O inquérito aberto pela Polícia Civil de Juiz de Fora para investigar o atentado ao candidato Jair Bolsonaro segue sem prazo para conclusão. Desde a rejeição da Justiça Estadual ao pedido para que as provas obtidas pela Polícia Federal fossem compartilhadas, na última quarta-feira (19), o procedimento se encontra paralisado nas mãos do promotor de Justiça responsável pelo caso, Oscar Santos de Abreu. Nesta terça-feira (25), ele encaminhou pedido da cópia do inquérito ao Ministério Público Federal (MPF) e espera um posicionamento ainda esta semana.
Segundo a Tribuna apurou, ainda não se sabe quais serão os próximos passos das investigações, nem onde ela chegará. Inicialmente, o objetivo era investigar as motivações de Adelio, a fim de concluir se o crime poderia ser enquadrado no crime de tentativa de homicídio ou na Lei de Segurança Nacional. A situação contrasta com as críticas feitas pelo candidato do PSL em entrevista concedida à Rádio Jovem Pan nesta segunda-feira (24). Bolsonaro contestou a linha de investigação da Polícia Federal, afirmando que o inquérito conduzido pela Polícia Civil estaria em estágio mais avançado que o conduzido no âmbito Federal.
“Ouvi dizer que a Polícia Civil de Juiz de Fora está bem mais avançada do que a Polícia Federal. O depoimento que eu ouvi do delegado da PF, que está conduzindo o caso, realmente é para abafar o caso. Eu lamento. O que eu o ouvi falando dá a entender até que age, em parte, como uma defesa do criminoso. Isso não pode acontecer”, afirmou.
A investigação feita pela Polícia Civil foi aberta no dia 6 de setembro, horas após o atentado ao candidato do PSL. Apesar da rapidez na abertura do procedimento, Adelio Bispo não foi ouvido pelas autoridades policiais do Estado. A informação foi confirmada pelo delegado responsável pelo caso, Sérgio Luiz Lamas Moreira. O inquérito conta apenas com depoimentos de agentes penitenciários que tiveram contato com Adelio Bispo no Ceresp, pessoas apontadas como eventuais participantes do crime e o proprietário da pensão onde ele se hospedava. “Penso que só vai ser possível dizer o que houve após a conclusão da investigação. Por enquanto, não temos certeza de nada”, afirma o delegado responsável, Sérgio Lamas.
Questionado sobre o futuro das investigações, Lamas afirmou não ter tido contato com o despacho que negou o encaminhamento do pedido de compartilhamento de provas da Polícia Federal. No entanto, ele espera ter acesso ao material após a conclusão do inquérito na Polícia Federal. “Com o fim do procedimento (na Federal), pode ser que o juiz tenha outro entendimento: ‘agora que concluiu, vou compartilhar’. Não sei como isso se daria na prática.”
Na decisão do última quarta-feira (19), o juiz Paulo Tristão declarou ser “prudente” aguardar a conclusão das investigações da Polícia Federal para definir possível compartilhamento de provas. Ele também citou ser “desnecessária” a intervenção dele para decidir sobre o acesso às investigações conduzidas, uma vez que o Ministério Público tem atribuição legal para solicitar cópia do inquérito diretamente ao Procurador da República.