sociedade Juizforense de Proteção Animal (SJPA), Maria Elisa de Souza, disse que o abrigo trabalha hoje com número semelhante ao de animais resgatados que estão no canil municipal. Além de ser mantido apenas com doações, o núcleo ainda enfrenta problemas com a limpeza de fossa e o abastecimento de água por caminhão pipa. O espaço, mantido em um terreno doado à SJPA, não tem água encanada. Elisa conta que, com a pandemia, o perfil do atendimento mudou, porque os tutores estão sem trabalho, e outros morreram, exigindo o atendimento a famílias em vulnerabilidade.
“Precisamos de mais carinho. Essa situação precisa mudar. Temos que observar que o abrigo tem o serviço conjunto, as clínicas que nos apoiam estão afundadas em contas, mas não deixam de atender. A causa animal precisa de maior sensibilidade “, disse Elisa.
Os protetores reclamaram sobre a dificuldade de contato com a equipe da Prefeitura e, também, a indisponibilidade de profissionais para resgate aos fins de semana. Houve o pleito pela necessidade de ampliação das equipes, em função da sobrecarga de trabalho. Também cobraram melhores condições para os funcionários.
Os protetores também relataram a frequência da presença de Veículos de Tração Animal (VTA), que estão proibidos no município, além da carência de meios de transporte para dar suporte às ações.
De acordo com a ex-chefe do Decan, Mirian Neder, é preciso reforçar a fiscalização, especialmente nas feiras livres, onde os animais estão sendo vendidos de forma irregular. Ela também reforçou a necessidade de investimento em campanhas de educação e sensibilização da população para evitar o abandono e os maus-tratos. Mirian também defendeu um programa de castração permanente.
O diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juiz de Fora (Sinserpu), Amarildo Romanazzi, destacou que é preciso encontrar meios de responsabilizar os autores de maus-tratos e abandonos. Ele propôs que a implantação dos chips de identificação, feita em animais que chegam ao canil, deveria ser estendida a todos os animais, para facilitar a responsabilização.