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Marcio Lacerda retira candidatura ao governo

marcio lacerda by marcelo ribeiro2
marcio lacerda by marcelo ribeiro
Foto: Marcelo Ribeiro
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Marcio Lacerda anunciou a retirada de sua candidatura ao Governo de Minas no início da tarde desta terça-feira (21). O ex-prefeito de Belo Horizonte informou a decisão por meio de carta, na qual também divulga a sua saída do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Segundo ele, a aliança do partido com o PT foi o motivo pela sua desistência. No texto, ele afirma que “a cúpula do PSB e do PT conspiraram para retirar a minha candidatura a governador de Minas Gerais, impedindo a desvinculação definitiva do tradicional papel de braço do PT, desempenhado pelo PSB.”

O mérito da deliberação do Congresso Nacional do PSB em anular a convenção estadual do partido seria julgado na noite desta terça, Tribunal Superior Eleitoral (TSE); conforme o ex-prefeito de Belo Horizonte, ” a impossibilidade do julgamento definitivo do assunto, desenhada nos últimos dias no âmbito da Justiça Eleitoral, conduz esta insegurança jurídica até a véspera do 1° turno, o me leva a retirar minha candidatura”. Lacerda atribui, ainda, aos “representantes da velha política” a impedição de sua candidatura, política esta “que ainda impera no Brasil. (…) Não podemos mais deixar que acordos e conchavos de gabinete predominem sobre a vontade popular”.

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Em resposta à carta divulgada por Lacerda, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, contestou o ex-prefeito de Belo Horizonte. “Inicialmente, Marcio Lacerda não compreende que política é uma atividade que se exerce por meio de construções coletivas. (…) diálogo não é conchavo; construir candidaturas viáveis não equivale a fazer má política; ouvir o conjunto de forças envolvidas não representa caudilhismo.” Siqueira informa ainda que Lacerda chegou a desistir da candidatura por meio de carta direcionada à presidência nacional da legenda e que outras alternativas eleitorais ao ex-prefeito foram buscadas após o acordo nacional com o PT. Para Siqueira, “a atitude confere com o estilo: um político inseguro, vacilante, indeciso, que faz política sem qualquer consideração ao esteio de relações que ela implica”.

Leia, na íntegra, a carta de Carlos Siqueira, intitulada “A política é sempre uma construção coletiva”:

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O senhor Marcio Lacerda fez chegar à imprensa uma carta, em que credita a “conchavos de gabinete” e à “velha política” a retirada de sua candidatura ao governo do Estado de Minas Gerais.

O motivo imediato, contudo, está longe de se encontrar no que foi alegado: a desistência se dá como consequência natural da derrota certa que encontraria na Justiça Eleitoral, mobilizada por ele na tentativa de anular as deliberações do Congresso Nacional Eleitoral do PSB, que ocorreu no dia 5 de agosto de 2018.

O contexto geral, por outro lado, explica os motivos pelos quais a candidatura ou qualquer outra alternativa se tornaram inviáveis.

Inicialmente, Márcio Lacerda não compreende que política é uma atividade que se exerce por meio de construções coletivas. Ou seja, diálogo não é conchavo; construir candidaturas viáveis não equivale a fazer má política; ouvir o conjunto de forças envolvidas não representa caudilhismo.

Por outro lado, a vontade — grandeza essencial a qualquer ator político que se queira relevante — não é afirmação autoritária e irresponsável de uma postulação.

Vejamos: Marcio Lacerda foi informado, em primeira hora, sobre o andamento das articulações do PSB Nacional relacionadas a Minas Gerais. Desde sempre, houve a preocupação de encontrar, para ele, até ali merecedor de tal deferência, uma posição compatível com sua trajetória política.

Já nesse ponto se apresentou a surpresa: um candidato que havia declinado de sua própria candidatura, por meio de carta dirigida à presidência nacional do PSB, que afirmara a intenção de ir “cuidar de seus netos”, resolveu impor a todos, por meio da judicialização do processo, sua vontade individual.

A atitude confere com o estilo: um político inseguro, vacilante, indeciso, que faz política sem qualquer consideração ao esteio de relações que ela implica, afirma não raro, com seu autoritarismo, uma tentativa de superar as fragilidades que promove, ao cultivar um personalismo, de natureza obviamente antidemocrática.

Se os brasileiros, especialmente aqueles de Minas Gerais, quiserem formar um juízo mais acurado sobre o quilate desse binômio personalismo/autoritarismo, basta recordar o que ocorreu na sucessão do próprio Márcio Lacerda, na prefeitura de Belo Horizonte.

Ele anunciou, pela imprensa, a retirada da candidatura do executivo Paulo Brant para, na sequência, emprestar seu apoio ao candidato do PSD, que mereceu míseros 3% de votos, quando as urnas se fecharam.

É certo, em meio a uma crise tão severa como a atual, que a população do grande Estado das Minas Gerais merece mais razoabilidade e respeito do que se pode esperar de alguém tão claudicante.

Carlos Siqueira
Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro – PSB

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