A Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG) revelou, em entrevista coletiva à imprensa nesta terça-feira (26), que o Estado confirma um caso de coronavírus a cada dez pessoas infectadas, admitindo que há subnotificação em Minas Gerais. A transmissão de maneira assintomática, característica do vírus, é um entrave para o levantamento do número real de casos, segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Ramalho. O Estado nega, contudo, que o aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) indique agravamento na subnotificação dos casos de Covid-19.
Conforme Dario Ramalho, a subdetecção não é característica exclusiva da pandemia de coronavírus. Em epidemias de outras patologias, como a febre amarela, também havia diferença entre o número de casos notificados e o número real de contaminações. Entretanto, a transmissão assintomática majoritária em casos de Covid-19 é um dificultador. “Dentro de uma lógica de vigilância, é natural supor que você tem algum grau de subdetecção ou de subnotificação, isso em qualquer patologia. Em especial no caso da Covid-19, que transmite de forma assintomática, é muito natural supor (que isso acontece) de uma forma maior”, explicou.
Até o momento, a SES confirmou 7.516 casos de infecção por coronavírus em Minas, mais de 500 entre segunda e esta terça-feira. Entretanto, seguindo a projeção de um caso confirmado para cada dez mineiros portando o vírus, o número real de pessoas infectadas poderia ser superior a 75 mil. O grau de subnotificação, aliado ao aumento na curva de casos de SRAG, poderiam ser indicativos de uma taxa de detecção ainda menor pelos mecanismos estaduais.
Entre os dias 8 a 23 de março, a SES registrou um pico de notificações por SRAG em Minas, com 10.786 casos. Em 2019, no mesmo período, foram 1.271 notificações, menos de 10% do número verificado neste ano até então. No entanto, segundo Dario, outras ferramentas negam a hipótese de que as notificações, na verdade, tenham relação com o coronavírus.
“Os leitos, no momento em que a curva (de SRAG) subiu, estavam com taxa de ocupação baixa. O número total de óbitos no cartório, no atestado de óbito e por causa respiratória estão menores que no ano passado. A gente tem uma série de análises que, quando visto de uma forma mais global, nos permite enxergar que a ascensão da notificação por SRAG não se traduzia em Covid-19 naquele momento”, analisou Ramalho. Entretanto, com a proliferação do coronavírus no estado, a tendência, segundo o subsecretário, é que o aumento de casos de SRAG passe a ser justificado, então, pela Covid-19.
Testes rápidos
Segundo revelado pelo secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, hoje a capacidade de testagem dos laboratórios vinculados ao estado é de quatro mil testes ao dia, mas ainda não está sendo necessário testar em ritmo total. Na última semana, a SES anunciou a chegada de mais de 500 mil testes rápidos disponibilizados pelo Ministério da Saúde.
Também segundo Amaral, o Estado atua apenas como distribuidor dos testes para as prefeituras, que têm liberdade para definir os critérios das testagens. Entretanto, a orientação do Governo de Minas é que sejam testados trabalhadores da linha de frente do combate ao coronavírus. “O uso predominante dos testes está focado nos trabalhadores da saúde e da segurança pública, com objetivo de recomposição de força de trabalho. Ou seja, nós fazemos um teste naquelas pessoas que tiveram um quadro gripal que pode ter sido causado pela Covid-19 para que elas possam voltar ao trabalho”, pontuou, também durante a coletiva.