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Juiz-foranos vão às ruas em eleições históricas

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Um dia que vale por quatro anos. Quatro anos, ao que tudo indica, de dificuldades, visto que a cidade ainda vive em meio à pandemia de Covid-19, que trouxe problemas nas redes de saúde, de educação e abalou a economia local, com efeitos nos cofres municipais que têm déficit fiscal estimado em R$ 150 milhões. Assim, neste domingo, 15 de novembro de 2020, 410.339 eleitores juiz-foranos estão habilitados para ir às urnas para escolher quem será o futuro prefeito ou a futura prefeita de Juiz de Fora. Também serão definidos os 19 nomes que irão ocupar a Câmara Municipal durante a legislatura 2021/2024. As eleições atuais são marcadas por ineditismos e marcas recordes, o que torna a disputa ainda mais imprevisível. Uma coisa, todavia, parece certa: a disputa pela Prefeitura não deve ser definida hoje, uma vez que todas as expectativas apontam que é grande a probabilidade de que há contenda avance para o segundo turno.

Desta maneira, a disputa terá números inéditos. O total de candidatos à Prefeitura é um recorde. São 11 nomes colocados como postulantes ao comando do Poder Executivo municipal. Os concorrentes são o pastor Aloízio Penido (PTC), o engenheiro Eduardo Lucas (DC), o servidor público federal Fernando Elioterio (PCdoB), a delegada licenciada da Polícia Civil Ione Barbosa (Republicanos), a professora Lorene Figueiredo (PSOL), o general da reserva Marco Felício (PRTB), o advogado Marcos Ribeiro (Rede), a deputada federal Margarida Salomão (PT), a deputada estadual Sheila Oliveira (PSL), a professora Victória Mello (PSTU) e o empresário Wilson Rezende (PSB).

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Fernando Eliotério (PCDOB) Foto: Fernando Priamo

Cinco mulheres buscam ser a primeira prefeita de Juiz de Fora

Observando todos os nomes colocados na disputa, outro recorde é o número de candidatas mulheres. Pela primeira vez na história, temos cinco candidaturas femininas na corrida pela Prefeitura. Cabe lembrar que o Poder Executivo juiz-forano nunca foi chefiado por uma mulher até aqui. Assim, Ione, Lorene, Margarida, Sheila ou Victória podem quebrar um tabu histórico caso alguma delas consigam se eleger prefeita.

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A primeira mulher a tentar chegar ao Poder Executivo municipal ao se lançar candidata foi exatamente Margarida, nas eleições de 2008. Em 2012, já eram duas candidatas: Margarida e Victória Mello. Em 2016, esse número subiu para três. Uma vez mais Margarida e Victória se colocaram na disputa, que também teve a servidora pública federal Maria Ângela que correu pela PSOL.

Adiamentos e cenário aberto

Após uma campanha atípica, cujo o início e as datas do primeiro e segundo turno chegaram a ser adiadas por conta da pandemia do novo coronavírus, os 11 candidatos chegam para o pleito com um cenário em aberto.

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Contudo, o atual desenho eleitoral aponta um certo favoritismo para que a deputada federal Margarida Salomão ocupe uma das vagas no segundo turno da disputa. Isso porque, em pesquisa realizada pelo Ibope e contratada pela TV Integração, Margarida apareceu à frente das intenções de voto sendo citada por 32% dos entrevistados em levantamento publicado na última terça-feira. Caso avance, de fato, para etapa plebiscitária do pleito, esta será a quarta vez em que a deputada federal chega um segundo turno de uma eleição municipal em Juiz de Fora. Em 2008, ela foi derrotada na fase final da disputa pelo ex-prefeito Custódio Mattos; e, em 2012 e 2016, superada por Bruno Siqueira

Com Margarida bem cotada para chegar ao segundo turno, segundo o Ibope, o mesmo levantamento mostra que três nomes brigam pela segunda vaga. No estudo divulgado na última terça, o empresário Wilson Rezato apareceu na segunda colocação com 21% das intenções de voto. A situação pode até parecer confortável, visto que as terceiras colocadas no recorte, a deputada estadual Sheila Oliveira e a delegada licenciada Ione Barbosa apareceram com 12% das intenções de voto na amostragem.

