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Com Tribuna de Minas, Juracy cria espaço de discussão

com Itamar Franco Roberto Fulgêncio destacada
com Itamar Franco Roberto Fulgêncio
Ex-presidente Itamar Franco e Juracy, em encontro na Tribuna de Minas, em 2006 (Foto: Roberto Fulgêncio/Arquivo TM)
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O tino empreendedor de Juracy Neves resultou em reflexos também no cenário político de Juiz de Fora nas últimas quatro décadas. Estabelecida desde 1981, a Tribuna de Minas se coloca como principal espaço de discussão pública da cidade, amplificada pela atuação dos demais veículos do Grupo Solar de Comunicação, do qual Juracy foi diretor-presidente. Um bom e recente exemplo disso é o fato de, em parceria com a Rádio CBN Juiz de Fora, a Tribuna ter sido o único veículo de comunicação do Município a realizar um debate com a presença dos 11 candidatos à Prefeitura de Juiz de Fora no primeiro turno das eleições municipais realizadas em novembro.

A contribuição de Juracy para o cenário político da cidade foi reconhecida por muitos dos atores políticos da cidade. Vários deles externaram consternação pelo falecimento do empresário. Desde a fundação da Tribuna em 1981, Juiz de Fora teve seis prefeitos e todos manifestaram seus pesares por conta da notícia que abalou a cidade nesta terça-feira. Às vésperas de assumir o comando da cidade, a prefeita eleita Margarida Salomão (PT) também tornou público os seus sentimentos.

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“Um homem que deixa na história de Juiz de Fora a marca da sua presença visionária, do seu desejo de desenvolvimento da cidade e da região”, afirmou Margarida. Atual ocupante do cargo, o prefeito Antônio Almas (PSDB) também lamentou a fatalidade. “Juiz de Fora perde um homem excepcional, um homem de muita coragem, um homem realizador. Juracy Neves foi pioneiro e visionário em muitas áreas. Realizou uma obra única”, disse, antes de acrescentar que “seu legado para a nossa cidade é imensurável”.

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Juracy, com o ex-prefeito Custódio Mattos, em 2004 (Foto: Roberto Fulgêncio/Arquivo TM)

Titular da cadeira de prefeito por 14 anos nas últimas quatro décadas, Tarcísio Delgado foi às redes sociais manifestar homenagens a Juracy. “Foi um baluarte”, sintetizou. Também ex-prefeito, Custódio Mattos (Cidadania) ressaltou que Juracy “foi uma pessoa multiplamente admirável”. “Inteligência superior, empreendedor dinâmico, um líder com ideias inovadoras e vocação para o coletivo e preocupação social”.

Também ex-prefeito, Bruno Siqueira (MDB) foi outro a lamentar a morte de Juracy, a quem considerava um amigo. “Dr. Juracy sempre foi um exemplo de homem honesto, empreendedor e visionário que inspirava a todos. Posso ter certeza de que ele vai descansar em paz, porém suas obras, empreendimentos e atitudes ficarão marcadas na história de nossa cidade.” O ex-prefeito Carlos Alberto Bejani (PSL) também prestou condolências públicas. “Quando estava prefeito, por várias vezes, recorria a esse nobre ser humano para ser orientado. Muito triste! Deus receba com os braços abertos.”

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Em 2013, Juracy recebe o então prefeito Bruno Siqueira (Foto: Roberto Fulgêncio/Arquivo TM)

Convivência de longa data

Também com forte ligação com a comunicação da cidade, o ex-prefeito José Eduardo Araújo lembrou uma convivência de longa data com Juracy Neves. “É uma amizade ainda da minha adolescência”, lembrando de, aos 13 anos, ter ido na formatura de Juracy em Medicina, a primeira do curso na cidade. “Foi um pioneiro. Trouxe do Rio de Janeiro para Juiz de Fora a primeira bomba de cobalto para tratamento de câncer. Em Minas Gerais, ainda não tínhamos isso”, rememora, lembrando os primeiros passos que resultaram no primeiro hospital oncológico da cidade.

