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Vinte deputados e três vereadores trocaram de partido para viabilizar projeto eleitoral

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Na última sexta-feira (13), os partidos políticos oficializaram junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os dados referentes a seus filiados aptos a participarem das eleições de outubro deste ano. Para isto, os interessados deveriam ter seus registros efetuados até o último dia 7. Com os dados já disponíveis no sistema do TSE é possível observar uma movimentação muito grande nos últimos 30 dias que antecederam o fim do prazo. Ao todo, no estado, foram computadas 4.147 novas filiações entre os dias 6 de março – quando passou a valer uma janela partidária que permitia aos deputados trocarem de legendas sem ter seus mandatos ameaçados por infidelidade partidária – e o dia 7 de abril. Em Juiz de Fora, foram 120 novos registros. Em Minas, vinte deputados buscaram outros horizontes, sendo que dez parlamentares estaduais trocaram de sigla e dez federais também buscaram uma nova casa. Em Juiz de Fora, três vereadores também optaram por novas agremiações.

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Entre os deputados federais e estaduais que trocaram de legenda, apenas um deles tem domicílio eleitoral em Juiz de Fora. Trata-se de Lafayette Andrada, que disputou a Prefeitura de Juiz de Fora em 2016 pelo PSD e, agora, acertou sua chegada ao PRB para, provavelmente, tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Aliás, o clã político dos Andradas – núcleo tradicional da política do interior de Minas, com atuação em Juiz de Fora, Barbacena e Belo Horizonte – aproveitou a janela partidária para se movimentar em bloco. O pai, o deputado federal Bonifácio Andrada trocou o PSDB pelo DEM. Mesmo caminho seguido pelo irmão de Lafayette, o ex-prefeito de Barbacena, Antônio Andrada, saiu do PSB, assinou com o Democratas e é cotado para correr pela Assembleia. Por fim, o vereador de Belo Horizonte Doorgal Andrada, que é neto de Bonifácio e sobrinho de Lafayette e Antônio Andrada, deixou o PSD e seguiu para o PEN.

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Além de Lafayette, outros três deputados estaduais eleitos com domicílio eleitoral em Juiz de Fora e que devem tentar a reeleição seguiram nos mesmos partidos: Antônio Jorge (PPS), Isauro Calais (MDB) e Noraldino Júnior (PSC). Também parlamentar na Assembleia Legislativa, Márcio Santiago não se valeu da janela e permanece no PR, partido para o qual migrou após ter sido eleito pelo PTB. O mesmo cenário ocorre com a bancada de deputados federais da cidade, e Júlio Delgado (PSB), Marcus Pestana (PSDB) e Margarida Salomão (PT) devem tentar renovar seus mandatos pelas mesmas agremiações pelas quais disputaram as eleições em 2014.

Reconfiguração

As mudanças de partido atingiram 19% da bancada de 53 deputados federais que Minas Gerais tem no Congresso Nacional. Ao todo, foram dez trocas de parlamentares, que se valeram da brecha legal chamada “janela partidária”. Noves fora, o Democratas e o Podemos foram os partidos que mais ganharam com a janela e somaram dois parlamentares a suas hostes. No caso do DEM, o número de deputados federais na bancada mineira dobrou, passando de dois para quatro. Já o Podemos, que não tinha nenhuma cadeira por Minas, chegou a dois deputados. Na outra ponta, o PSB foi quem mais perdeu e passou de três para um mandato, ficando o juiz-forano Júlio Delgado como única voz da legenda entre a bancada mineira. O PT segue com o maior número de mandatos por Minas Gerais: oito.

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No caso das trocas na Assembleia Legislativa, o número de parlamentares que trocaram de sigla e se beneficiaram da janela partidária foi exatamente o mesmo: dez. Porém, com um maior número de cadeiras, as trocas foram menores em termos proporcionais. Dos 77 deputados estaduais mineiros, 13% buscaram uma nova casa a tempo de disputarem as eleições de outubro e sem colocar os seus mandatos em risco. O PSD foi a sigla que mais perdeu e viu sua bancada se reduzir de seis para quatro, após as saídas de Lafayette Andrada e Fábio Cherem, que foi para o PDT. Na outra ponta, o Podemos conseguiu ganhar três cadeiras – de Dirceu Ribeiro, Neilando Pimenta e Rosângela Reis, conseguindo assim ter representatividade na Casa. A maior bancada partidária segue sendo a do MDB, que tem 13 parlamentares na ALMG, seguida por PT, que tem nove, e PSDB, com oito.

Na Câmara

Em Juiz de Fora, as mudanças atingiram três mandatos na Câmara. O presidente da Casa, vereador Rodrigo Mattos, deixou o PSDB, partido do qual seu pai, o ex-prefeito Custódio Mattos (PSDB) é uma das principais vozes da região e pelo qual se elegeu por quatro vezes, e seguiu para o PHS. O ex-tucano deve tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados, seguindo assim os passos políticos de Custódio, que foi deputado federal por três mandatos. Também mudaram de sigla os vereadores Charlles Evangelista e Sheila Oliveira, que rumaram para o PHS e devem fazer dobradinha nas eleições, saindo, respectivamente, para deputado federal e deputada estadual. Charlles deixou o PP, enquanto Sheila saiu do PTC.

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Ao contrário dos deputados, os vereadores não tinham a prerrogativa da janela partidária a poderiam ter seus mandatos questionados pelos partidos que os elegeram nas eleições de 2016. Charlles e Sheila, porém, articularam internamente e conseguiram ser excluídos de seus partidos anteriores, o que impede um possível questionamento por infidelidade partidária. Oficialmente, a alegação é de que havia incompatibilidade entre os projetos eleitorais dos parlamentares e de suas antigas agremiações. Já Rodrigo não chegou a acertar sua saída das hostes tucanas de forma consensual. O presidente da Câmara, no entanto, tem se mostrado tranquilo acerca de seu mandato na Câmara e entende que há brechas no regimento interno do PSDB que lhe asseguram o rompimento sem riscos.

Com as mudanças, PSDB e PP deixaram de ter representatividade no Poder Legislativo de Juiz de Fora. Já o PSL, que não elegeu nenhum vereador em 2016, passa ter duas cadeiras. Com as trocas, o PTC deixou de ter a segunda maior bancada da Casa, passando de três para dois vereadores – sai Sheila, e ficam José Fiorilo e Luiz Otávio Coelho (Pardal). Com o ingresso de Rodrigo Mattos, que se junta a Adriano Miranda e Júlio Obama Jr., o PHS passa a ter o segundo maior número de vereadores: três. A maior bancada segue sendo a do MDB, que tem quatro legisladores municipais: Ana Rossignoli, Antônio Aguiar, Kennedy Ribeiro e Marlon Siqueira. Cabe lembrar que outros três vereadores que devem tentar uma vaga na Assembleia Legislativa – Adriano Miranda (PHS), Cido Reis (PSB) e Roberto Cupolillo (Betão, PT) – não trocaram de legenda.

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