A sabedoria popular rege que, no Brasil, o ano só começa após o carnaval. A máxima, todavia, é bem distante da realidade. Ao fim da Festa de Momo, o ano novo já bateu às portas de muitas casas, e a maioria dos brasileiros já arcou com tributos como o IPVA e o IPTU ou com o material escolar dos filhos, por exemplo. O sonho de dias melhores passa pelas discussões políticas, que também não se prendem à data da folia. Para o pleito de outubro, quando serão escolhidos prefeito e vereadores, as movimentações começaram tão logo foram apurados os resultados do sufrágio de 2018. Todavia, o fim do carnaval é um marco importante e, a partir de agora, a expectativa é de que os partidos migrem do campo das sondagens para entrar na seara das decisões, de fato, uma vez que prazos importantes para a contenda começam a se aproximar.
O prazo relevante mais próximo aponta para o dia 4 de abril, quando aqueles que desejam concorrer na eleição devem ter domicílio eleitoral na circunscrição na qual pretendem disputar, estando com a filiação aprovada pelo partido. Ou seja: em 40 dias, o tabuleiro partidário precisa ter todas as suas peças posicionadas. O marco é relevante até mesmo para o atual ocupante da cadeira de chefe do Poder Executivo juiz-forano. Nos últimos meses, o prefeito Antônio Almas (PSDB) tem dado reiteradas mostras de que deve tentar a reeleição. Todavia, ainda não há definição sobre por qual partido sairá candidato.
Filiado ao PSDB desde 2007, Almas já recebeu sondagens do PDT. As conversas até foram mantidas com o deputado federal Mário Heringer, presidente do diretório estadual pedetista e ex-colega de turma de Almas na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Com as possibilidades postas à mesa, a decisão precisa ser tomada até o início de abril. O prazo para filiação também vale para outros nomes colocados como possíveis candidatos e que, até agora, não se posicionaram publicamente sobre suas filiações, como a delegada Ione Barbosa e o pastor Aloízio Penido.
Mesmo entre os partidos que já têm seus possíveis candidatos mais acomodados e já regularizados, as próximas semanas serão de decisões. É o caso do PT, que, conforme antecipado na coluna Painel do último domingo, tem um encontro agendado para o próximo dia 20 de março para tratar exatamente de candidaturas. Após avançar três vezes ao segundo turno das eleições municipais, em 2008, 2012 e 2016, a deputada federal Margarida Salomão (PT) já colocou seu nome à disposição dos correligionários para encabeçar mais um projeto da sigla na cidade. Outros dois quadros, no entanto, também se aparecem como opções: o vereador Wanderson Castelar e o sindicalista Paulo Azarias.
Expectativa é que muitos nomes se lancem na disputa
As próximas semanas também serão decisivas para a confirmação ou não das expectativas de que, diante do cenário político polarizado e das novas regras eleitorais, a disputa pela PJF tenha um número elevado de candidatos, maior que em pleitos anteriores. Na última contenda, em 2016, foram sete: o ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB), que acabou reeleito; a deputada federal Margarida Salomão; o deputado estadual Noraldino Júnior (PSC); o empresário Wilson Rezende (Wilson da Rezato, PSB); o deputado federal Lafayette Andrada (PRB); e as sindicalistas Maria Ângela (PSOL) e Victória Mello (PSTU).
Destes, além de Margarida, Noraldino e Wilson são cotados para voltar a disputa em outubro. O empresário do Grupo Rezato, inclusive, já admite publicamente a intenção de ser candidato. PSOL e PSTU também estudam lançar chapa majoritária. Outro nome que saiu bem fortalecido das últimas eleições e que é bastante especulado para disputar a sucessão municipal é o da deputada estadual Sheila Oliveira (PSL), que foi a mais votada na disputa por cadeiras na Câmara Municipal em 2016 e também a mais citada nas urnas juiz-foranas na corrida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nas eleições de 2018.
Algumas especulações ainda apontam outros nomes. Médico e presidente da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Renato Loures, foi especulado como possível candidato à PJF pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). Responsável pelo hospital que fez os primeiros atendimentos ao presidente após o atentado à faca sofrido na cidade durante ato de campanha em 2018, Loures se desfiliou recentemente do PDT, sigla que ajudou a fundar na cidade, e é apontado como uma opção caso os bolsonaristas consigam consolidar o Aliança pelo Brasil, partido ainda em processo de formação.
Outros nomes já foram especulados nos bastidores da política juiz-forano, como uma possível indicação do empresário e urbanista juiz-forano Eduardo Lucas pela Rede; ou do ex-deputado Isauro Calais pelo MDB, caso a legenda que hoje integra o Governo Antônio Almas opte por candidatura própria em outubro.
Prazo também vale para postulantes à Câmara
O prazo para a definição de partidos que se finda no dia 4 de abril também vale para aqueles que pretendem disputar uma cadeira na Câmara, o que tem provocado uma intensa movimentação nos bastidores da política da cidade. A dança de cadeiras deve atingir, inclusive, os atuais vereadores, e vários deles devem aproveitar a janela partidária que se abre no próximo dia 5 de março. Isto porque, conforme as regras eleitorais em vigência, os legisladores municipais têm um hiato de 30 dias antes do prazo final para a definição das filiações e trocar de legenda sem riscos de ter seus mandatos questionados pelas siglas pelas quais se elegeram.
Entre algumas das trocas especuladas, Vagner de Oliveira pode deixar o PSC para seguir para o PSB. Adriano Miranda e Rodrigo Mattos já oficializaram suas saídas do PHS. Ambos ainda estão “sem partido”. O primeiro conversa com o PRTB e o segundo, com o Cidadania, que também pode ser o destino de Wagner França (PTB). O PSL pode receber a filiação de Luiz Otávio Coelho (Pardal, PTC) e André Mariano (PSC). Já Nilton Militão (PTC) tem acerto com o PSD. Hoje no MDB, Antônio Aguiar é sondado pelo DEM e Marlon Siqueira, pelos Progressistas. Por sua vez, o MDB pode abrigar José Fiorilo, hoje no PTC.