Além das pautas mais gerais e das pertinentes à Juiz de Fora, principal referência da região e origem de mais da metade dos integrantes da frente, os deputados oriundos das outras microrregiões defenderão também a inclusão de pautas relativas às áreas polarizadas por Muriaé, Viçosa e Ubá nas discussões. Wilson Batista lembra que é preciso negociações para que o novo Governo de Minas, desde janeiro comandado por Fernando Pimentel (PT), assuma compromissos com algumas obras já iniciadas em Muriaé e cidades vizinhas, principalmente na área de saúde. “(A microrregião) tem algumas obras em andamento que estão ameaçadas por conta da troca de governos. Temos que ficar muito atentos a isso. Em Dona Eusébia, por exemplo, há uma obra de uma unidade de saúde parada. Os custos previstos são de R$ 1 milhão, e R$ 300 mil já foram investidos. Temos que cobrar a continuidade, pois se trata de um espaço necessário, além de que os recursos investidos até aqui não podem ser desperdiçados.”
Ubá e Viçosa
Para a microrregião de Ubá, Dirceu Ribeiro, que já ocupou a Prefeitura do município em dois mandatos (1993-1996 e 2005-2008), defende investimentos na educação superior. “Tenho um envolvimento emotivo e social fincados em dois eixos de ação na microrregião de Ubá. Na educação, defendo a construção do Campus Universitário da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), projeto que já trabalho desde 2005, quando ainda era prefeito, e, na saúde, a implantação de um centro de alta complexidade em oncologia para atender dignamente os nossos pacientes acometidos por esta terrível enfermidade.”
Já no caso da microrregião de Viçosa, Roberto Andrade afirma que o potencial de conhecimento e tecnologia de ponta, latente na região pela presença da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e outras instituições de ensino, precisa do avanço das políticas públicas para ser melhor explorado. “Precisamos deixar nossa condição de meros exportadores de mão de obra qualificada e passar a reter esses profissionais em nossa região, dando incentivos aos empresários que queiram empreender aqui”, defende o parlamentar, que também promete lutar pela consolidação de um centro de convenções regional na cidade. “Hoje, temos uma infraestrutura adequada, com uma rede hoteleira que consegue hospedar milhares de visitantes. Viçosa e região já perderam muitos eventos, como congressos, encontros e workshops, por falta dessa estrutura.”
Requerimento
Um requerimento comunicando a criação da”Frente Parlamentar para o Desenvolvimento e Apoio da Zona da Mata” à presidência da ALMG foi redigido no último dia 6. “A Zona da Mata vem experimentando nos últimos anos declínio em sua economia, o que demanda uma especial atenção. Para que haja um debate mais focado nas carências e demandas desta mesorregião é que se funda a necessidade da criação desta Frente Parlamentar para Desenvolvimento e Apoio da Zona da Mata”, afirma o requerimento que leva o nome dos nove deputados estaduais eleitos pela região.
Pontos em comuns devem pautar trabalhos
Apesar de saírem em defesa das demandas de suas microrregiões, os três deputados de outras cidades que integram a frente parlamentar ouvidos pela Tribuna (a reportagem não conseguiu contato com Bráulio Braz, que estava em viagem durante a semana) reforçaram que pontos comuns a toda região devem pautar os trabalhos de força-tarefa. Além dos temas relacionados ao Aeroporto e à questão fiscal, os parlamentares reforçam outros pontos em comum. Roberto Andrade cobra a pavimentação de vias não asfaltadas que ligam cidades da região e permanecem sem asfaltamento. “Sem essa ligação, a indústria, o comércio e a agropecuária ficam prejudicados devido à dificuldade de escoar a produção. Já foram diversos os casos de grandes empresas que deixaram de ser instaladas na região por esse empecilho.” Da mesma forma, Wilson Batista destaca questões relacionadas à saúde, como o aprimoramento do Samu Regional.
Tratamento igualitário
Apesar de mostrar confiança nos trabalhos da frente, Wilson prevê que um tema específico, responsável por dificultar o desenvolvimento econômico da região, será espinhoso e de difícil equação. “A questão tributária na disputa com municípios de outros estados por investimentos é algo mais complicado. Talvez, mesmo com o esforço político, a gente não consiga avançar tanto neste sentido. Mesmo que o Governo atenda o pleito e faça alguns reajustes, acredito que só veremos os impactos disso a longo prazo.”
Com discurso similar, Dirceu Ribeiro considera os problemas da região inumeráveis e classifica a busca de um tratamento igualitário em relação a outras mesorregiões de Minas como prioridade. “Ao longo dos últimos tempos, estivemos afastados das grandes decisões político-administrativas do nosso estado. Nosso trabalho será no sentido de que a Zona da Mata mineira receba tratamento no mínimo equânime em relação às outras regiões.”