Nesta quinta-feira (13), foi realizada a primeira reunião da Comissão Especial pela Igualdade Racial de Juiz de Fora. O encontro foi promovido pela Câmara Municipal às 14h, e contou com a participação de grupos, movimentos e coletivos negros, além de representantes da Câmara. O objetivo do grupo é ser referência na discussão de proposições acerca do tema, e, nesta primeira reunião, foi debatida a elaboração de um planejamento de ações do Legislativo para a promoção da igualdade racial na cidade.
O lançamento foi marcado para esta quinta em razão da celebração do Dia Nacional Contra o Racismo, em 13 de maio. A comissão é formada pelas vereadoras Laiz Perrut (PT), que é a presidente, Cida Oliveira (PT) e Tallia Sobral (PSOL), e também pelo parlamentar Nilton Militão (PSD). Na reunião desta tarde, que aconteceu pela plataforma Zoom, participaram também o presidente da Câmara, Juraci Scheffer (PT), e o parlamentar Maurício Delgado (DEM).
O presidente da Câmara iniciou a reunião destacando a importância da comissão. “Tenho certeza de que aqui será um espaço para discutirmos várias questões, entre elas o racismo estrutural e a morte da juventude negra. Espero que, no futuro, esta comissão se transforme em permanente”, afirmou Scheffer.
Já a presidente da Comissão, Laiz Perrut, afirmou que a intenção é abrir um espaço de trocas. “Aqui nós não falamos sozinhos. Este é um espaço aberto para os movimentos sociais, e nós queremos criar um canal de voz com a sociedade organizada, uma comissão participativa. A gente espera fazer um debate intersetorial, fortalecer conselhos, receber demandas, ouvir os movimentos”, disse.
Cida Oliveira destacou que o grupo pretende “construir resistência, lutar por uma sociedade mais justa e discutir com os grupos como podemos combater a discriminação e a desigualdade”. Em sua fala, a vereadora Tallia Sobral relembrou que a primeira reunião da comissão se deu em um dia simbólico em que “várias mobilizações acontecem pelo país em luta e luto pela chacina ocorrida em Jacarezinho, no Rio de Janeiro”. A parlamentar também destacou a importância da busca pelo espaço da população preta dentro da cidade. “O silenciamento pelo racismo estrutural tira essas pessoas dos espaços de construção. Por isso precisamos fazer uma caminhada bem próxima para que essa construção seja efetiva e coletiva”, completou.
‘Vidas Negras Importam’
Também nesta quinta, faixas com os dizeres “Vidas Negras Importam” foram estendidas na fachada do prédio da sede da Prefeitura de Juiz de Fora. A ação marca o combate ao racismo, em razão do dia 13 de maio. Em postagem nas redes sociais, a prefeita Margarida Salomão (PT) afirmou que a faixa assinala o óbvio e que a Prefeitura quer fazer muito em termos de políticas públicas. “Chega de violência, chega de discriminação. Pois como diz o mantra: ‘não basta não ser racista; é preciso praticar o antirracismo'”, afirmou a prefeita.
De acordo com Biel Rocha, secretário Especial dos Direitos Humanos (SEDH) da PJF, “o ato vem num momento em que observamos a chacina (em Jacarezinho) que ocorreu no Rio de Janeiro, onde pessoas foram assassinadas, a maioria negras e jovens. Foi uma forma que a Prefeitura viu de mostrar que vidas negras importam, e que a Administração como um todo é solidária e repudia todo o ato do genocídio, hoje, principalmente, da juventude negra. É um ato pela vida do povo negro brasileiro, que não quer bala, não quer genocídio, quer a vacina e a comida na mesa. Essa faixa abraçando o prédio é um sinal da Prefeitura para a cidade, do compromisso da sua gestão”, pontuou.