Em coro à manifestação que tomou as ruas de quase 40 cidades em todo o país, lideranças políticas, sindicais e representantes de movimentos sociais se mobilizaram, no fim da tarde desta quinta-feira (20), em defesa da democracia, contra as articulações para um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O consenso em torno da legitimidade do mandato da petista uniu inclusive grupos divergentes em âmbito municipal, como PT e PMDB, incluindo também o PCdoB, todos eles aliados políticos nas esferas estadual e nacional.
Participaram do ato a deputada federal Margarida Salomão (PT) e os vereadores petistas Roberto Cupolillo (Betão) e Wanderson Castelar, que discursaram em favor do Governo e contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). Parte dos manifestantes também contestou a política de ajuste fiscal implantada pelo Governo. Ao todo, tanto a organização quanto a PM estimaram a participação de 500 pessoas.
[Relaciondas_post]Ao longo do trajeto, entre a Praça da Estação até o Parque Halfeld, a manifestação seguiu de forma pacífica, sendo acompanhada por populares. Em alguns pontos, pessoas contra o Governo Dilma chegaram a hostilizar os manifestantes, inclusive jogando água da janela de dois prédios. Ao se aproximarem do Cine-Theatro Central, um homem chegou a entrar em confronto verbal contra militantes. Os ânimos se acalmaram após a aproximação de policiais militares. Até o final, o ato seguiu sem confrontos, com faixas, bandeiras e gritos de ordem.
Margarida Salomão chegou ao ato pouco depois das 18h30, onde discursou pedindo pelo afastamento do presidente da Câmara, após a Procuradoria-Geral da República ter protocolado no Supremo Tribunal Federal denúncia contra Cunha. Ele é acusado de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema da Petrobras. Betão defendeu a implantação de uma reforma política através de uma constituinte com participação popular, criticando duramente o Congresso. Castelar, por sua vez, criticou a onda antipetista, a qual atribuiu a um processo de rejeição às conquistas do partido nos últimos anos.
Um dos principais articuladores do movimento, o presidente do diretório municipal do PT em Juiz de Fora, Giliard Tenório, avaliou como positiva a união entre as forças políticas. “O resultado eleitoral das eleições do ano passado motiva toda essa assanha, colocando a democracia em risco. O que está em jogo aqui não é só um governo, mas o próprio sistema democrático. A tentativa de lutar contra o golpe supera qualquer divergência local”, afirma, em referência à participação de partidários da administração Bruno Siqueira (PMDB).
Na mesma linha, o presidente do PMDB, Paulo Gutierrez reiterou o apoio ao mandato da presidente. “Temos bastante diálogo e consciência do que estamos fazendo. Somos contra a corrupção e a favor da punição. Mas neste momento, temos que lutar pela estabilidade financeira, pela governabilidade para que o país possa caminhar novamente no seu rumo. Quanto mais desordem, pior vai ficar”.
Contra terceirização
A manifestação pró-governo contou com a participação de trabalhadores, estudantes e feministas. Membro da União Nacional dos Estudantes (UNE), Mateus Coelho reforçou a necessidade de se preservar a vitória das urnas, sem que haja perda de direitos. “É preciso preservar a legitimidade do Governo, mas também avançar em questões como a democratização da mídia e reforma tributária”, disse. Já o presidente da CUT/Regional Zona da Mata, Watoíra Antônio, criticou a lei da terceirização e a chamada Agenda Brasil, proposta pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). “A terceirização é um golpe nos direitos do trabalhador. Não podemos aceitar que direitos conquistados com tanto esforço sejam prejudicados”, disse.