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Vereadores dão suas versões sobre bate-boca

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Um bate-boca entre vereadores iniciado no fim da reunião ordinária desta quinta-feira (18) rompeu as barreiras da Câmara e foi parar em um Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) da Polícia Militar (PM). O imbróglio teve início com uma discussão político-partidária entre Wanderson Castelar (PT) e Sargento Mello (PTB), por posicionamentos distintos acerca da mais recente crise nacional que colocou o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador Aécio Neves (PSDB) sob graves denúncias. O embate ideológico, no entanto, virou troca de farpas pessoais, com acusações ásperas, que levaram o presidente Rodrigo Mattos (PSDB) a suspender a sessão, reiniciada minutos depois. Ao fim dos trabalhos, no entanto, a tensão retornou. Castelar questionou Rodrigo sobre pedido de palavra feito da bancada antes do fechamento da reunião. Os questionamentos seguiram até a sala reservada para os vereadores anexa ao plenário. No local, a vereadora Delegada Sheila Oliveira (PTC) utilizou o telefone celular para gravar o entrevero entre os dois parlamentares, o que gerou mal-estar no petista. Com os ânimos acirrados, a PM foi acionada e registrou uma ocorrência em que Castelar, Mello e Sheila aparecem como solicitantes.

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A Tribuna teve acesso ao Reds, que não traz maiores detalhes sobre a situação. O evento é descrito como “discussão entre vereadores durante a sessão no plenário da Câmara Municipal”. Os desdobramentos da rixa interna seguiram durante a reunião desta sexta-feira, quando os vereadores deram suas versões dos fatos. O primeiro a falar foi Mello, que escolheu o tom emotivo. “Me sinto envergonhado. Cada um tem sua parcela de culpa. Meu filho perguntou o motivo pelo qual fui chamado de corrupto. Isto me trouxe uma tristeza muito grande”, afirmou, alegando que Castelar havia o chamado de “corrupto”, o que o petista nega. Para tentar dissipar qualquer dúvida com relação a sua conduta, Mello afirmou que não possui sequer casa própria. “Se eu fosse aquilo que fui acusado, não moraria de aluguel”, afirmou para, em seguida, mostrar um carnê que seria das prestações de um automóvel. “O primeiro carro zero que comprei em minha vida. Se eu fosse um mau profissional, com certeza, os policiais militares que ajudaram a me eleger não teriam me colocado aqui. Peço a todos desculpas pela atitude que tomei ontem. Sou um ser humano. Vou tentar me policiar.”


Castelar subiu na tribuna logo em seguida, reforçando que não havia se referido ao colega de legislatura como corrupto. “Quando interferi em sua fala, ele perguntou se eu não gosto de policiais. Respondi que não gosto de polícia corrupta, polícia que agride, polícia que reprime, pois isto não faz parte do papel policial.” O petista, todavia, fez críticas à explicação do policial militar da reserva e insinuou que ele estaria fazendo papel de vítima. “Só tenho um patrimônio: a minha honra. Defendo minha honra com unhas e dentes. Estou aqui há oito anos e não acrescentei nada a meu patrimônio. Moro na mesma casa que quando criança”, afirmou, também em resposta a Mello.

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Em seguida, partiu para a ofensiva. “O senhor mandou colocar no boletim de ocorrência agravantes por resistência à prisão e desacato à autoridade. Foi o senhor que ajudou a redigir este boletim de ocorrência, embora o documento não leve o seu nome. O senhor insinuou que eu estava no Mergulhão fazendo algo de errado que não foi relatado no boletim de ocorrência. Gostaria que o senhor dissesse qual é este delito que o senhor insinua, pois das duas uma: ou o senhor prevaricou por não ter informado este delito ou está mentindo”, afirmou, lembrando o caso ocorrido em 2014. Na ocasião, Castelar foi abordado por policias militares após o veículo em que estava ter sofrido uma pane na Avenida Rio Branco. À época, Mello ainda estava na ativa.

Castelar ainda falou sobre o desentendimento com Sheila Oliveira, pelo fato de a vereadora ter gravado uma discussão entre o petista e o presidente da Casa em sala reservada aos parlamentares. “A delegada Sheila tirou o celular e começou a filmar nosso bate-boca. Uma atitude policialesca. Alguém precisa dizer que ela não é delegada aqui. Vocês querem transformar esta casa em uma delegacia de polícia.” A vereadora, contudo, preferiu não se manifestar sobre a polêmica e se disse com a consciência tranquila. “Vou me abster de comentar as colocações do nobre vereador Wanderson Castelar.” Segundo consta no Reds, Sheila admite a gravação com o objetivo de “resguardar a ação, visto que temia pela violação à integridade física das pessoas no local”.

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Esta não é a primeira vez que o petista manifesta o entendimento de que vereadores estreantes estariam levando para os debates internos da Câmara linhas de ações e percepções típicas das forças policiais e de seguranças. Tal crítica é feita, por exemplo, para a proposta de criação de comissão parlamentar de inquérito para apurar casos de violência envolvendo gangues e rivalidade de bairros observadas no município de Juiz de Fora. A chamada “CPI de Combate às Gangues” foi inicialmente proposta por Sheila, mas por questões regimentais só foi oficializada nesta sexta-feira, com a apresentação de um novo requerimento tendo a vereadora Ana Rossignoli (PMDB) como primeira signatária.

Comissão de Ética
Sobre o entrevero envolvendo os três vereadores, a assessoria da Câmara informou que a “Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da casa não age por ofício, mas somente por impulso, ou seja, as partes afetadas na discussão ou entidades e cidadãos precisam fazer formalmente a denúncia para a comissão apurar os fatos e tomar as devidas medidas nos termos regimentais”. O imbróglio, no entanto, pode ter mais desdobramentos, uma vez que, em suas falas, Castelar, Mello e Sheila admitem que podem buscar soluções em outras esferas de discussão.

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