
Finalizando a série de entrevistas com os candidatos a reitor da UFJF, realizadas pela Tribuna em parceria com a rádio CBN, o candidato Rubens Oliveira, da chapa 2, falou ontem sobre a necessidade de se racionalizar gastos na universidade. Ele disse que a primeira medida de sua gestão seria a abertura do orçamento à comunidade para a definição de prioridades, tendo em vista o cenário econômico do país e as dificuldades de repasse do Governo federal. Acompanhado do candidato a vice pela chapa, Leonardo Carneiro, o ex-pró-reitor de Obras, Sustentabilidade e Sistemas de Informação também explicou como ocorreu o rompimento com o grupo do ex-reitor Henrique Duque, mantendo-se na ala dissidente que hoje permanece à frente da Reitoria da UFJF, capitaneada pelo vice-reitor Marcos Chein. O candidato também falou sobre apoio estudantil e a recepção das delegações estrangeiras na Faculdade de Educação Física.
“Vamos fazer uma ampla discussão com a comunidade a respeito do orçamento da universidade”
Rubens afirmou que sua primeira ação à frente da Reitoria será abrir o orçamento deste ano para que a própria comunidade possa definir as prioridades diante o cenário de restrições orçamentárias. Além disso, disse ser preciso gerar mecanismos de consulta para a tomada de decisões nos dois campi da UFJF, Juiz de Fora e Governador Valadares. “Temos que gerar um diálogo entre todas as unidades e órgãos colegiados que existem na UFJF e entre todos os segmentos: professores, servidores técnico-administrativos e estudantes.” Para isso, segundo ele, seriam adotados critérios de maior transparência, já que as decisões “não podem estar enquadradas dentro do gabinete”.
“A UFJF enfrenta um período muito difícil em relação aos repasses do Governo federal”
Tendo lidado diretamente com os cortes promovidos pelo ajuste fiscal do Governo federal em 2015, Rubens afirmou que a primeira medida será fazer o planejamento orçamentário. Ele disse que é preciso reforçar a ação política em Brasília, abrindo diálogo constante com o MEC, para ter condições de garantir recursos para a instituição. Além disso, alertou que será preciso negociar com fornecedores de forma transparente, alertando para atrasos. O candidato a vice Leonardo Carneiro disse que é preciso “repensar a universidade”, já que não existe mais a facilidade de recursos.
“Com a modernização, conseguiremos racionalizar os gastos”
Rubens explicou que a universidade chegou a implantar medidas para a redução de custos. Afirmou ainda que foi possível criar o sistema de webconferência, capaz de promover a conexão entre pesquisadores de diversas partes, inclusive auxiliando em bancas da pós-graduação e também na interlocução com o Campus de Governador Valadares. Rubens também citou o corte nos aluguéis de galpões que armazenavam bens estocados da universidade. Segundo ele, foi feito o “desfazimento e reaproveitamento dos bens”, com doações a escolas, entidades assistenciais e municípios, além dos leilões de sucata.
“Em um castelo não residem duas coroas”
O provérbio africano citado por Leonardo ilustra como se deu o processo de rompimento do grupo político do ex-reitor Henrique Duque dentro da gestão de Júlio Chebli, culminando com a renúncia deste em novembro. Rubens reforçou o caráter pessoal da desistência, mas disse que Chebli sofreu pressões de dois grupos que se formaram: um que desejava a mudança dos procedimentos de gestão e outro que oferecia resistências. Os candidatos lembraram que Duque se manteve presente por meses, mantendo duas estruturas de poder. E viram que era necessário acabar com a “política de balcão”, que vigorava inclusive em gestões anteriores ao ex-reitor. Rubens explicou que o processo se deu de forma reservada, sem publicações na imprensa, para tentar evitar uma pressão pela renúncia. Ele destacou o papel do vice-reitor Marcos Chein, à frente das exonerações e na condução da UFJF após a saída de Júlio.
“São várias obras paradas na execução. Mas os projetos estão sendo refeitos”
Sobre as obras inacabadas, o candidato afirmou que o andamento tem ocorrido de acordo com os repasses do MEC. Além disso, destacou que há erros em projetos, os quais estão sendo corrigidos antes da execução. Detalhou que a obra do HU está parada devido à interrupção do contrato pela empresa responsável, dada a falta de pagamento por mais de três meses. Segundo Rubens, há uma promessa de R$ 30 milhões para este ano, fruto de recursos da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e de emenda parlamentar. Sobre as prioridades, disse que foi diminuído o ritmo de obras externas e administrativas, como a nova Reitoria, com a priorização de construção de prédios acadêmicos. Adiantou que o planetário estará pronto até o início de fevereiro, e que a farmácia universitária, nos próximos meses.
“(É preciso) rever o projeto de Governador Valadares”
Sobre o Campus de Governador Valadares, Rubens afirmou que será preciso repensar o projeto de construção e garantir a cessão de áreas para atender os cursos já em andamento. O candidato explicou que deverá ser levada em conta a condição econômica do país, sendo importante definir o mínimo necessário para o funcionamento do campus, como RU, salas de aula, biblioteca e laboratórios.
“O apoio estudantil é bem mais amplo”
Tendo acompanhando a ocupação da Reitoria em maio de 2015, Rubens destacou a necessidade de dar continuidade às políticas de apoio com recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), incluindo o pagamento de bolsas, o RU e o transporte. Destacou que é preciso criar um núcleo de apoio pedagógico para levantar as dificuldades dos alunos desde o início do curso, diminuindo índices de evasão e garantindo a formatura. Leonardo citou a necessidade de reforçar o transporte dentro do campus, atendendo às unidades mais afastadas, principalmente nos cursos do noturno.
“A gente tem que adequar o Pró-Quali”
O candidato da chapa 2 destacou que pretende dar continuidade ao processo de qualificação de docentes e técnicos através do Pró-Quali.
“Não descarto que o ginásio fique pronto (para as Olimpíadas)”
Ao ser questionado sobre a recepção às delegações estrangeiras durante as Olimpíadas, Rubens não descartou a possibilidade de o novo ginásio da Faculdade de Educação Física ficar pronto, dependendo do repasse de recursos. Ele afirmou que há espaço para as delegações, sendo possível a utilização do “ginasinho”, que integra o Centro Olímpico. Sobre o time de vôlei da UFJF, disse que é simpático à iniciativa, mas que a UFJF deve ser responsável por gerir a equipe, mas procurando formas de financiamento externo.