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Contudo, quando comparadas as pesquisas do Ibope publicada no dia 14 de outubro e a divulgada na última terça-feira, Wilson apresentou uma trajetória de queda passando de 29% no primeiro recorte, quando liderava o cenário eleitoral, para 21% no estudo publicado na última terça. No período de quase um mês, Sheila permaneceu estagnada e figurou na faixa dos 12% nos dois levantamentos. Do quarteto que parece brigar por uma das vaga no segundo turno, apenas Margarida e Ione traçaram trajetória ascendente entre uma pesquisa e outra. Margarida passou de 25% para 32%; e Ione saltou de 3% das intenções de voto para 12%.

Os demais sete candidatos integram um quarto bloco e buscam uma reviravolta no cenário para tentar se manter na disputa. Na pesquisa publicada pelo Ibope na última terça-feira, seis candidatos apareciam com apenas 1% das intenções de voto: Eduardo Lucas, Fernando Eleutério, Aloízio Penido, Marco Felício, Lorene Figueiredo e Marcos Ribeiro. Já Victória Mello não pontuou no recorte.

Tendências

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Os números da pesquisa, no entanto, mostram uma tendência e não, necessariamente, podem se confirmar nas urnas, uma vez que o levantamento foi feito há quase uma semana do processo eleitoral, e a movimentação entre os candidatos se mostrou uma constante em todo o período de campanha. Na última terça, segundo o Ibope, 21% do eleitorado ainda admitiam a possibilidade de mudar de opinião e votar em um outro candidato diferente daquele declarado durante o levantamento. Apesar do percentual não ser uma margem grande, tal contingente de eleitores é capaz, sim, de alterar o jogo eleitoral. Uma coisa, porém, é certa: o resultado final sobre os nomes que vão para o segundo turno será conhecido na noite deste domingo.

Com Almas fora, disputa não tem prefeito ou ex-prefeito pela primeira vez

Desde a redemocratização pela qual passou o Brasil em 1985, esta será a primeira disputa pelo Poder Executivo de Juiz de Fora em que um ex-prefeito não figura entre os candidatos. Outro fato inédito neste recorte é que, desde a instituição da possibilidade de reeleição de prefeitos, o que aconteceu a partir das eleições de 2000, esta é apenas a segunda vez em que o atual ocupante do posto reúne condições de tentar renovar seu mandato mas optar por ficar de fora.

Isto porque o prefeito Antônio Almas (PSDB) chegou a ensaiar uma candidatura. mas acabou desistindo de participar do processo eleitoral ainda em agosto deste ano. As alegações do tucano para abrir mão de seu direito de buscar mais um mandato se basearam em aspectos de cunho pessoal, como conversas com familiares e também o entendimento do próprio prefeito de que o atual ambiente de discussão pública não se mostrava saudável, visto agressões pessoais que se tornaram comuns nas redes sociais.

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Ainda com relação ao instituto da reeleição, que após a redemocratização foi validado a partir das eleições nacionais de 1998, o primeiro prefeito de Juiz de Fora a ter oportunidade de renovar seu mandato foi Tarcísio Delgado (PSB), nas eleições municipais de 2000. À época no PMDB (hoje MDB), Tarcísio acabou reeleito. Em 2008, o também ex-prefeito Carlos Alberto Bejani (PSL) poderia tentar a reeleição. Mas, qualquer intenção neste sentido acabou impedida pela renúncia de Bejani, naquele ano, após se ver envolvido em várias suspeitas de irregularidades no âmbito da Operação Pasárgada, que resultou inclusive na prisão do ex-prefeito. Sucessor de Bejani no comando da Prefeitura, José Eduardo Araújo (PR), também declinou da possibilidade de tentar a reeleição.

