Por iniciativa do próprio candidato, que iniciou a sabatina com uma espécie de desabafo, boa parte da entrevista abordou temas mais políticos. Sobre suas propostas para a Prefeitura, Wilson sinalizou que deve lançar uma novidade em seu plano de ações na próxima segunda-feira, sem, no entanto, dar detalhes sobre o projeto. Em uma das falas, porém, deu a entender que pode ser a criação de uma nova secretaria. Wilson também foi instado a falar sobre quais ações adotaria caso uma nova onda da pandemia do novo coronavírus incidisse nos primeiros meses de seu mandato. Nesse sentido, afirmou que seguiria as orientações de autoridades de saúde, porém, qualquer posicionamento não poderia ser dado agora, visto que ainda não foi eleito e não é possível fazer uma previsão sobre o cenário futuro. Raciocínio similar foi apresentado quando o candidato foi indagado sobre a retomada das aulas presenciais na rede municipal de educação, comprometidas pela pandemia.
Mesmo campo político
Perguntado sobre a decisão de manifestar neutralidade no segundo turno das eleições municipais de 2016, disputado entre o ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB) e Margarida, quando ficou na quarta colocação, Wilson afirmou que considera que tanto Bruno quanto a deputada federal ocupam o mesmo campo político na cidade, em referência a dobradinhas feitas entre o PT e o MDB no Governo federal e no Estado, após os dois partidos saírem vitoriosos nas eleições de 2010 e 2014. “Não me posicionei, pois tinha a certeza que as duas opções seriam ruins para Juiz de Fora, pois representavam a mesma opção.” Wilson revelou ainda ter votado em Bruno nas eleições de 2012, acreditando na renovação, mas diz ter se decepcionado, pois, segundo ele, o ex-prefeito seguiu o caminho dos “conchavos”.
Wilson trabalhou uma estratégia de tentar vincular as gestões do ex-prefeito Bruno Siqueira à candidatura de sua adversária, a despeito do contraponto feito pelos entrevistadores de que Bruno e Margarida foram adversários nos segundos turnos das eleições de 2012 e 2016 e de que a bancada do PT na Câmara fez oposição aos governos do emedebista. Para além da tentativa de vincular a campanha da adversária ao ex-prefeito, Wilson afirmou que Margarida é “uma boa deputada”. “Se ela sair, vai fazer falta. Ela manda dinheiro para Juiz de Fora, que eles não souberam usar.”
‘Sou administrador’
Wilson ressaltou sua biografia. “Sou administrador. Estou preparado.” O candidato ressaltou que é uma pessoa simples, dando como exemplo, o fato de não dirigir e não ter carro. “Sou uma pessoa normal. Sou simples. Mas eu venci. Ser rico não é defeito”, pontuou, ressaltando que sua empresa é uma geradora de empregos. O candidato se colocou como uma opção contra o sistema político tradicional. “Estou preparado para governar Juiz de Fora. Não vou terceirizar as funções do prefeito. Sei administrar e controlar as informações financeiras.”
Apoio de Ione
Wilson admitiu que se reuniu com Ione Barbosa na última quarta-feira para tratar de apoio. Na terça, Ione havia recebido Margarida e há a expectativa de que um posicionamento aconteça nesta sexta. O candidato revelou que já havia tido uma conversa com Ione em abril do ano passado. “Depois, os caminhos foram outros.” Wilson admitiu que pediu o apoio da delegada, que não teria solicitado qualquer contrapartida, como, por exemplo, apoio a um projeto político para as eleições de 2022. Assim, o candidato ainda aguarda uma decisão de Ione. “Não sei qual será o posicionamento político dela. Pedi seu voto como pessoa.”
Wilson afirmou que, durante a reunião com Ione, ele foi acompanhado pelo pastor Moisés Pereira Pinto, que é vinculado ao PSD. Assim, ele tentou traçar um paralelo entre sua candidatura e a do prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). “Deram chance para ele administrar, ele sabe administrar”. Ressaltou ainda que sua aliança partidária abarca os três senadores mineiros, Antonio Anastasia (PSD), Carlos Viana (PSD) e Rodrigo Pacheco (DEM). “Contato em Brasília está garantido.”
Nova secretaria?
O candidato do PSB disse ainda que pretende fazer um anúncio de um novo projeto que integrará seu pacote de ações a ser apreciado pelo eleitorado na próxima segunda-feira. “É algo que vou incluir em minhas diretrizes do plano de governo.” Em um determinado momento, porém, Wilson deixou transparecer que a nova proposição poderia passar pela revisão da máquina administrativa. “Eu ia iniciar esse assunto em 2022, pois vamos receber a Prefeitura com um grande deficit. Então, se eu falar que vou criar uma secretaria…” Questionado sobre qual secretaria, ele disse que o tema será tratado na próxima segunda.
Combate à pandemia
Questionado sobre o que faria como prefeito se enfrentasse um crescimento dos índices da pandemia do novo coronavírus como vemos nesse momento na cidade, Wilson não apontou um caminho específico, mas disse que a situação seria analisada com base na opinião de especialistas. “Administrar é cuidar dos problemas a cada dia. Estamos preparados para fazer o melhor que for possível, respeitando todas as medidas de proteção à saúde. Sobre a saúde, pergunto para os médicos. Na parte administrativa, eu tomo as decisões. Mas só vou tomar quando estiver lá”, disse.
Assim como disse sobre a saúde, Wilson também considerou que qualquer decisão sobre a retomada das aulas presenciais na rede municipal de educação. “Se eu for eleito, a partir de 1º de janeiro, será tomada a decisão mais sensata. Eu nem eleito fui. Qualquer coisa que falar disso é promessa. O que posso prometer é que vou governar da melhor maneira possível.”
Última cartada
Wilson ainda deixou no ar a possibilidade de esta ser sua última participação eleitoral em caso de revés nas urnas. “Estou preparado para ser prefeito e ela é deputada. No mais, se eu não ganhar, ninguém vai saber, pois não serei mais candidato. Sou candidato a prefeito de Juiz de Fora para ajudar o próximo. Não quero carreira política.”
Equipe de Governo
Wilson foi indagado uma vez mais sobre nomes que poderiam integrar um futuro governo do PSB e comentou sobre especulações que dão conta da indicação do pastor Moisés, o mesmo que participou da reunião do candidato com Ione, para o comando da Saúde. Uma vez mais, Wilson afirmou que não faz conchavos e que tais situações ainda não foram discutidas. “O pastor Moisés é um ótimo médico. O Antônio Aguiar (vereador reeleito pelo DEM) é um ótimo médico”, comentou, deixando as duas possibilidades no ar. O candidato reforçou que o coronel veterano da reserva Alexandre Nocelli (DEM), candidato a vice-prefeito em sua chapa, será responsável pela pasta da segurança pública.