José Eduardo ainda lembrou as experiências do Juracy Neves na construção civil. “Com a Solar Empreendimentos, fez bairros em Juiz de Fora. Fez também o edifício que tem a primeira escada rolante de Juiz de Fora, hoje conhecida como Galeria do Zé Kodac”. “Isso tudo mostra seu tino empreendedor. Ele nunca parava”, ressaltou.
“A gente perde um grande nome e um grande homem. É muito triste falar dessa morte. Ele salvou praticamente a comunicação da cidade. Os Diários Associados estavam falidos na cidade e queriam que ele assumisse o Diário Mercantil. Mas, ele com uma visão muito grande, assumiu a PRB-3 e dali surgiu a Tribuna e a Solar FM”, relembra o ex-prefeito.

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Em 2013, Juracy e a deputada federal Margarida Salomão, hoje prefeita eleita (Foto: Roberto Fulgêncio/Arquivo TM)

Experiência eleitoral

O respeito amplo manifestado por aqueles que comandaram a cidade nas últimas quatro décadas também se reflete em outras figuras políticas da cidade. Nesta terça-feira, vereadores e ex-vereadores; deputados e ex-deputados, além de atores diversos prestaram condolências pelo falecimento de Juracy Neves.
A relação com a discussão pública de Juiz de Fora era uma constante. Muitos viam em Juracy uma fonte inesgotável de conselhos de inspiração. Ao longo de sua trajetória, o empresário também viveu experiências e encontros com figuras políticas de abrangência estadual e nacional, registrando contatos com o ex-prefeito, ex-governador e ex-presidente da República, Itamar Franco; com o vice-presidente José Alencar; e com o governador Newton Cardoso, entre outros.

O prefeito Tarcísio Delgado ao lado de Juracy (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)

Nos casos dos ex-prefeitos, Tarcísio Delgado e Custódio Mattos, o reconhecimento público das contribuições de Juracy Neves para o desenvolvimento de Juiz de Fora nas últimas décadas é amplificado, uma vez que Tarcísio, Custódio e Juraci já estiveram em lados opostos, na disputa pela Prefeitura que marcou as eleições municipais de 1992.

Na ocasião, Juracy foi candidato pela coligação “Juiz de Fora acima de tudo”, que, à época, reuniu partidos políticos como o PDS, PTB, PDC e PFL. No dia do primeiro turno, destacou que as eleições lhe deram a oportunidade de conhecer ainda mais a cidade. “Passei a conhecer uma Juiz de Fora mais sofrida, a Juiz de Fora da dor”, disse, após ter tido a oportunidade de se aprofundar nos dramas da periferia do município.

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A disputa naquele ano, trazia nomes já experimentados. Tarcísio tentava retornar à Prefeitura e chegou como um dos favoritos para a disputa, em que acabou derrotado por Custódio no segundo turno. O bom desempenho do peemedebista e do tucano nas urnas acabou alijando Juracy do segundo turno, e o empresário ficou pelo caminho ao lado de Paulo Delgado, Antônio Zaidan, Silvio Abreu Júnior e Vitorino Fernandes.

Inauguração da nova sede do Grupo Solar, com a presença do então governador, Newton Cardoso (Foto: Roberto Fulgêncio/Arquivo TM)

Só com educação haverá mudanças’

Juracy e o vice-presidente José Alencar (Foto: Roberto Fulgêncio/Arquivo TM)

No livro o “O homem da planície”, Juracy Neves comentou sobre sua experiência eleitoral em entrevista concedida a seu biógrafo, o editor geral da Tribuna, Paulo Cesar Magella. “Quando fui estimulado a ser candidato, estava na Santa Casa, como provedor, que foi uma experiência muito boa, pois fui capaz de mostrar à cidade que sabia administrar. Quando estava terminando meu mandato lá, aceitei o estímulo”, disse na ocasião. Desta forma, Juracy revelou certa decepção com o modo em que deram as disputas eleitorais daquele e de outros anos.

“Acredito que o prefeito é administrador da cidade, porém nosso modelo está equivocado. O prefeito eleito não administra, pois nem sempre tem competência. Ele deve ser apenas o agente político. A cidade deveria ter administrador de carreira com capacidade de fazer planejamento de longo prazo a fim de não comprometer as ações nas mudanças de Governo. Queria fazer isso em Juiz de Fora, mas o povo não pensava assim. Nem os partidos. Mas foi uma experiência boa, pois conheci a mentalidade do ‘me faz um favor’. Só queriam algo em troca. Se fosse eleito, não daria certo, porque o eleitor está convencido de que, ao eleger o candidato, ele tem algo em troca. O voto é comprado. Só com educação haverá mudanças”, considerou na ocasião.

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