Dezenas de pessoas foram às ruas da região central de Juiz de Fora, na tarde deste domingo (14), em manifestação contra o fascismo, o racismo e contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os manifestantes também pediam a desmilitarização da Polícia Militar (PM) e o fim do genocídio da população negra, temas de mobilização nacional no país nas últimas semanas. O ato sairia às ruas inicialmente no último domingo (7), mas, na ocasião, fora cancelado pela organização.
O ato foi organizado por grupos políticos de esquerda, como a Juventude Revolução do Partido dos Trabalhadores (PT), a União da Juventude Socialista (UJS) do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a União da Juventude Socialista (UJC) do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Juventude do Partido Socialista dos Trabalhos Unificados (PSTU). A mobilização teve início com concentração na Praça Antônio Carlos por volta das 15h.
Participantes falaram para o público, e foi realizado um jogral em memória de João Pedro Matos Pinto, 14 anos, assassinado no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro, em 22 de maio; de Rafael Braga, único condenado devido aos protestos de junho de 2013; e da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março de 2018.
Em seguida, os manifestantes caminharam em direção à Praça da Estação sob os gritos de “Recua, fascista, recua, é o poder popular que está na rua”, “Fora, Bolsonaro”, entre outros. Após dez minutos de novas manifestações individuais, a mobilização subiu a Rua Halfeld, em direção ao Cine-Theatro Central. “Sem emprego e educação, eu não consigo respirar; no Governo Bolsonaro eu não consigo respirar”, entoavam, em alusão à frase “Eu não consigo respirar”, repetida, inúmeras vezes, pelo norte-americano George Floyd, 46 anos, antes de ser assassinado pela polícia em Minneapolis, Minnesota. O ato foi encerrado por volta das 16h30.
Reivindicações
Além de reivindicações antirracistas e antifascistas, os manifestantes protestaram contra o Governo Bolsonaro, sobretudo contra as políticas econômicas e sanitárias adotadas durante a pandemia do coronavírus. Contrários à Medida Provisória (MP) 936/2020, que reduz a jornada e os vencimentos de trabalhadores em até 70%, com contrapartida da União, os manifestantes ainda questionaram o atraso no pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, cuja intenção do Governo federal em reduzi-lo para R$ 300.
A MP 979/2020, editada por Bolsonaro na última quarta (10) – que autorizava o ministro da Educação, Abraham Weintraub, a nomear reitores de instituições federais de ensino em meio à pandemia de Covid-19 – também foi lembrada. No entanto, o documento já foi devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), ao Palácio do Planalto.
Entidades representativas como o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro/JF), a Associação dos Professores do Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes/JF), o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicação Postal, Telegráfica e Similares de Juiz de Fora e Região (Sintect/JFA), além da Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas) e Coletivo Vozes da Rua, apoiaram a manifestação.