Já em 2012, a prerrogativa da reeleição cabia ao então prefeito Custódio Mattos (Cidadania), à época no PSDB. Custódio se lançou na disputa, mas acabou tendo um desempenho eleitoral abaixo de sua expectativa e ficou até fora do segundo turno, que teve como concorrentes o então deputado estadual Bruno Siqueira (MDB) e a deputada federal Margarida Salomão (PT). Bruno saiu vencedor da contenda e, em 2016, buscou mais um mandato nas urnas e uma vez mais bateu Margarida no segundo turno da disputa.

À exceção de Carlos Alberto Bejani, que renunciou ao mandato em esforço em vão para tentar evitar sua inelegibilidade, nenhum outro prefeito eleito para o cargo abriu mão de seu direito a tentar a reeleição. Estes foram os casos de Tarcísio em 2000, Custódio em 2012 e Bruno em 2016. Na outra ponta, nenhum dos vice-prefeitos alçados ao cargo de prefeito no meio do mandato colocaram seus nomes à prova nas urnas para tentar renovar seus mandatos.

Cidade deve ter partido estreante no comando da Prefeitura

Outro fator de ineditismo no atual processo eleitoral, que marca a disputa pela Prefeitura de Juiz de Fora, é o fato de que, entre todos os partidos que já ocuparam o Poder Executivo desde a redemocratização, apenas um lançou candidato à PJF este ano. Porém, neste caso específico, as pesquisas apontam poucas chances de vitória. Assim, a grande probabilidade é de que a cidade tenha uma legenda estreante no comando da Prefeitura.

Desde a década de 1980, o partido que mais fez prefeitos na cidade foi o MDB, com as eleições de Tarcísio Delgado em 1982, 1996 e 2018; e de Bruno Siqueira em 2012 e 2016. Na sequência, vem o PSDB que elegeu Custódio Mattos em 1992 e em 2008. Cabe lembrar que o PSDB retornou uma vez mais ao comando do Município em abril de 2018, após Bruno Siqueira renunciar a seu segundo mandato para tentar uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O afastamento de Bruno abriu espaço para a ascensão de Antônio Almas. Temos ainda os dois mandatos do ex-prefeito Carlos Alberto Bejani que no primeiro nas eleições de 1988 se elegeu pelo PJ em 2004 pelo PTB; e a breve passagem de José Eduardo Araújo pela Prefeitura pelo PR.

Atualmente, apenas um destes partidos tem candidatos a prefeito. No caso do MDB, do ex-prefeito Bruno Siqueira, o partido integra a coligação que dá suporte à candidatura da deputada estadual Sheila Oliveira. Também faz parte do grupo de Sheila o PTB, partido pelo qual Bejani se elegeu nas eleições de 2004, e que também esteve no projeto de Bruno Siqueira nas eleições de 2016. No caso do PSDB, a legenda faz parte da chapa que lançou Ione Barbosa como candidato a prefeita. Os tucanos, inclusive, indicaram o nome do vice-prefeito da composição, economista Rodrigo Gherardi. Já o PR, que comandou a PJF com José Eduardo Araújo, hoje se chama PL e apoia a candidatura de Wilson Rezato.

Por fim, o partido pelo qual o ex-prefeito do Carlos Alberto Bejani se elegeu em 1988, o PJ, mudou de nome em duas oportunidades desde sua criação em 1985. Em 1989, passou a adotar a sigla PRN – Partido da Reconstrução Nacional -, que, no mesmo ano, elegeu presidente Fernando Collor de Mello (PROS). Em 2000, o partido passou a se chamar Partido Trabalhista Cristão, o PTC, que lançou o pastor Aloizio Penido como candidato à prefeitura nas eleições deste ano. Penido, porém, apareceu com poucas chances de sucesso nas urnas nas pesquisas realizadas ao longo da atual campanha.

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