“Há quatro anos, sofri um processo eleitoral que até hoje se arrasta no TSE. Com esta indefinição, teria que disputar uma eleição sub judice e sem certeza do que se dará no TSE. Com esta indefinição, fica muito complicado ser o responsável por um projeto apoiado por várias pessoas. Seria uma irresponsabilidade muito grande seguir com uma candidatura nesta situação. Daí, chegamos a esta conclusão”, justificou o deputado. Márcio Santiago ainda lamentou a decisão do TRE publicada em 2015. “É um momento muito difícil de nosso Judiciário. Temos uma lei eleitoral com muita subjetividade. Fui condenado no TRE de Minas, em 2015, por ter participado de um culto evangélico. Sou evangélico há 38 anos. Sou cristão. Sempre participei destas atividades e não deixei de participar ao longo do meu mandato. Mas quero deixar bem claro que, durante meu mandato, trabalhei para todos os mineiros.” Sobre a candidatura da esposa, o parlamentar considera que Lêda poderá dar sequência a seu trabalho na ALMG. “Quem sempre me acompanhou e me deu suporte foi ela. É uma pessoa muito preparada, que está sempre ao lado do povo. É este perfil de político que a população quer. Ninguém mais apropriado para seguir o trabalho que estamos fazendo em todo o estado do que ela. É uma professora que leva a bandeira da educação”, defendeu.
Evento evangélico
O imbróglio jurídico que levou o deputado estadual Márcio Santiago, que, em 2014, foi eleito pelo PTB, a desistir de disputar as eleições de outubro foi motivado por duas ações movidas pelo ex-deputado federal e ex-jogador de futebol Marques Batista de Abreu (PTB), que terminou as eleições de 2014 como primeiro suplente da coligação, com 39.027 votos. O suposto abuso de poder político, de autoridade e religioso teria ocorrido às vésperas do pleito de 2014, quando Santiago participou de um evento religioso na Praça da Estação, em Belo Horizonte, em que teriam sido distribuídos materiais de sua candidatura. À época, informações do TRE afirmaram que, em determinado momento, o apóstolo Valdemiro – tio de Márcio Santiago -, pediu votos ao público presente, estimado entre 15 e 25 mil pessoas. O encontro religioso foi organizado pela Igreja Mundial do Poder de Deus, que promoveu ainda shows e fretou transportes para os fiéis. Além disso, ainda de acordo com o TRE, o encontro foi divulgado no site da igreja, redes sociais, busdoor, tendo sido transmitido ao vivo pela TV Mundial e via internet.
Na ocasião da decisão desfavorável do TRE, Márcio afirmou que iria recorrer e destacou ainda o caráter democrático de seu mandato, após ter sido eleito em 2014 com mais de 76 mil votos distribuídos em 830 das 852 cidades mineiras (foi lembrado em 97,4% dos municípios do estado). “Apesar de respeitar a Justiça, considero um desrespeito aos meus eleitores a decisão de cassar o mandato que me confiaram. Não se tratava de um evento político e, sim, de uma celebração religiosa. Não há como desconsiderar que muitos fiéis, pelo fato de me verem como um líder espiritual, podem ter manifestado individualmente sua opção política por mim. No entanto, esta manifestação independe das circunstâncias em que ocorreu”, justificou à época.
Só três deputados estaduais juiz-foranos tentarão renovar seus mandatos
O deputado estadual Márcio Santiago (PR) não será o único eleito com domicílio eleitoral em Juiz de Fora nas eleições de 2014 que não irá tentar renovar seu mandato e retornar à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a partir de 2019. Candidato à Prefeitura de Juiz de Fora nas eleições de 2016, quando obteve 6.259 votos e ficou na quinta colocação, o deputado estadual Lafayette Andrada (PRB) também não buscará a reeleição. Isto porque o parlamentar irá aproveitar brecha deixada pelo seu pai, o deputado federal Bonifácio Andrada (DEM), que também não tentará a reeleição e pode disputar o Senado. Assim, Lafayette deve se lançar candidato a deputado federal e tentar, pela primeira vez, um mandato no Congresso Nacional. Tal objetivo já foi ensaiado pelo parlamentar em pleitos passados, mas acabou postergado por decisões de Bonifácio.
A exemplo do que aconteceu com Márcio Santiago, a decisão de Lafayette de não disputar a reeleição abre espaço para um familiar tentar herdar o espólio eleitoral e, consequentemente, uma cadeira na ALMG. Enquanto Santiago vai apoiar a candidatura da esposa, o clã dos Andradas tentará manter sua voz no Poder Legislativo mineiro pela candidatura do ex-prefeito de Barbacena, Antônio Andrada (DEM), a deputado estadual. Antônio é irmão de Lafayette e filho de Bonifácio.
Assim, dos cinco deputados estaduais eleitos em 2014 com domicílio eleitoral em Juiz de Fora, três devem ter suas candidaturas confirmadas: Antônio Jorge (PPS), Isauro Calais (MDB) e Noraldino Júnior (PSC). Outros detentores de mandato na cidade também devem tentar uma cadeira na ALMG a partir do ano que vem. É o caso dos vereadores Adriano Miranda (PHS), Cido Reis (PSB), Roberto Cupolillo (Betão, PT) e Sheila Oliveira (PSL). Também na Câmara, Charlles Oliveira (PSL) e Rodrigo Mattos (PHS) serão candidatos a deputado federal e buscarão uma vaga na Câmara dos Deputados.
Ex-prefeito
Outro nome que pode aparecer na disputa por uma cadeira na ALMG é o do ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB), que, em abril, renunciou a seu mandato na Prefeitura de Juiz de Fora para disputar as eleições de outubro. Inicialmente, Bruno almejava se lançar candidato ao Senado, mas tal projeto pode ser comprometido pelas articulações do MDB, que ainda não definiu seu futuro sobre uma candidatura própria ao Governo ou pela composição com outras siglas. Uma especulação, por exemplo, aponta que o partido pode optar pela reedição da dobradinha com PT, que, em 2014, elegeu o governador Fernando Pimentel (PT).
Nos bastidores da política local, ganha força a tese de que, com a indefinição emedebista, o ex-prefeito deve se lançar como candidato a deputado estadual. Caso tal expectativa se confirme, Bruno pode remontar um cenário de seis anos atrás. Em 2012, ele interrompeu seu primeiro mandato na ALMG para disputar e vencer as eleições para prefeito de Juiz de Fora – ele se reelegeu em 2017. Este ano, há a possibilidade de que o emedebista faça o caminho inverso, após renunciar o Poder Executivo juiz-forano.