O ministro-chefe da Casa Civil, ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, fez na noite desta sexta-feira, 18, um discurso para a multidão que tomou a Avenida Paulista em São Paulo. Lula afirmou que perdeu “várias eleições”, mas em nenhum momento foi “para rua protestar contra quem ganhou”, destacando que “tem gente neste país que fala em democracia da boca para fora”.
“Faz um ano e três meses que eles (a oposição) estão atrapalhando a presidente Dilma a governar”, disse Lula. “Tentar antecipar eleições é um golpe contra a Dilma. Lutamos para conquistar a democracia e não vamos aceitar”, afirmou e, em seguida, entoou o grito de ordem “Não vai ter golpe” junto com os manifestantes. “Nós lutamos para derrubar o regime militar e não vamos aceitar golpe”, disse.
Lula afirmou que os manifestantes que estiveram na Paulista na noite dessa sexta-feira “são aqueles que produzem o pão de cada dia do brasileiro” e que “sabem o que é subir um degrau na vida”. “As pessoas que estão aqui sabem o que é para um jovem sem esperança fazer um curso técnico”, afirmou. Ao finalizar o discurso, Lula pediu para os manifestantes pró-governo não aceitarem provocações, a fim de evitar confrontos. “Tem gente que prega a violência contra nós todo dia”, disse.
Lula deixou o local cercado de seguranças. Também participaram do ato o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. Antes do discurso de Lula, Haddad afirmou que o ato não era em defesa de um governo, de um partido, de um homem ou de uma mulher. “É um ato em defesa da democracia, independentemente da sua orientação ideológica”, disse.
80 mil, 350 mil…
A manifestação contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Avenida Paulista reuniu, segundo a Polícia Militar, 80 mil pessoas no seu ápice, às 18h45. Segundo os organizadores, foram 350 mil.
O número é superior ao registrado em dezembro do ano passado: 50 mil pessoas, segundo a Secretaria de Segurança Pública paulista. A movimentação na Avenida Paulista, que no último domingo foi palco da maior manifestação já registrada em defesa do impedimento de Dilma, começou logo cedo nesta sexta (18), mais precisamente às 9h.
Nesse horário a Polícia Militar usou jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um pequeno grupo os manifestantes pró-impeachment que estava acampado em frente à sede Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) desde quarta-feira (16), quando Lula foi anunciado como ministro da Casa Civil. Com essa medida, a secretaria de Segurança Pública dissipou o temor de um confronto generalizado e cumpriu o acordo selado com os líderes da Frente Brasil Popular, que reúne entidades como CUT, UNE, CMP e MST e partidos de esquerda.
A Avenida começou a ser ocupada pelos manifestantes por volta das 15h. A sede da Fiesp, que nos últimos dias se tornou o ponto de encontro dos manifestantes antigoverno, recebeu reforço de segurança da PM, mas mesmo assim foi alvo de hostilidades. A entidade decidiu apagar o painel luminoso como a palavra “impeachment” que estava em funcionamento desde quarta-feira.
Os manifestantes, que ocuparam 11 quarteirões, revezaram palavras de ordem contra com o impeachment com críticas ao juiz Sérgio Moro, que coordena as investigações da Operação Lava Jato em primeira instância. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e os veículos de imprensa, com destaque para a Globo, também foram alvo dos militantes.
A manifestação, que dessa vez foi estática e teve seu epicentro em frente ao Masp, recebeu líderes partidários, sindicais e políticos como o prefeito Fernando Haddad (PT), Rui Falcão, presidente do PT, o ex-ministro Alexandre Padilha, o ex-senador Eduardo Suplicy e vários parlamentares. Em sua fala, Falcão chamou Lula de “ministro da esperança” e condenou o que chamou de “golpe”. Esse aliás, foi o mote central do ato: “não vai ter golpe”.