Integrando as ações do primeiro dia da Semana Nacional do Trânsito, a Câmara realizou uma audiência pública na tarde desta segunda-feira (18), para debater ações de conscientização e problemas no trânsito de Juiz de Fora, em especial ações que tornem o ambiente urbano mais seguro para as pessoas com idade superior a 60 anos. Durante o encontro solicitado a partir de pedido da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos dos Idosos do Poder Legislativo, o secretário municipal de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, apresentou números de acidentes relacionados aos idosos. Do total de 1.908 vítimas registradas nos 7.779 acidentes ocorridos na cidade no ano passado, 11,5% eram idosos. Os números foram divulgados pela Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (Settra), com base em dados coletados junto a registros da Polícia Militar.
Neste sentido, o principal pleito dos presentes foi no sentido da adoção de ações contínuas de educação no trânsito voltadas para motoristas, motociclistas e pedestres. “As pessoas quando assumem a direção dos automóveis e das motocicletas se transformam. Esquecem que eles são também pedestres. Juiz de Fora é uma cidade bem sinalizada, que tem uma boa estrutura de transporte e trânsito. De quem é a culpa então? É dos pedestres ou dos motoristas e motociclistas? Esta culpa é compartilhada”, afirmou José Luiz Brito Bastos, especialistas em transporte e trânsito e em engenharia de transportes. Ele defendeu ainda que as ações de educação no trânsito tenham como foco as crianças. “Com elas, vamos mudar o comportamento das pessoas no trânsito.”
Para o presidente da Associação dos Aposentados, Antônio Amaral, o trânsito de Juiz de Fora está se tornando caótico. “Quem anda pelo centro da cidade vê as pessoas atravessarem de uma maneira indisciplinada. Não podemos culpar só os motoristas. Não podemos culpar só os pedestres. Não podemos só culpar o poder público. É preciso fazer uma discussão contínua”, defendeu. Ações de conscientização também foram pleiteadas pelo assistente social e gerontólogo do Departamento de Saúde do Idoso (DSI) da Secretaria de Saúde, José Anísio Pitico da Silva. “No trânsito, as pessoas têm que ter prioridade. A vida humana está acima de tudo. O trânsito não pode ser um impeditivo para que o idoso faça parte da cidade que ele ajudou a construir. Os idosos querem usufruir dos seus direitos como cidadãos.”
A vereadora Sheila Oliveira (PTC) falou na tribuna como delegada de trânsito da Polícia Civil, função que acumula de forma concomitante às atividades parlamentares. Ao citar que o trânsito brasileiro mata mais de 47 mil pessoas por ano no Brasil, Sheila comparou a situação à de guerras famosas na história mundial. “O que falta é educação. Este é o xis da questão. Hoje, recebo todas as ocorrências relacionadas ao trânsito. O número nos assusta. São cerca de mil veículos apreendidos por mês em Juiz de Fora. Isto é o que a fiscalização alcança”, pontuou, revelando problemas que vão desde a falta de licenciamento e de habilitação até estacionamento irregular.
Além dos números relacionados aos acidentes na cidade, o secretário de Transporte e Trânsito de Juiz de Fora apontou algumas ações que estão sendo praticadas pela pasta para incrementar a segurança no trânsito, como a criação de uma comissão técnica para analisar os dados referentes às ocorrências registradas no trânsito local e de uma escola pública virtual de educação para o trânsito, além de uma campanha publicitária que deve ser lançada até o final desta semana. Por fim, a presidente da Comissão do Idosos da Câmara, a vereadora Ana Rossignoli (PMDB) fez as considerações finais do debate e classificou a discussão como positiva.
Números alarmantes
Durante a audiência pública, os presentes citaram várias vezes matéria publicada pela Tribuna que apontou que Juiz de Fora é a segunda cidade do país na estatística de idosos vítimas de atropelamento no trânsito, apesar de ter a 37ª maior população e a 48ª maior frota de veículos emplacados (ver quadro). Com base em dados do Ministério da Saúde, o levantamento apontou que, entre janeiro a abril deste ano, 103 pessoas com mais de 60 anos deram entrada em hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS) depois de terem sido atingidas por veículos motorizados ou não-motorizados. O número aponta uma internação a cada 27 horas. Nesta estatística, o município está atrás apenas de São Paulo.