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Cerca de cem famílias ocupam outra área em Goianá

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Um novo movimento social organizado na região fez sua primeira movimentação e ocupou uma área de cerca de 14 hectares na cidade de Goianá, na Zona da Mata, a cerca de 42 quilômetros de Juiz de Fora. Autointitulado Unidos pela Igualdade Social (Upis), o grupo de cem famílias, entre elas aproximadamente 30 crianças, estabeleceu-se no local na madrugada do último sábado (17), sob a alegação de que o terreno não possui um proprietário desde a morte do então titular das terras. Por outro lado, um produtor local defende que possui uma concessão informal de uso das terras e planeja pleitear na Justiça a reintegração de posse.

Cerca de 100 famílias ocupam propriedade em Goianá desde o último sábado (Foto: Divulgação/Unidos pela Igualdade Social)

Segundo a coordenadora do movimento, Fabiana Alvim, as instalações dos ocupantes já estão bastante adiantadas, “Estamos com nossa estrutura quase pronta, com cozinha, fogão de lenha e banheiros instalados. As famílias trabalham agora para terminar de erguer as barracas”, explica. Segundo ela, o grupo não recebeu qualquer tipo de represália nos últimos quatro dias. “Não sofremos qualquer tipo de questionamento até agora. Até porque a área não possui um proprietário, pois pertencia a um senhor que faleceu e não tinha parentes ou herdeiros”, justifica Fabiana.

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Por outro lado, o produtor Geraldo Célio Coutinho questiona a ocupação e alega que já trabalha nas terras há mais de 30 anos e tinha entendimento com o antigo proprietário para seguir no local. “Desde a morte do proprietário, continuo tomando conta da terra e tenho documentos comprovando que já havia adquirido uma parte da propriedade (de cerca de 6,5 hectares). As terras eram do senhor Antônio Loures, que faleceu há cerca de seis meses. Havia um entendimento com o proprietário de que ficaria com as terras. Só não chegou a ser registrado. Por isto, estou entrando como um pedido de reintegração de posse ainda esta semana”, afirma o produtor.

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Produtor local alega utilização de terras com produção de leite, milho e cana-de-açúcar (Foto: Geraldo Eraldo Célio Coutinho)

Geraldo Célio refuta ainda as alegações das famílias que ocuparam a propriedade de que as terras eram improdutivas. “Muito pelo contrário. Era uma área produtiva. Eu tinha acabado de fazer uma plantação de milho no local em que eles estão levantando suas barracas. Foi plantado na sexta-feira (16), e eles destruíram cerca de um hectare de plantio. É um pedaço de terra pequeno e que é todo aproveitado”, diz. Segundo o produtor, no local, eram exploradas atividades relacionadas à exploração de milho, cana-de-açúcar e gado de leite. “Continuo dando sequência ao trabalho que sempre foi uma ferramenta de meu próprio sustento. Sempre trabalhei naquelas terras”, resume.

Por outro lado, a coordenadora do Upis, minimiza um possível pedido de reintegração de posse por parte do produtor. “Não há uma reintegração de posse sem que haja, de fato, a posse do terreno. Estamos tranquilos que vamos seguir por aqui e estamos respaldados juridicamente. A área é improdutiva. O nosso intuito é de permanecer e buscar o direito à posse deste espaço”, considera Fabiana. Sobre o perfil das famílias, ela lembra que o movimento surgiu a partir do fim de outra ocupação na região, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas Fazendas Reunidas e encerrada no último dia 15 de janeiro, após decisão judicial. “São pessoas da região e muitos estavam no acampamento do MST e, após a reintegração de posse, foram transferidos para outra área que não ofereceu as mesmas condições, algo que fomentou a criação do Upis”.

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