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Ex-secretário de Saúde em MG diz que foi vacinado para dar “bom exemplo”

carlos eduardo amaral by fernando
Ex-titular da Saúde em Minas disse que não houve fura-fila (Foto: Fernando Priamo)
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para apurar possíveis irregularidades na vacinação de servidores da Secretaria de Estado de Saúde contra a Covid-19 ouviu, nesta quinta-feira (20), o ex-secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. Segundo Amaral, ele próprio recebeu o imunizante como forma de exemplo para os funcionários da pasta que então comandava. As informações são do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, que afirma ainda que a fala do ex-secretário representa uma mudança em relação ao que o mesmo disse aos deputados estaduais no dia 10 de março deste ano. Amaral, contudo, afirmou que não houve irregularidades na aplicação das doses.

“O processo foi extremamente correto. Não tenho dúvidas de que isso será levado em consideração por esta CPI. Fizemos um processo exemplar. Não há vício ou nada diferente do que deveria ser feito. Não houve fura-fila”, afirmou o ex-secretário, em entrevista à imprensa da capital, agora, conforme publicação do jornal O Estado de Minas. A mesma publicação destacou que Amaral disse ter se vacinado para dar exemplo aos funcionários da Secretaria de Estado de Saúde (SES). “Para os servidores da Saúde, eu queria ser um bom exemplo. Gostaria que fosse interpretado dessa forma.”

As afirmações de Carlos Eduardo Amaral foram contestadas pelo presidente da CPI, o deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania), e também pelo relator da comissão, o deputado Cássio Soares (PSD). Eles questionaram sobre como a vacinação do então titular da pasta poderia servir como exemplo, visto que não foi dada publicidade ao fato de Amaral ter recebido a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no dia 19 de fevereiro deste ano.

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“Como o senhor ia influenciar se ninguém viu, ouviu ou não teve uma nota? A sua chefe de Comunicação disse que não houve nenhum pedido de Vossa Excelência para divulgar a vacinação para os públicos interno e externo. Como o senhor seria esse bom exemplo?”, questionou João Vítor, segundo O Estado de Minas.

Ao questionamento, Carlos Eduardo Amaral reforçou que queria dar exemplo a seus comandados. “Os servidores da Saúde sabiam que todos seriam vacinados seguindo o memorando. Quando chegou minha vez, fui vacinado e isso é um bom exemplo”. O ex-secretário reforçou ainda que, durante sua passagem pela pasta, a Secretaria de Estado de Saúde cumpriu à risca as determinações definidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Sobre o uso de doses da reserva técnica para a imunização dos servidores, o ex-secretário justificou que, com a chegada de novas remessas, essas doses deixavam de compor a reserva técnica e, assim, passaram a ficar disponíveis para a vacinação de acordo com critérios do PNI. “Quando nós iniciamos a vacinação nós já estávamos na quarta remessa, então tínhamos pelo menos três reservas técnicas expirando”, afirmou Carlos Eduardo Amaral, segundo O Tempo. Amaral ainda confirmou à CPI que recebeu a aplicação da primeira dose no dia 19 de fevereiro, mas disse que ainda não tomou a dose de reforço para a complementação vacinal.

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Ato simbólico de início de vacinação não tinha indicação técnica

Uma vez mais conforme publicado pelo jornal O Tempo, o ex-secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, informou à CPI que o secretário-geral de Minas Gerais, Mateus Simões, foi o responsável por determinar a realização de um ato simbólico de vacinação no Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, no dia 18 de janeiro, embora a posição técnica da SES fosse realizar o ato no Hospital Eduardo de Menezes para evitar o risco de perda de doses.

“Essa vacinação não foi vetada pela área técnica. Houve uma discussão. Nós tínhamos a orientação por parte da Secretaria de Comunicação do Governo e da Secretaria-geral que nós seguíssemos a data de vacinação, já que isso seria feito em todos os estados brasileiros […] Eu não me opus”, afirmou, de acordo com o informativo da capital.

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Em nota, Amaral contrapôs as afirmações veiculadas pela imprensa e disse que a decisão de fazer a vacinação em Confins foi dele. Assim, Simões foi responsável pela orientação quanto à data do evento. Também por meio de nota veiculada em O Tempo, o secretário Mateus Simões afirmou disse que, possivelmente, em sua fala na CPI, Amaral se referiu à atuação dele para que a vacinação ocorresse ainda no dia 18 de janeiro. “Essa era a recomendação, alinhada com todos os demais governos do país, e também com o Governo federal, no sentido de que a vacinação se iniciasse simbolicamente de forma imediata.”

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