Os desdobramentos da mobilização de opositores do Governo do presidente Michel Temer (PMDB) ecoaram entre parlamentares da cidade. No olho do furacão, a deputada federal Margarida Salomão (PT) chegou a deixar a Câmara acompanhada de outros legisladores de oposição para se aproximar dos manifestantes. A petista lamentou a ação das forças de segurança, a qual classificou como repressiva e lamentou episódios de violência ocorridos dentro e fora do Congresso Nacional, reforçando o discurso pela saída de Temer e realização de eleições diretas defendidos pelos manifestantes.
“Estamos encerrando uma sessão de pancadaria por conta da fragilidade da direção da Casa. Tivemos um conflito entre parlamentares quase resolvido no tapa. Isto é péssimo. Não existe um parlamento em que as pessoas que dele participem não se respeitem. É violência do lado de fora e do lado de dentro. Estamos vivendo um momento de crise. O Brasil está acéfalo. São necessárias eleições para que possamos colocar o trem nos trilhos. Do jeito que está, o país está desgovernado e quem acaba atropelado são os trabalhadores e trabalhadores, os mais pobres e os mais frágeis”, afirmou em publicação divulgada nas redes sociais.
Favorável às reformas propostas, o deputado federal Marcus Pestana (PSDB) também fez uma manifestação pública pela internet. Por sua vez, o tucano condenou ações dos grupos que compareceram à Brasília e publicou fotos em que se destacam barricadas feitas de banheiros químicos e fogueiras atribuídas aos manifestantes. “São esses que querem tomar o poder? Isto é democracia para eles? As reformas necessárias despertam tanto ódio? O PT quer atear fogo no Brasil?” Já o deputado federal Júlio Delgado (PSB), que pode ser visto pelas imagens da TV Câmara no meio do tumulto no plenário, não se manifestou nas redes sociais até o fechamento desta edição.
Na Câmara Municipal
Durante a sessão ordinária na Câmara Municipal, alguns vereadores se mostraram preocupados com o decreto presidencial assinado por Temer que pretende manter forças do Exército nas ruas de Brasília até o próximo dia 31. “Há uma tentativa de se aprovar à força a reforma trabalhista. É um cenário preocupante. Este decreto atinge em cheio a democracia brasileira”, considerou o vereador Roberto Cupolillo (Betão, PT).
A preocupação foi compartilhada por Wanderson Castelar (PT) e Antônio Aguiar (PMDB). “É um ato da maior gravidade. O Golpe de 1964 teve uma mobilização similar a esta. A gente não sabe quais desdobramentos podem advir deste cenário. Mesmo (Temer) sendo do meu partido, não tem o meu apoio”, afirmou o peemedebista.
Por outro lado, Pardal censurou o comportamento de alguns manifestantes. “Sou favorável às manifestações. Mas ela têm que ter uma certa ordem. Temos que mostrar nossa indignação, mas com respeito.”